DEPUTADO DUARTE BECHIR (PMN)
Discurso
Parabeniza o ex-Governador Aécio Neves pelo recebimento do título de
"Brasileiro do Ano na Política", concedido pela Revista " Isto É ".
Comenta a proposta do Governo Federal de criar marco regulatório para os
meios de Comunicação.
Reunião
97ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 16ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 23/12/2010
Página 119, Coluna 3
Assunto HOMENAGEM. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. COMUNICAÇÃO. TELECOMUNICAÇÃO.
Legislatura 16ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 23/12/2010
Página 119, Coluna 3
Assunto HOMENAGEM. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. COMUNICAÇÃO. TELECOMUNICAÇÃO.
97ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª
LEGISLATURA, EM 16/12/2010
Palavras do Deputado Duarte Bechir
O Deputado Duarte Bechir* - Exmo. Sr. Presidente, Deputado Doutor
Viana, e Deputada Rosângela Reis, que neste instante retorna a
Presidência ao Deputado Doutor Viana, e minha gente querida de
todas as Minas Gerais, especialmente da nossa Campo Belo; antes de
iniciar o meu pronunciamento, também quero agradecer ao nosso
bondoso Deus todas as conquistas, e não somente as nossas, mas as
de todo o povo mineiro. Em especial, quero enviar um grande abraço
carinhoso ao nosso povo querido de Campo Belo.
Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, gostaria de
registrar, nessas primeiras palavras, a nossa saudação ao Senador
eleito, nosso ex-Governador Aécio Neves, que ontem recebeu da
revista "IstoÉ" o prêmio de Político do Ano. Choque de gestão,
dinamismo, austeridade e confiança junto aos mecanismos
internacionais fizeram com que Minas pudesse avançar mais que
todos os Estados da Federação nos últimos anos. Para todos nós,
mineiros, esse reconhecimento deve ser motivo de orgulho e
regozijo, pois, sem dúvida alguma, o Governador Aécio Neves
sintetiza hoje a expressão maior da alma mineira, sempre alerta na
defesa, firme e determinada, dos valores e dos sentimentos que
fazem de Minas trincheira intransponível em favor da liberdade.
Aliás, esse é o tema que quero abordar neste pronunciamento, Sr.
Presidente, buscando inspiração na frase lapidar de outro mineiro
que tanto nos orgulha, Tancredo Neves, avô de Aécio, que, num
momento decisivo da história nacional, soube conduzir com
sabedoria e discernimento a retomada da vida democrática em nosso
país e nos legou a seguinte convicção: "Liberdade é o outro nome
de Minas". A razão, Sr. Presidente, que nos leva a fazer essa
abordagem, ainda que de forma singela, é a mesma que já causava
apreensões a outro grande mineiro, Mílton Campos, que, fiel ao
compromisso democrático, chamou-nos a atenção para estarmos sempre
guarnecidos em nossas convicções libertárias, pois, dizia ele, "o
preço da liberdade é a eterna vigilância".
O que pensar, por exemplo, dessa sempre reiterada disposição do
atual governo federal - e que já se tornou compromisso da
Presidente eleita Dilma Rousseff - de fixar um marco regulatório e
impor limites à liberdade de imprensa, à mídia? Afinal, o que está
por trás dessa intenção? Qual é o propósito dessa medida?
Acredito, Sr. Presidente, que é hora de redobrarmos a vigilância.
Não é sem motivo que vozes eloquentes e influentes no governo
federal que se finda, e no que está prestes a se instalar, fazem a
defesa sistemática de um controle social da imprensa. Mas como
seria isso? Qual é o seu alcance? Não podemos simplesmente ignorar
as pretensões reveladas nos diversos documentos produzidos pelo
governo, bem como nas inúmeras declarações dadas pelo Presidente
Lula, que nos fazem considerar especialmente sobre a liberdade de
imprensa.
