DEPUTADO DILZON MELO (PTB)
Discurso
Transcurso do 45º aniversário de fundação da Companhia de Habitação do
Estado de Minas Gerais - COHAB-MG.
Reunião
40ª reunião ESPECIAL
Legislatura 16ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 30/11/2010
Página 92, Coluna 3
Assunto CALENDÁRIO. HABITAÇÃO.
Legislatura 16ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 30/11/2010
Página 92, Coluna 3
Assunto CALENDÁRIO. HABITAÇÃO.
40ª REUNIÃO ESPECIAL DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª
LEGISLATURA, EM 25/11/2010
Palavras do Deputado Dilzon Melo
Boa noite a todas as senhoras e a todos os senhores, aos que aqui
vieram para conosco homenagear a Cohab. Nosso muito-obrigado pela
presença.
Em mão, tenho um discurso a ser lido, algo que não costumo fazer,
pois nunca em minha vida aprendi a fazer isso. Mas, como hoje é
uma homenagem toda especial, quero fazê-la também da mesma forma,
logicamente acrescentando a criatividade das coisas que às vezes
não conseguimos transferir para o papel.
Inicialmente saúdo o nosso Presidente da Assembleia em exercício,
Deputado Doutor Viana, companheiro de muitos e muitos mandatos que
dignificam este Plenário que ele dirige tão bem, aqui
representando o Presidente Deputado Alberto Pinto Coelho, hoje
nosso Vice-Governador. Saúdo também nosso querido Secretário, que
me substituiu com muita galhardia, peso e brilho, Sebastião
Navarro, homem ilibado de muitos mandatos, de conduta irreparável
e com muitos cargos exercidos no Estado de Minas Gerais, que
também nos honra e dignifica, principalmente no governo Aécio
Neves. Saúdo nosso amigo Mauro Brito, ex-Prefeito de Varginha e
hoje Presidente da Cohab, pelos méritos adquiridos, avanços,
“expertise” e iniciativa investidos na Cohab em um novo momento em
que lhe foi dada oportunidade. Saudações também ao meu amigo
Carlos Medeiros, Secretário Adjunto de Habitação, aqui
representando nosso companheiro Márcio Lacerda, que, a todo
momento, quando das convocações da Sedru e da própria Cohab, lá
estava discutindo, acrescentando, somando e, principalmente,
enriquecendo os debates. Belo Horizonte é, dentro desse contexto
de habitação, um peso sobre os ombros. E ele sabe bem disso, do
sacrifício que é solucionar esse problema.
Um dos mais persistentes problemas sociais brasileiros, presente
na grande maioria dos Municípios, em todas as regiões do País, é o
da habitação. Apesar dos esforços governamentais e dos programas
colocados em prática, um percentual expressivo da população ainda
não possui condições dignas de moradia. Esse problema se tornou
mais agudo e visível a partir de meados do século passado, como
consequência do processo irreversível de migração das pessoas do
campo para as cidades à procura de novas ocupações, de formação
profissional, de alternativas generalizadas de emprego e renda.
O fenômeno da urbanização, benéfico na criação de oportunidades,
teve como um de seus aspectos negativos a ocupação desordenada de
espaços, o surgimento de agrupamentos habitacionais irregulares e
a proliferação das favelas sem os requisitos básicos de saúde,
conforto e bem-estar para seus moradores.
Foi no contexto do crescimento do êxodo rural de nosso Estado, na
década de 60, que o Governador mineiro teve a nítida percepção da
necessidade de criar um órgão destinado a combater o déficit
habitacional e a melhorar as condições de vida dos contingentes
que, social e economicamente desfavorecidos, passavam a ampliar as
vilas e favelas.
