DEPUTADA GLÁUCIA BRANDÃO (PPS), Autora do requerimento que deu origem à solenidade.
Discurso
Lançamento da Campanha "Laço branco: homens de Minas pelo fim da
violência contra as mulheres".
Reunião
43ª reunião ESPECIAL
Legislatura 16ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 10/12/2010
Página 56, Coluna 2
Assunto MULHER. SEGURANÇA PÚBLICA.
Legislatura 16ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 10/12/2010
Página 56, Coluna 2
Assunto MULHER. SEGURANÇA PÚBLICA.
43ª REUNIÃO ESPECIAL DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª
LEGISLATURA, EM 6/12/2010
Palavras da Deputada Gláucia Brandão
Exmo. Sr. Deputado Doutor Viana, meu querido amigo, Vice-
Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais,
neste ato representando o Deputado Alberto Pinto Coelho,
Presidente da Casa; Exma. Sra. Deputada Federal Jô Moraes; Exma.
Sra. Maria Ceres Pimenta Espíndola Castro, Subsecretária de
Direitos Humanos da Secretaria de Desenvolvimento Social,
representando a Secretária Ana Lúcia Almeida Gazzola; Exmo. Sr.
Vereador Anselmo José Domingos, representando a Vereadora Luzia
Ferreira, Presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte; Sra.
Eliana Piola, Coordenadora Estadual da Coordenadoria Especial de
Políticas para Mulheres da Secretaria de Desenvolvimento Social;
Sra. Carmen Rocha Dias, Presidente do Conselho Estadual da Mulher;
Exmo. Sr. Deputado Almir Paraca, representando a Comissão de
Direitos Humanos desta Casa; senhoras e senhores; telespectadores
da TV Assembleia, com o passar do tempo, muitas datas
comemorativas costumam perder o significado de sua origem. Fica o
dia, mas muitas pessoas não sabem o motivo daquela escolha. Por
exemplo, quem sabe por que o Dia Internacional da Mulher é
universalmente comemorado em 8 de março? Quem saberia dizer que
sua origem foi a revolta de trabalhadoras da indústria têxtil
contra as más condições de trabalho, ocorrida em Nova Iorque, em
8/3/1857?
A partir de 1977, a ONU adotou a data como o Dia Internacional da
Mulher. Desde então até os nossos dias, vitórias foram sendo
gradativamente conquistadas pelos movimentos feministas. As
mulheres, passo a passo, foram à luta e começaram a assumir
funções, que, tradicionalmente, estavam reservadas aos homens.
Conquistaram direitos, defenderam posições. Anos de incompreensões
foram vencidos com muita luta, muito esforço, mas, principalmente,
com competência para se fazer ouvir e respeitar. Mas restam muitas
batalhas a vencer. Com certeza, uma das mais urgentes é a luta
contra a violência doméstica, em relação à qual ainda há muito
pouco que comemorar. Estatísticas revelam números assombrosos
sobre as agressões contra mulheres, quase sempre praticadas por
seus maridos e companheiros de todas as condições sociais,
econômicas e culturais. Dessas agressões, sabe-se que apenas em
torno de 40% são denunciadas às autoridades, pois as vítimas temem
não apenas por suas vidas, mas também pelas represálias que seus
filhos e familiares possam sofrer.
Marco importante para mudar essa realidade foi a Lei Federal nº
11.340, de 7/8/2006, conhecida como Lei Maria da Penha. O nome
homenageia uma mulher vítima de graves agressões do marido,
durante vários anos, que ficou paraplégica. Essa lei promoveu
mudanças no Código Penal Brasileiro facilitando a punição dos
agressores de mulheres no ambiente doméstico ou familiar e tornou
mais rigorosas as penas para esse tipo de crime.
Hoje estamos aqui para o lançamento da campanha “Laço branco:
homens de Minas pelo fim da violência contra as mulheres”. A
campanha é uma promoção da Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Social - Sedese - e do Conselho Estadual da Mulher. Tanto o
Conselho quanto a Coordenadoria Especial de Políticas Públicas
para as Mulheres atuam bravamente na conquista e na implementação
de políticas públicas que efetivamente garantam os direitos das
mulheres.
Não poderia deixar de destacar o papel da Assembleia Legislativa
nessa luta contra todo e qualquer tipo de discriminação contra a
mulher e cuja parceria foi fundamental para a realização desta
reunião. Nossa gratidão à Mesa e a todos os colegas Deputados que
assinaram nosso requerimento. A campanha que hoje aqui está sendo
lançada dirige-se especialmente aos homens, para que se
comprometam a apoiar e a desenvolver ações que visem à promoção da
equidade de gênero. A conquista do apoio masculino é mais um passo
importante da caminhada feminina pela conquista e pelo
reconhecimento de seus direitos.
Como parlamentar atenta a questões ligadas à cidadania e aos
direitos sociais, coube-me, em nome da bancada feminina da
Assembleia, propor esta reunião especial para o lançamento da
campanha em Minas. Assumo - repito -, em nome de todas nós,
Deputadas, a iniciativa, com muita honra e com grande senso da
responsabilidade social que uma campanha desse tipo representa.
Por que o dia 6 de dezembro? Porque essa é outra data emblemática
do movimento em defesa dos direitos das mulheres. Em 6/12/89,
ocorreu um assassinato coletivo em uma sala de aula da Escola
Politécnica de Montreal, no Canadá. Um rapaz, enfurecido pelo
simples fato de não suportar a ideia de mulheres estudarem
engenharia - curso em que, tradicionalmente, predominavam os
homens -, invadiu a sala, retirou os homens do local e atirou nas
alunas presentes, matando 14 delas. A brutalidade do crime
assustou a opinião pública canadense e gerou amplo debate social
sobre a questão da desigualdade de gêneros. A indignação com essa
violência resultou no posicionamento de um grupo de homens que
decidiram demonstrar seu repúdio a essa mentalidade. Foi, então,
lançada a primeira campanha “Laço branco”.
Posteriormente, o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para
a Mulher - Unifem - elegeu o dia 6 de dezembro como o Dia
Internacional da Erradicação da Violência contra a Mulher. O
Unifem, em parceria com organizações de mulheres em vários países,
universalizou a campanha que, ao longo dos últimos 20 anos, vem
sendo ampliada com a realização de eventos e a publicação de
material informativo. É para o lançamento da campanha em Minas
Gerais que nos reunimos neste Plenário, neste momento altamente
significativo para todos nós. Daqui, esperamos que os homens
presentes saiam com um laço branco, que, mais que um símbolo,
representará o compromisso de cada um com um mundo em que homens e
mulheres não se vejam como oponentes.
É hora de homens e mulheres se unirem e lutarem juntos em prol da
dignidade da pessoa humana, sem distinção de classe, gênero,
etnia, cor, crença religiosa ou partido político. É tempo de
compreendermos que, acima de quaisquer diferenças, somos todos
irmãos em Deus e devemos nos amar e nos respeitar como irmãos.
Espero que, nesse Natal, Cristo, que nasceu em Belém, possa nascer
também em nossos corações, a fim de, irmanados no mesmo amor que
Ele ensinou, homens e mulheres se deem as mãos para construírem o
mundo com que todos sonham: um mundo de dignidade, respeito mútuo
e justiça. Espero que essa paz esteja em nossos corações e dirija
os nossos passos pelos anos vindouros. Um abraço a todos, muito
obrigada.