Pronunciamentos

DEPUTADO GIL PEREIRA (PP)

Discurso

Comenta a atuação do Prefeito do Município de Montes Claros durante a campanha eleitoral.
Reunião 74ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 16ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 20/10/2010
Página 53, Coluna 4
Assunto ELEIÇÕES. ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL.

74ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª LEGISLATURA, EM 14/10/2010 Palavras do Deputado Gil Pereira O Deputado Gil Pereira* - Sr. Presidente, caro amigo Doutor Viana, parabenizo-o pela reeleição. Cumprimento nossos companheiros de Plenário, colegas Deputadas e Deputados. Agradeço a Deus, ao povo da minha cidade de Montes Claros e de todo o Norte de Minas os 95.450 votos. Agradeço, especialmente, ao povo de Montes Claros, que me fez Deputado majoritário na cidade, com mais de 29.000 votos. Sr. Presidente, Srs. Deputados, com muita tristeza tratarei de um assunto relativo à política local de minha cidade. Os que aqui estão, como os Deputados Ivair Nogueira e Antônio Júlio, nunca me viram, em 16 anos, usar esta tribuna para falar de ninguém, e não o farei agora, apenas tecerei alguns comentários relacionados com o Prefeito de Montes Claros, Luiz Tadeu Leite. Todos sabem que em 2008 fizemos entendimento com o Prefeito, por intermédio do Deputado Fernando Diniz, quando tivemos oportunidade de indicar dois candidatos a Vice-Prefeito. Apresentei nomes de dois médicos ao Prefeito, que não os aceitou alegando que gostaria que a Vice- Prefeitura fosse ocupada por uma mulher e que o nome escolhido para a indicação seria o da Cristina, minha esposa. Como disse Maquiavel, a política é a antessala da traição. Um ditado popular afirma que, quando uma pessoa faz um favor tão grande a outra que não tem como lhe pagar, esta a trai. Foi o que ocorreu em Montes Claros; todavia não se está traindo o Deputado Gil Pereira nem a Cristina, mas, infelizmente, o povo de Montes Claros. Diante disso, quero fazer um breve relato, Sr. Presidente, Srs. Deputados, referente à eleição de 2008, quando o Deputado Fernando Diniz nos convenceu de que o Deputado Luiz Tadeu Leite havia mudado sua maneira de pensar em razão de ter perdido duas eleições para Deputado Estadual e até mesmo sua reeleição no exercício do mandato. Posteriormente, ele também disputou eleição para Prefeito, a qual perdeu. Por essas razões - disseram -, ele se havia tornado uma pessoa madura e respeitava mais o povo. Confesso que acreditei piamente nessa mudança. Assim, fizemos o entendimento, que a Cristina rejeitou alegando que não queria assumir; porém o grupo político do Prefeito, com o Deputado Fernando Diniz, insistiu em que ele havia mudado e que seria bom para a cidade de Montes Claros que uma mulher assumisse a Vice- Prefeitura. A partir de então, houve a disputa, e vencemos as eleições; porém, antes disso, reuni-me com o Governador Aécio Neves a fim de comunicar-lhe esse entendimento. Senti, por meio de seus gestos, já que nada falou, que não estava concordando muito com minha atitude, mas que a respeitava. Levei o Prefeito, Deputado Luiz Tadeu Leite, ao Governador para falar desse entendimento. O Governador - lembro-me disso como se fosse hoje - foi até a outra sala e trouxe um calhamaço de pedidos que ele havia atendido pelo Norte de Minas. Naquela época, o candidato Deputado Luiz Tadeu Leite apoiava Newton Cardoso, enquanto eu, o Aécio. Esse Deputado havia dito que o Norte de Minas estava cansado de receber migalhas do governo de Minas Gerais. Assim, o Governador demonstrou que, apenas em dois anos e pouco de governo, já tinha mandado mais de R$300.000.000,00 para Montes Claros e região. Fica esse registro. Partimos para a campanha. O nosso Governador Aécio, embora quisesse ir àquela cidade, respeitou nossa posição. Vencemos