DEPUTADO CHICO UEJO (PSB)
Discurso
Transcurso do Dia do Defensor Público. Comenta as consequências da
suposta "partidarização" das associações, cooperativas e sindicatos e a
importância do apoio de representantes políticos de todos os segmentos
partidários nessas instituições. Comenta o sucesso do Programa de
Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba - PADAP.
Reunião
38ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 16ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 26/05/2009
Página 40, Coluna 3
Assunto EXECUTIVO. PESSOAL. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERRA PÚBLICA. AGROPECUÁRIA. REFORMA AGRÁRIA.
Legislatura 16ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 26/05/2009
Página 40, Coluna 3
Assunto EXECUTIVO. PESSOAL. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERRA PÚBLICA. AGROPECUÁRIA. REFORMA AGRÁRIA.
38ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª
LEGISLATURA, EM 19/5/2009
Palavras do Deputado Chico Uejo
O Deputado Chico Uejo* - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs.
Deputados, telespectadores da TV Assembleia, senhoras e senhores,
caros amigos e companheiros, antes de tratar do assunto que me
trouxe a esta tribuna, gostaria, como fizeram os meus
antecessores, de cumprimentar e parabenizar todos os Defensores
Públicos de nosso Estado, por meio da Associação Nacional dos
Defensores Públicos.
Esta Casa tem uma frente parlamentar da Defensoria Pública,
proposta pela nossa querida Deputada Rosângela Reis. Tenham a
certeza de que os senhores têm, nesta Casa, o empenho e a
dedicação dos Deputados, na busca de melhorias para essa grande
instituição, a Defensoria Pública.
Sr. Presidente, o que me traz a esta tribuna é a preocupação com
as associações cooperativas sindicais. Está preceituado e
instituído na Constituição da República, no capítulo dedicado aos
direitos fundamentais e sociais, o direito à associação e o
direito à sindicalização. É com certa preocupação que venho
percebendo, ao longo de processos eleitorais e de atividades de
associações e sindicatos, uma certa partidarização de algumas
dessas entidades, o que, em geral, se deve à atuação daqueles que
as integram momentaneamente. Em relação a essa preocupação
realizei uma reflexão, a qual passa a ser agora objeto de meu
pronunciamento.
O Programa de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba - Padap -,
que tomou São Gotardo como cidade-sede, é um exemplo de políticas
públicas adequadas, aplicadas a um grupo social altamente
vocacionado para a agricultura em uma região apta a essa
atividade. Esse Programa reúne ingredientes que, somados à
vontade, à dedicação e ao trabalho do nosso povo, provocaram um
grande salto de desenvolvimento e uma profunda transformação
política, econômica e social de todo o Alto Paranaíba. Esse
projeto não apenas serve de exemplo como uma das mais bem
sucedidas experiências de reforma agrária, mas também tem o mérito
de ter contribuído, de forma significativa, para o desenvolvimento
de grande parte da tecnologia de produção de alimentos no cerrado,
o que permitiu a expansão agrícola brasileira.
Mais que ninguém, temos a obrigação de saber que a política não é
apenas importante para a agricultura, mas também indispensável. E
não se trata de ter fé nisso, é uma constatação: o Padap existe
pela vontade política de homens públicos que tiveram essa visão e
a coragem para implementá-lo. É claro que os produtores e o nosso
povo têm o mérito de fazê-lo progredir, mas foi a vontade política
a mola propulsora desse processo. A1ém, é claro, do fato de
emanarem da política todas as leis que regulam a atividade
agropecuária. Desde o simples e primário direito de propriedade
até os complexos regulamentos tributários e ambientais dependem da
atividade política, que antecede o processo legislativo
propriamente dito.
Feitas essas primeiras considerações, faz-se mister a compreensão
de que agricultura e política são temas indissociáveis. Assim, não
dá para imaginar avanços e desenvolvimento na agropecuária sem
representação política comprometida com o setor, o que só se
alcança por meio da articulação de produtores e trabalhadores da
agropecuária. Aí está a importância dos sindicatos - responsáveis
e representativos -, além de associações e cooperativas. São essas
as instituições responsáveis pela ligação entre o setor produtivo
agropecuário e o poder público. Cabe a essas instituições a
responsabilidade de perceber os problemas e desafios do setor e
buscar, junto ao poder público, a solução para os entraves da
agropecuária.
Percebam que a ação das instituições que representam a
agropecuária deve ser política, e não partidária. Nesse ponto é
que se cometem os grandes pecados. Quando se utiliza do tema
agricultura para a autopromoção ou, pior ainda, se utiliza das
instituições representativas da agropecuária para promoção de uma
pessoa ou um grupo, presta-se um grande desfavor à agropecuária. É
absurda e danosa para a agropecuária a ideia de que determinado
sindicato, associação ou cooperativa apoie líder A ou B, Deputado
A ou B. Cabe a essas instituições buscar, junto aos líderes
regionais, o apoio necessário para a resolução dos problemas do
setor, mas não eleger um ou outro de seus representantes oficiais.
No caso do Alto Paranaíba, acredito ser até dever moral de todos
os representantes da região a defesa de nossa principal atividade
econômica.
Não há dúvida de que os grandes parceiros e catalisadores do
processo de desenvolvimento da agropecuária são os Deputados
Estaduais e Federais. E não há conflito moral em buscar neles a
força necessária para seus pleitos, desde que não se use a
instituição para promover partido ou Deputado específico, por
questões éticas óbvias e por consequências práticas mais óbvias
ainda.
A partidarização do tema e das instituições cria naturalmente uma
antipatia política do lado oposto. Será que queremos avançar ou
ter interlocução com os respectivos governos apenas quando nosso
representante X estiver no poder?
Mais sábia é a decisão de instituições da agropecuária, que
mobilizam, em seus eventos e lutas, todos os Deputados e
lideranças que conseguem, sem nenhuma distinção. Foi essa reunião
de esforços de Deputados, Secretários, Governadores e lideranças
do setor agrícola que conseguiu, por exemplo, renovar a taxa
“antidumping” para a importação de alho chinês e que mudou a
resolução que proibia o transporte de trabalhadores rurais em
ônibus com mais de 25 anos. Foi assim que fizemos, na audiência
pública realizada em São Gotardo, no ano de 2007, e em tantas
outras audiências da Comissão de Política Agropecuária, quando
reunimos e convidamos todas as entidades e lideranças
representativas do setor, além de políticos das mais variadas
colorações partidárias, sem nenhuma distinção. Foram muitas as
conquistas reais dessas audiências.
Tenta-se monopolizar o problema! Quando se reúnem esforços para
superar um desafio, o fardo fica mais leve, os resultados vêm mais
facilmente.
É claro que, por natureza e mérito, o empenho, o conhecimento e o
prestígio de alguns os destacam, e é aí que o produtor rural e
eleitor vê quem merece o seu voto e o seu reconhecimento. A
escolha partidária e eleitoral é uma questão de foro íntimo do
cidadão, e não de compromisso e deliberação institucional dos
sindicatos, das cooperativas e das associações da agropecuária.
Muito obrigado, Presidente.
* - Sem revisão do orador.