Nascia assim, em 2/7/65, há 45 anos, por meio de proposta do
então Governador Magalhães Pinto, transformada em lei por esta
Casa, a Companhia de Habitação do Estado de Minas Gerais,
vinculada hoje à Secretaria de Desenvolvimento Regional e Política
Urbana, que tem à frente o competente Secretário Sebastião
Navarro. Condicionada, na época em que foi criada, às normas que
regiam o Sistema Financeiro da Habitação e o Banco Nacional da
Habitação, a Cohab-MG sofreu as duras consequências do colapso
dessas duas instituições, passando por um longo período de
dificuldades. Felizmente, vivemos agora um período de plena
revitalização da companhia, graças à sensibilidade dos governos
comandados por Aécio Neves e agora Antonio Anastasia, que
decidiram priorizar a construção de casas populares para enfrentar
a questão do déficit habitacional. Destacam-se, assim, a decisão
de reformular e atualizar o Fundo Estadual da Habitação, com apoio
imprescindível deste Parlamento, e a instituição do projeto
estruturador Lares Geraes, que possibilita o acesso à casa própria
para famílias de baixa renda. Os projetos habitacionais
empreendidos no Estado ganham ainda maior força com as parcerias
estabelecidas com as Prefeituras - por meio das quais o Município
oferece o terreno urbanizado, e a Cohab promove a construção e a
fiscalização das obras - e com o governo federal, integrando-se ao
programa Minha Casa, Minha Vida. O aspecto marcadamente social de
tais iniciativas revela-se também em ações que se fazem
necessárias diante de situações mais prementes, como a construção
de casas para centenas de famílias desabrigadas por enchentes e
para populações mais carentes dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
e do Norte de Minas. Temos, portanto, diante de uma consistente
política de revigoramento da Companhia de Habitação do Estado de
Minas Gerais, muita alegria em comemorar seus 45 anos de
existência, em prol da construção de moradias para os segmentos de
menor poder aquisitivo e da correção dos desequilíbrios sociais.
Saúdo todos os Prefeitos, que são a razão de ser desse
revigoramento da Cohab. Muito obrigado pela presença. É um
prestígio que vocês dão ao Presidente Mauro Brito, ao Secretário
Sebastião Navarro, e ao reconhecimento de que essa empresa
realmente trabalha em parceria com vocês. Saúdo meu amigo Domingos
Sávio, Deputado Federal eleito, um dos alicerces desta Casa e
Líder de Governo, pela presença e pelo interesse que sempre teve
com a causa da habitação. Saúdo aqui os Diretores, o Secretário
Adjunto Alencar Viana, os Subsecretários da Sedru, os Diretores da
Cohab, o Paulo Sérgio, Diretor Administrativo-Financeiro; o Mauro
Bonfim, que assumiu recentemente a Vice-Presidência da Cohab; o
Fradique, Diretor de Habitação; meu amigo José Cintra, uma grande
revelação como Diretor de Construção; a Agência Metropolitana de
Belo Horizonte, minha amiga Margô, hoje assessorando diretamente o
Prof. Anastasia, Vereadores da minha cidade, de Elói Mendes, e
muitas pessoas que nos gratificam com a presença.
Um repórter me perguntava agora há pouco, em uma entrevista, qual
a importância de comemorar esses 45 anos. Não teria sentido se
estivéssemos tratando de outra companhia sem história. Quarenta e
cinco anos é uma contingência natural. Todos nós chegamos lá,
fazemos 45, 46, 47, 50 anos. O importante de tudo isso é comemorar
aquilo que sucedeu ao longo desse tempo. Nós não nos propusemos a
comemorar o que não existe, o que, no passado, foi motivo de
preocupações com o próprio governo. Lembro-me muito bem disso, e
aqui está o ex-Presidente da Cohab, Teodoro Lamounier, um dos
arquitetos dessa reconstrução, que padeceu na carne o que é
vivenciar um novo momento para trabalhar com famílias de baixa
renda em um Estado totalmente quebrado e sem nenhuma prioridade
com a habitação. Os Prefeitos sabem que batemos vários recordes de
negatividade, sem construir uma casa sequer por um longo período.
Entrou, então, um Governador que tem compromisso com o que fala e,
principalmente, com os mais carentes que, na prática, são os que
precisam do poder público, quando, na realidade, há uma tendência
natural de o agente político ou dos que estão no poder badalarem
muito mais os que não precisam, já que lhes dão mais visibilidade,
sem, contudo, preencher-lhes a alma nem lhes completar o espírito,
impedindo-os de cumprir seu dever e missão de ajudar os que
precisam. Por isso, estamos aqui homenageando os 45 anos de Cohab.