a eleição, o que não foi fácil. Houve o segundo turno, e vários companheiros da Casa nos apoiaram, como a Deputada Ana Maria Resende - que posteriormente também veio a ser vítima -, assim como os Deputados Carlos Pimenta e Paulo Guedes. Este, tenho certeza, também foi vítima em várias ações, na campanha do filho do Prefeito. Perdemos dois ex-Deputados, Jairo Ataíde e Humberto Souto, por ações diretas ou indiretas do atual Prefeito nessa campanha. Depois que vencemos as eleições, veio a época da transição. Ele a nomeou como coordenadora da transição e houve mudanças, ela tomou conta. Depois, feita a transição, iniciou o mandato. A administração começou bem. Algumas áreas foram delegadas para ela tomar conta, o que ela fez junto ao Secretário. Daí, se não me engano no mês de maio, houve o lançamento da candidatura do filho a Deputado Estadual, e as coisas começaram a mudar. Lembro como se fosse hoje, eu estava em Brasília, assim como o Fernando Diniz, que disse que era um erro do Prefeito lançar candidatos, ou mesmo do Sérgio Amaral, Secretário de Governo do Prefeito, homem de confiança, ou do Presidente da Câmara, Athos Mameluque, ou do seu partido; e que lançar o filho era o pior erro. Mas, infelizmente, perdemos Fernando Diniz no dia 17/7/2009. Daí, as coisas começaram a piorar. A Cristina era dedicada, chegava lá às 7 horas e saía às 21, às 22 horas, tudo em benefício da população de Montes Claros. Ela estava sempre trabalhando com ações propositivas, as quais foram tolhidas, de tal forma que quem saiu prejudicado foi o povo de Montes Claros. Como exemplo, o Poupança Jovem, que estava sob sua coordenação, realizado por meio de um convênio do governo do Estado com o Prefeito Municipal, num valor de R$8.500.000,00, com atendimento a 10 mil alunos. Esse programa contratou 120 pessoas, que ganhavam R$1.500,00, mas se desvirtuou no meio do caminho, virou um programa político. As pessoas que eram contratadas não o eram para fazer o programa, mas sim para serem cabos eleitorais do filho. Várias coisas aconteceram. Estou citando somente isso, mas, mesmo assim, nunca deixamos de atender a solicitações do Prefeito. Ele pediu recurso para asfaltar Montes Claros - aliás o Deputado Paulo Guedes estava presente, assim como a bancada do Norte. Conseguimos R$3.000.000,00 para a Prefeitura no primeiro semestre do ano passado, e o asfalto só foi feito agora, em agosto, setembro, por coincidência nas vésperas das eleições. Então, o asfalto está lá para quem quiser ver. O Deputado Adalclever Lopes, nosso Líder, sempre me dizia: “Gil, não confia”. Não só V. Exa., Deputado Adalclever Lopes, mas várias pessoas me disseram isso. Tudo bem, a boa intenção, a vontade de fazer algo por Montes Claros era muita e eu arrisquei. Aproximando as eleições, víamos que não só Gil Pereira, mas todos os aliados eram realmente forçados a trabalhar, a votar, a participar de reuniões feitas para o filho do Prefeito. A perseguição foi tamanha que, no mês de agosto, setembro, o que disseram? “Oh - o que está acontecendo agora - quem for votar no Gil, quem estiver do lado dele, todos serão mandados embora.” Eu até duvidava, mas todos os que diziam isso estavam certos. Durante a campanha, várias pessoas ligadas a mim, como o Dr. Tancredo, Secretário de Administração Social, pediram demissão porque já não aguentavam a tortura do cerceamento de trabalhar na Prefeitura; assim como o ex-Vereador Júnior Samambaia, que obteve mais de 3 mil votos, e não foi eleito, apesar de ter sido o 4º candidato mais votado; o ex-Secretário Guila Ramos, ex-Vereador, candidato que perdeu apenas por seis votos: ele obteve mais de 2 mil votos, e mesmo assim não conseguiu ser eleito, também saiu. As pessoas estavam realmente se sentindo sufocadas. Saíram antes. Para outras disseram: “Você decide: ou fica com o Gil