92ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª LEGISLATURA, EM 2/12/2010 Palavras da Deputada Gláucia Brandão Boa-tarde. É com imensa alegria e honra que estou representando o Presidente, Deputado Alberto Pinto Coelho, que não pôde estar aqui nesta tarde. Exma. Sra. Amanda Brant Costa, viúva do Dr. Milito; Exmos. Srs. Ségio Emílio, ex-Deputado e filho do Dr. Milito; Vereador Duílio de Castro, Presidente da Câmara Municipal de Sete Lagoas e Deputado Estadual eleito; Revmo. Pe. Dércio Márcio Magela Abreu; colega e amigo, nobre Deputado Doutor Ronaldo, é uma alegria tê-lo aqui nesta tarde; querido amigo Deputado Doutor Viana, autor do requerimento que deu origem a esta homenagem, referência nesta Casa pelo seu compromisso com a ética e o desenvolvimento do Estado de Minas Gerais, com quem tenho aprendido muito ao longo desses quatro anos; senhoras e senhores; Thomas Merton, um dos mais influentes pensadores do século XX, audacioso precursor do diálogo ecumênico entre cristãos, publicou um livro intitulado “Homem algum é uma ilha”. Para lembrar que todos dependemos uns dos outros, inspirou-se no texto do autor inglês John Donne, que, ainda no século XVI, sabiamente observou: “Todo homem é um fragmento do continente, uma parte do oceano. A morte de cada homem me enfraquece, porque sou parte da humanidade; assim, nunca perguntes por quem o sino dobra, ele dobra por ti”. Emílio de Vasconcelos Costa, ou Milito, como carinhosamente era conhecido em vida, cujo centenário de nascimento esta Casa hoje celebra, tornou-se, em sua Sete Lagoas, o nome de uma ilha. A pequena Ilha do Milito, que oferece a quem a procura sombra, árvores, lazer e uma bela vista do entorno da Lagoa Paulino, constitui apenas um de seus muitos legados à gente de sua terra. O homem que foi exemplo de solidariedade e é hoje, curiosamente, nome de uma ilha deu também, ora seu nome, ora seu apelido a avenidas, praças, escolas e ruas em diversas cidades mineiras e também a um estádio de futebol. Emílio de Vasconcelos Costa é o nome do estádio do Ideal Sport Club, pois o advogado e político foi também um entusiasmado esportista, tendo atuado na equipe de futebol do Democrata Futebol Clube. Um grande companheiro, cuja marca maior no trato social era a alegria, foi sobretudo um parlamentar e administrador público de primeira qualidade. Era filho do fazendeiro e tropeiro José Antônio Alves Costa, falecido precocemente aos 33 anos, e da costureira Maria José de Vasconcelos Costa, que, viúva, compelida a deixar a zona rural, criou a família unicamente com o trabalho de suas mãos na cidade de Sete Lagoas. Emílio também morreria jovem, com a idade de 47 anos, mas, tendo tempo para ser Prefeito e Deputado Estadual, executou uma série de obras que até hoje beneficiam tanto sua cidade quanto nosso Estado. Talvez nenhum outro político de sua geração ou das gerações posteriores tenha mostrado um espírito de iniciativa e uma capacidade de realização tão parecidos com os de Juscelino Kubitschek, de cujo governo, aliás, Milito foi Líder na Assembleia Legislativa. Exercendo três mandatos parlamentares, Emílio de Vasconcelos Costa foi constituinte em 1947, tendo presidido diversas comissões, além de conseguir que a ligação entre Sete Lagoas e Belo Horizonte fosse a primeira rodovia asfaltada da malha do Estado. Décadas antes do advento das práticas ambientalistas, impediu que a Gruta Rei do Mato fosse destruída por atividades de exploração mineradora, contribuindo para que ela se transformasse, por lei, numa área de proteção especial. No seu curtíssimo período como Prefeito Municipal, trouxe iluminação e água para os cidadãos de seu Município, além de ter transformado a Lagoa Paulino, na época um charco assoreado, no cartão de visitas da cidade, que hoje desfruta, em pleno centro, uma orla belamente arborizada. Pai do também ex-Prefeito e ex-Deputado Sérgio Emílio, pertenceu a uma geração de grandes políticos sete-lagoanos, como Renato Azeredo, Wilson Tanure e João Herculino. Ao falecer, depois de uma vida honrada e digna, embora breve, quase não deixou bens para seus descendentes, mas transmitiu-lhes o mais importante: um nome respeitado, imensamente querido e uma memória que não se apagará. A Ilha do Milito continuará abrigando, no futuro, pássaros e flores, acolhendo a gente da cidade ou o forasteiro, para que ali apreciem a serena poesia de um pôr do sol. Apenas um dos muitos presentes oferecidos aos outros pelo homem conhecido pelo dom inato de fazer amigos, ela perpetua a lembrança de um cidadão notável. Uma ilha, no coração de Sete Lagoas, não nos deixa esquecer que Emílio de Vasconcelos Costa fez parte do grande arquipélago representado pela humanidade, tendo cultivado o trabalho, a liberdade e a esperança. Parabéns aos familiares e a todos os demais presentes; enaltecemos a trajetória maravilhosa do Dr. Milito. Muito obrigada.