Esperamos chegar aos 50, 100 anos, pois a própria companhia de
habitação já não existe nos outros Estados depois da quebradeira
generalizada delas, que foram transformadas em outras autarquias,
com outras responsabilidades. Quando avaliamos esse compromisso de
o governo trabalhar com seriedade, temos que homenagear. E é tão
fácil homenagear aqueles que realmente fazem por merecer, que
puseram o pé na estrada e fizeram algo acontecer. Nesse sentido,
temos que elogiar também as pessoas que compõem a Cohab, sendo sua
razão de ser. Sozinho, um Presidente ou Secretário não é capaz de
nada, mas um quadro competente e comprometido é capaz de tudo. E a
Cohab deu mostras disso, pois, com um quadro muito mais enxuto,
realizou muito mais. Todos comprometidos dentro de um processo,
sabendo do interesse do Governador de atender às regiões mais
carentes, empenharam-se com afinco para que essa alegria viesse à
tona. Construir 30 mil casas não é construir apenas 3 casas, é
construir 30 mil famílias, dando-lhes oportunidades que nunca
teriam pela vida afora. E todos sabemos o quão difícil é conseguir
um financiamento direto na Caixa Econômica ou construir a própria
casa, mesmo com a ajuda de mutirões, dos parentes. Conseguir uma
casa pela Cohab, com prestações de R$90,00, R$100,00, com o prazo
de 20 ou 25 anos para pagar, trata-se de uma bênção de Deus e,
principalmente, depende da compreensão do Governador.
Já disse que a Cohab não existiria sem a participação de seus
Diretores, portanto temos que homenagear também os que a compõem,
pela clarividência, desempenho, objetividade e obstinação - que
chega até a ser obsessão - de mostrar resultados em um Estado com
um governo que cobra resultados. Então, Mauro, quero parabenizá-lo
e, assim, ao Sebastião Navarro, que o antecedeu como Presidente da
Cohab e que, em tom de brincadeira, chegou a propor-lhe trocar de
posição: “Maurinho, vamos trocar, eu volto para a Cohab e você vai
para a Secretaria”, exatamente pela gratificação de ver tudo
acontecer. Parabenizo o Teodoro, que aqui está, como um de seus
alicerces, também Presidente. Temos que homenagear todo esse
quadro, mas o Maurinho, de uma forma especial, por ter sido
indicação minha, pois é de Varginha, Vice-Prefeito. Essa homenagem
é por sua iniciativa e criatividade. Coloquei em sua cabeça o
desafio de enfrentar problemas. Essa é a missão de quem trabalha
para o governo do Estado, principalmente em um governo em que
estão Aécio e Anastasia - não venham com o propósito de aparecer,
mas, sim, de dar resultados, pois, do contrário, o bilhete
vermelho virá mesmo. O Maurinho se superou. Fez o trabalho que o
Sebastião e o Teodoro haviam iniciado e lhe deu dinamismo para que
isso se tornasse uma lei entre os Prefeitos.
Eu me lembro de que quando assumi: a Sedru, que trabalha
implicitamente com os Prefeitos dos Municípios, ficava lá vendo
moscas, porque eu não recebia Prefeitos. Eles não acreditavam que
a Sedru e a Cohab fossem capazes de fazer algo, até que as coisas
mudaram. Esse dinamismo que vejo nos seus ex-Presidentes e depois
no Maurinho é que deu hoje nessa busca incessante de disputar.
Dizem: “Pelo amor de Deus, coloque o meu Município para ser
agraciado”. Isso ocorre pela credibilidade, pela execução do
serviço e pela competência que foram colocadas em favor do Estado
ou em parceria com os Prefeitos. Naquela Secretaria e na Cohab,
mudamos a dinâmica porque, até então, a Cohab estava construindo
casas em cidades grandes acima de 100 mil habitantes, quando
entendíamos que deveria ocorrer efeito inverso. Falamos em
descentralização e na constituição da família naquilo que ela tem
de maior, que é a raiz e a formação dos filhos, do caráter de cada
um, mantê-los mesmo que em cidades pequenas, mas próximos de suas
famílias.
No caso, invertemos a lógica. Agora se constroem
preferencialmente casas em cidades pequenas. Isso para dizer que
os mais sofridos e pobres têm as mesmas oportunidades dos que
vivem numa cidade rica ou em cidades que têm sobra de recursos, os
que poderiam até fazer por seus próprios méritos e recursos. Essa
lógica prevaleceu. Mais de 400 Municípios foram agraciados com a
construção de mais de 30 mil moradias. Essa situação propiciou ao
Mauro assumir, este ano, compromisso de construção de mais
moradias, embora vivendo de suplementação orçamentária, mas com o
grande compromisso dos Governadores de fazer a coisa acontecer.
É isso que nos gratifica como mineiros. É isso que nos gratifica
como parlamentares: assumir esta tribuna para a gente olhar de
frente o eleitor, aquele que precisa, e dizer: “Cumprimos a nossa
parte; acredite no governo que está aí porque ele tem
compromisso”. É uma homenagem que fazemos com justiça na esperança
de estar refletindo com todos os que foram beneficiados pela casa
própria. Não como mendicância, mas como direito de cidadão, com
dignidade de vida e dignidade na criação dos filhos.