ou comigo. Se ficar comigo, tem de se filiar ao PMDB”. A ex-Vereadora Maria de Fátima Pereira Macedo, Secretária Adjunta de Educação, foi comunicada na sexta-feira. Diziam a ela que se desfiliasse do PP. Ela disse que não era filiada ao PP, mas ao PSDB dos Governadores Anastasia e Aécio Neves. Disse também que não sairia do seu partido e respondeu-lhe: “Quando eu era Vereadora, servi-lhe muito para que pudesse ganhar as eleições”. Só havia dois Vereadores ao lado dele, a Fátima e o Athos Mameluque, Presidente do PMDB, que se reelegeu como Vereador. Eram os dois únicos Vereadores que combatiam o ex-Prefeito Athos Avelino. A Maria de Fátima foi uma das pessoas que combateram o ex-Prefeito Athos Avelino para a vitória do Tadeu. Na sexta-feira, as pessoas começaram a fazer essa perseguição utilizando o aparelhamento da máquina de Montes Claros. Quem ficasse como funcionário teria de se filiar ao PMDB. Infelizmente, o PMDB de Montes Claros, liderado por ele, tem essa mania. Tenho a certeza de que outras agremiações do PMDB, onde tenho amigos, não fazem essas torturas. Mas a situação ficou insustentável. A Cristina tirou dois meses de licença sem vencimento, como manda a lei orgânica, para coordenar a minha campanha, a da reeleição do Governador Anastasia e dos Senadores Aécio e Itamar. Isso irritou profundamente o Prefeito. Tirar licença sem vencimento é uma atitude ética e inusitada em Montes Claros. Assim foi feito. A Cristina saiu para a campanha sem receber nada dos cofres públicos. O rolo compressor aumentou mais ainda. As pessoas ligadas a mim não poderiam aproximar-se de mim. Se houvesse um adesivo meu, mandavam tirar. Os carros que encontravam nas ruas eram achincalhados, tiravam os adesivos. A palavra foi cumprida. Ele, realmente, fez uma devassa nessa eleição. Perto das eleições, faltando uns 10 dias, Deputado Paulo Guedes, ao seu, ao nosso amigo Valdecir Xavier, ao nosso amigo Luiz Ildeu, do “Estado de Minas”, ao nosso amigo Girleno Alencar, do “Hoje em Dia”, depois da entrevista coletiva, disse que fazia questão, que era uma questão de honra para ele não só eleger o filho, mas fazê-lo majoritário no dia 3 de outubro em Montes Claros. Isso se alastrou. Antes dessa questão de fazer o filho majoritário, disse também que era questão de honra fazer o candidato Hélio Costa majoritário em Montes Claros, em vez de “anestesia”, como desrespeitosamente chamava o nosso Governador Anastasia, faltando à ética. As coisas foram se deteriorando nessa falta de respeito que veio fazendo não só comigo e chamando o nosso Governador Anastasia de almofadinha nos discursos em seus bairros e na campanha. Eu disse ao Governador que Deus é maior. Vencemos as eleições. Não só o nosso Governador Anastasia teve mais de 10 mil votos na frente como ganhamos as eleições como Deputado majoritário em Montes Claros, com mais de 29 mil votos. Isso, acho, o irritou profundamente, porque o filho dele, com toda a máquina administrativa, teve pouco mais de 20 mil votos. Mas a perseguição continuou mais do que eu achava que continuaria. Ele não perseguiu somente o Deputado Gil Pereira, mas também o Deputado Carlos Pimenta. Jogou o Sebastião Pimenta contra o irmão Carlos Pimenta. O Sebastião Pimenta foi candidato. Houve uma briga provocada pelo Prefeito. Tirou o Sebastião Pimenta da Secretaria antes da hora, antes do compromisso. Fez com que os irmãos brigassem. Sei que a família do Carlos Pimenta é muito unida. Conheço-os desde criança, desde seu pai e sua mãe. Então, fez com que brigassem. Perseguiu e foi atrás dos votos de Carlos Pimenta. Da mesma forma, perseguiu a Deputada Ana Maria Resende e o Jairo. Lembro-me disso como se fosse hoje. Há dois dias das eleições, o Jairo me disse ter pedido um emprego para o Tadeu, e, além de ter pedido verbalmente, ele o fez por escrito. O