Ao refletir sobre o tema, Sr. Presidente, fui buscar, nas lições
de um grande jurista, Austregésilo de Athayde, um conceito modelar
que bem responde aos arroubos que ouvimos nos últimos tempos. Em
artigo que publicou em 1973, em plena ditadura militar, mas cuja
atualidade é impressionante, Athayde assim discorreu a propósito
da liberdade de imprensa: "O erro está em tomá-la como privilégio
dos jornalistas, quando, na verdade, é um direito do povo. Como
privilégio não seria aceitável; como direito ao pleno conhecimento
da verdade por parte de governantes e governados, é a primeira das
franquias democráticas". E finaliza: "Prefiro sempre, ao falar de
liberdade de imprensa, lembrar que ela serve mais aos homens de
governo do que ao povo, pois permite àqueles tomar conhecimento de
fatos que, em geral, os áulicos lhes sonegam. Onde ela não existe,
quem campeia livre é a mentira".
A intolerância, porém, que se tem revelado com a atuação da
imprensa livre, talvez se justifique exatamente pela intenção de
querer ocultar ou negar a verdade, querendo inverter a ordem das
coisas: o que é verdade querem desmoralizar como se fosse mentira,
e ao que é mentira dá-se o aspecto solene de verdade. Muitos
querem justificar tal controle como instrumento de combate aos
excessos cometidos. Porém, ainda que sejamos nós, homens públicos,
talvez, o alvo preferido desses eventuais excessos, é nosso dever
permanecer firmes na garantia dessa liberdade, pois não existe
democracia sem imprensa livre nem imprensa que atue livremente, a
não ser em uma democracia. Uma é garantia da outra e,
reciprocamente, não podem se desprezar.
Ao fazer, pois, essas considerações, na oportunidade em que também
saudamos o Governador Aécio Neves pelo prêmio conquistado,
queremos fazê-lo destinatário de nossas esperanças, de que será,
no Congresso Nacional, uma voz firme e decidida, a reverberar as
expressões mais altas do povo de Minas em favor de todas as
liberdades, de pensamento, de expressão, de crença, e cuja atuação
será marcada pela defesa intransigente de uma imprensa livre. De
nossa parte, Senador Aécio Neves, esteja certo de que não faltará
o apoio e a solidariedade nessa caminhada, que certamente será
empreendida sob a contínua inspiração de seu avô Tancredo Neves e
que levará sempre em conta a posição de Minas como ponto de
equilíbrio da Federação de que falava Afonso Arinos: "Minas é o
centro, e o centro não quer dizer imobilidade, porém peso,
densidade, nucleação, vigilância atenta, ação refletida, mas fatal
e decisiva". Com essa ação refletida e com a mesma vigilância,
estaremos permanentemente atentos para honrar a bandeira de Minas
e dizer que jamais ficaremos imobilizados quando estiver em risco
a liberdade em todas as suas expressões.
Com essas palavras, Sr. Presidente, e com a certeza do dever
cumprido, terminamos mais um ano de muitas conquistas. Amanhã,
quando ocorrer a diplomação, estaremos juntos com o ex-Governador
e Senador Aécio Neves, diplomando também o ex-Presidente e
Governador Itamar Franco, numa prova de que Minas continua unida,
buscando os ideais de liberdade, o seu crescimento e
desenvolvimento. Ao assumir amanhã a diplomação, aliás
rediplomação, pois o Governador Antonio Anastasia o foi há quatro
anos na qualidade de Vice, e agora como Governador, estará ele
dando aos mineiros a tranquilidade de que Minas continua no
caminho certo. E nós daqui, desta Casa, do Parlamento, numa só
corrente, torcemos para que a imprensa seja livre e para que Minas
continue a crescer, honrando tradições desse povo batalhador,
guerreiro, humilde e vitorioso. Assim encerro as minhas palavras,
agradecendo penhoradamente a V. Exa. a deferência e também aos que
puderam nos ouvir e ver pela TV Assembleia, reiterando os meus
votos de feliz Natal e um próspero ano novo. A todos o meu muito
obrigado, Sr. Presidente.
* - Sem revisão do orador.