Por isso merecem ser comemorados os 45 anos, como, se Deus
quiser, faremos uma comemoração daqui a cinco anos, pela atividade
maior em cuja construção a Cohab se empenhará. Ora, 30 mil casas
não representam nada para um Estado que tem um déficit
habitacional de 650 mil casas, em um Estado onde só a Prefeitura
de Belo Horizonte tem um déficit entre 130 mil e 150 mil moradias,
cujo Secretário Adjunto aqui está e padece horrores porque nem
sequer eles têm áreas disponíveis para esse tipo de construção.
Quando falamos desses que margeiam os ribeirinhos assolados pelas
enchentes, vejo aqui o Carlos padecer dificuldades porque não tem
como transferir ou locomover esses que padecem pelas dificuldades
e pelos compromissos que às vezes os governos não têm de socorrer
quem mais precisa. Por isso temos de louvar o esforço daqueles que
trabalham para dizer que não é para ficar colhendo os louros da
vitória, mas que se possa assumir, cada dia, o compromisso de
trabalhar mais. Isso porque, se fizemos 30 mil casas, nosso
compromisso é a construção de 650 mil casas. Quando? Não sabemos,
mas tem de permanecer aceso em nós o compromisso de minimizar o
sofrimento dos que padecem. Assim, nós, a Prefeitura de Belo
Horizonte, os Prefeitos que aqui estão e sabem da importância
social da casa própria no seu Município. Pode haver mil e um
programas, mas não há um com tanta dignificação e alcance social
como fazer uma casa própria para uma família de baixa renda. É
pequena? É pequena, mas grande no seu contexto e no seu interior
porque ali se abriga uma vida a ser exercida pelos que ali moram e
que muitas vezes moravam debaixo de pontes, casas de lona etc.
Eles sabem mensurar o valor disso e nós temos de saber mensurar o
nosso compromisso também como dever cristão. Não chegamos aos
cargos que ocupamos por acaso. Nunca acreditei nisso. Quando
assumimos essas incumbências, Deus nos impõe também o compromisso
de realizar juntos e de socorrer aqueles que não têm vez ou voz. É
por isso, Sr. Presidente, que o chamo à responsabilidade de
continuar lutando: buscando recursos; brigando com o governo
federal, que às vezes não cumpre sua parte no processo; discutindo
no âmbito do Estado para suplementar o quanto mais possível, para
realizar o sonho de tantas pessoas e Prefeitos.
Assim, orgulhei-me muito de apresentar o requerimento para esta
homenagem e me orgulho ainda mais de poder dizer desta tribuna que
estou criando a partir de hoje, com meus companheiros solidários,
a Frente Parlamentar da Habitação, pela qual nós, parlamentares,
assumimos o compromisso de a duras penas defender o interesse
habitacional do Estado de Minas Gerais, principalmente no ano em
que o Estado está elaborando, por exigência federal, um projeto de
habitação em todas as suas regiões. A Sedru, pelo Sebastião, e a
Cohab, por seu Presidente, Mauro Brito, tiveram a compreensão e a
competência de escutar os Prefeitos e verificar a necessidade dos
Municípios e que tipo de levantamento deveria ser feito para que,
de mão dadas, conseguíssemos superar as dificuldades.
É por isso que comemoramos e homenageamos. Não é para badalar os
45 anos, mas, quem sabe, para reconhecer em uma jovem ou em uma
bela senhora de 45 anos todos os predicados de uma vida repleta de
sabedoria e realizações. Mais do que isso, é para propiciar a ela
mais 50 anos de vida bem casada, esposada com o compromisso de
construir mais, atuando com governos sérios e competentes, como se
tem demonstrado por aqui. Parabéns, José Cintra, uma revelação na
Cohab, pela incumbência de fazer a coisa acontecer; na sua pessoa,
parabenizo todos os diretores, cada um com seu contributo para que
a Cohab fosse o que é. A você, Mauro, que Deus continue abençoando-
o. E a você, Sebastião Navarro, espero que não esmoreça nunca na
seriedade, na compenetração e no compromisso que tem com as boas
causas. Que Deus nos abençoe a todos, para que esse compromisso
não morra nunca e que, daqui a alguns dias, estejamos comemorando
o fato de, em vez de 30 mil, termos feito 100 mil moradias. Muito
obrigado.