emprego foi pedido para uma filha de um médico de Montalvânia. O Jairo ainda me disse que ele sempre o apoiou e apoiou a Deputada Ana Maria Resende, e esse Prefeito contratou, sim, a filha do médico, a enfermeira, mas obrigou-a a trabalhar para o filho dele e para o candidato a Deputado Federal que ele apoiava. Isso foi uma grande decepção para ele, e tal fato influenciou o insucesso da reeleição de Ana Maria Resende. Mas, graças a Deus, tenho a certeza de que ela estará aqui, entre nós, a partir de janeiro de 2011, por ser a segunda suplente. Da mesma forma, o Prefeito Jairo foi perseguido pelo candidato do Prefeito, logicamente com a sua bênção. A briga não começou com este Deputado, já que, em novembro do ano passado - o Deputado Paulo Guedes se lembra bem disso -, havia uma disputa entre o Secretário de Governo, Sérgio Amaral, que é o homem de confiança dele, com o Presidente da Câmara e o Presidente do PMDB local, Athos Mameluque. Os dois, em virtude da falta de habilidade do Prefeito, quase se desentenderam, quase foram às vias de fato, porque um deles queria ser candidato. Assim sendo, o outro abriu mão da disputa, dizendo que a unidade estava com o filho do Prefeito. Até o Deputado Humberto Souto, que sempre foi da Oposição, também foi maltratado. Aliás, uma das derrotas que ele teve foi justamente por causa disso. Sempre fiz oposição ao Jairo e ao Athos, mas uma oposição respeitosa, já que eles nunca me agrediram nem ao meu grupo político. Concluindo, Sr. Presidente, quero agradecer ao Jairo, pela sua ética, e ao Athos Avelino, por sempre me respeitar, diferentemente do que está acontecendo nesta administração. Por fim, é importante deixar claro que ele está desrespeitando não apenas a Cristina, esposa do Deputado Gil Pereira, o Deputado Gil Pereira e a mulher Vice-Prefeita de Montes Claros, mas também todas as mulheres de Montes Claros, já que, na sua campanha, ela dizia que iria representar a mulher guerreira e valente de Montes Claros. Digo isso porque, no dia em que ela voltou para assumir o cargo, como manda a Lei Orgânica, a porta da sala da Vice-Prefeita na Prefeitura estava trancada. Fico muito triste com isso, porque parece que estamos revivendo a ditadura. A desculpa é que não acharam a chave, que estava perdida. Fato é que a minha mulher saiu de lá de cabeça erguida, mas muito triste por achar que as coisas poderiam ter sido diferentes, já que o único interesse político que tem é o de sempre ajudar a população de Montes Claros. A perseguição do Prefeito de Montes Claros, Luiz Tadeu Leite, começou quando a Vereadora Aparecida Bispo foi retaliada. Todos, em Montes Claros, conhecem a história dessa perseguição, feita pelo atual Prefeito contra a Vereadora Aparecida Bispo, a primeira mulher eleita Vereadora em Montes Claros. Ele também falou mal da ex-primeira-dama, D. Maria Jacy Ribeiro, esposa de nosso saudoso Mário Ribeiro, um homem ético, assim como a D. Jacy, que fundou a Apas. Infelizmente, ele também a maltratou com baixarias. A professora universitária Marina Queiroz, na campanha de 1996, também foi agredida pelo Prefeito, com palavras de baixo calão. Ele chegou ao absurdo de dizer que havia, em Montes Claros, a “traíra loira” e a “traíra preta”, referindo-se à Profa. Marina Queiroz. A “traíra loira” era uma professora, mãe de três filhos honrados. E agora, desrespeitando as mulheres de Montes Claros, ele está fazendo isso com a Cristina. Concluindo, quero deixar bem claro a ele que isso não atinge a Cristina, nem a mim, apenas está mostrando, Sr. Prefeito, a falta de respeito que tem com as mulheres montes-clarenses. Pobre Prefeito e pobre Montes Claros, que tem um Prefeito que infelizmente ajudei a eleger. Dou as minhas mãos à palmatória por isso. Perdoe-me, povo de Montes Claros e do Norte de Minas. * - Sem revisão do orador.