DEPUTADO DEIRÓ MARRA (PR)
Discurso
Comenta a falta de infra-estrutura e a superlotação da Cadeia Pública do
Município de Patrocínio e solicita ao Governo do Estado o início das
obras de construção de cadeia pública no imóvel doado pelo Município.
Critica a falta de estrutura do Departamento Nacional de Produção Mineral
- DNPM - para atender a demanda de serviço do Estado.
Reunião
14ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 16ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 14/03/2009
Página 69, Coluna 4
Assunto SEGURANÇA PÚBLICA. RECURSOS MINERAIS.
Aparteante CARLOS PIMENTA, DALMO RIBEIRO SILVA.
Legislatura 16ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 14/03/2009
Página 69, Coluna 4
Assunto SEGURANÇA PÚBLICA. RECURSOS MINERAIS.
Aparteante CARLOS PIMENTA, DALMO RIBEIRO SILVA.
14ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª
LEGISLATURA, EM 10/3/2009
Palavras do Deputado Deiró Marra
O Deputado Deiró Marra - Sr. Presidente, Deputado Doutor Viana,
Sras. Deputadas, Srs. Deputados, temos, nesta tarde, dois assuntos
distintos de que tratar. Em primeiro lugar, manifestamos a nossa
insatisfação com o trabalho que tem sido feito e com as questões
que têm sido orquestradas pelos órgãos de segurança pública do
nosso Estado. Por diversas vezes, tivemos em Patrocínio, na nossa
região do Alto Paranaíba, cidade co-irmã de Patos de Minas, terra
do nosso querido Deputado Elmiro, problemas seriíssimos na área de
segurança pública. No ano passado, após várias denúncias,
conseguimos levar a Comissão de Segurança Pública, à época
presidida pelo Deputado Sargento Rodrigues, a essa localidade.
Fizemos, então, uma visita à cadeia. Depois de dois anos ocupando
esta tribuna e dizendo das dificuldades, da pouca vontade por
parte dos órgãos da área com a segurança pública na cidade,
conseguimos levar a Comissão de Segurança Pública a Patrocínio e
mostrar a realidade do Município nesse aspecto. Infelizmente,
fomos proibidos de apresentar, para as redes públicas de
televisão, o estado caótico em que se encontrava a cadeia pública
de Patrocínio. O Delegado de Polícia estava presente e, seguindo
orientações da Secretaria de Defesa Social, comprometeu-se a não
mostrar as imagens da cadeia. Tenho certeza de que tal fato não
chegou ao conhecimento do nosso Governador.
Independemente desse episódio, ocorrido em maio, já vínhamos
denunciando as fugas que aconteciam em conseqüência da situação.
Só para que os senhores saibam, além de Patos de Minas, que conta
com o presídio regional, somente Patrocínio tem outro presídio na
região, construído há cinco anos, mais ou menos. Tal presídio
serve mais de 25 cidades. É evidente que a construção do presídio
trouxe também diversos transtornos, mas não houve a compensação
social por parte do Estado. Lembro-me muito bem das condições
precárias que verificamos quando da visita da Comissão de
Segurança Pública da Assembleia local. Logo após a audiência,
solicitamos que o nosso Subsecretário de Defesa Social, Dr.
Genilson, levasse ao governo do Estado o nosso pedido para
agilizar a construção da cadeia pública. Em 2008, tivemos o
compromisso, a certeza de que Patrocínio poderia ter essa cadeia
pública, que serviria aos Municípios como Guimarânia, Serra do
Salitre, Iraí, Coromandel, Monte Carmelo, uma região de quase 800
mil habitantes.
Sr. Presidente, o que muito estranhamos é que, depois dessa
promessa, em outubro do ano passado, houve uma rebelião no
presídio e, conseqüentemente, uma fuga em massa dos detentos.
Pelos relatórios apresentados pela Seds, em tese houve
benevolência por parte do Delegado à época, bem como falta de ação
da Polícia Militar. Ficamos chocados com o acontecimento, mas o
que nos trouxe a esta tribuna foi o fato de recentemente termos
tomados ciência de que um compromisso do governo não seria
cumprido: a construção da cadeia pública ao lado do presídio, numa
área que foi cedida pelo Município de Patrocínio. Como
compensação, haveria a transferência da cadeia, localizada no
centro da cidade, para uma área contígua à penitenciária, com
verba garantida no Orçamento. Mas, caro Deputado Elmiro, após essa
fuga, tivemos um imbróglio: a cadeia simplesmente não será
construída tão cedo, em represália por ter havido, por parte do
Estado, ineficiência em garantir segurança na cadeia já existente.
Nobres colegas, tenho certeza de que nosso Governador não tem
consciência desse fato porque, há mais de seis meses, estamos
batendo à porta do gabinete do Secretário de Defesa Social. O
compromisso era de que as obras se iniciariam em junho do ano
passado. Elas ficaram para este ano, e nada foi feito. Isso
caracteriza descaso. Perseguir, punir a população de uma cidade
ordeira com o atraso de uma obra de vital importância como essa,
por não ter havido, pelo aparato do próprio Estado, a devida
prestação do serviço de segurança pública, é inconcebível. Entendo
que isso só pode ser engendrado por pessoas que não têm realmente
interesse no crescimento e progresso da nossa Minas, tão
anunciados pelo nosso Governador. Temos segurado essa bandeira.
Portanto, ainda que relutando, somos obrigados a vir a esta
tribuna trazer a público essa questão, para que tanto o nosso
Secretário de Defesa Social como todo o governo tenham ciência dos
graves problemas sociais que o atraso dessa obra trará à
população. Essa atitude pode, sim, ser o começo da solução. Volto
a dizer que tínhamos o compromisso de iniciar os trabalhos já no
ano passado.
Quero também, Sr. Presidente, dirigir-me aos nobres colegas para
comentar um novo assunto. Pela segunda vez consecutiva, tivemos
oportunidade de dirigir-nos a um órgão, o DNPM, que, apesar de
federal, tem em Minas a sua maior fonte de arrecadação.
Gostaria, Sr. Presidente, nesta oportunidade, nestes minutos que
ainda me restam, de externar os graves problemas que há nesse
órgão, em especial quanto à estrutura física. Tive a oportunidade
de ir lá e conversar com o atual Diretor, Dr. Sérgio Augusto
Damásio. E ouvi, senhores, o verdadeiro testemunho de um servidor
que busca solução para um problema em relação ao qual,
aparentemente, falta entendimento tanto por parte do governo
federal como também do nosso governo. Para que os senhores saibam,
o DNPM arrecadou, no ano de 2008, mais de R$899.000.000,00, dos
quais R$457.000.000,00, ou seja, 42,3%, são arrecadados em Minas
Gerais. Trata-se de um órgão federal que tem arrecadação de quase
50% em Minas Gerais e pouco mais de 7% de seus funcionários
lotados aqui, em Minas. Isso é, no mínimo, um descaso conosco, os
mineiros; no mínimo, um desrespeito para com o nosso Estado. Esse
órgão, como eu disse, tem quase 50% da sua arrecadação proveniente
das verbas em Minas Gerais e tem pouco mais de 7% dos seus
funcionários lotados aqui. A estrutura física do órgão, de um
aparato que deveria existir para benefício dos mineiros, está
altamente comprometida, está aí hoje a nos deixar na mão. Esse é o
verdadeiro estado em que se encontra o nosso DNPM em Minas. Com
isso, inúmeras pilhas de processos se arrastam; licenças de
operação e licenças para alvarás não são liberadas. E Minas vem
perdendo o seu espaço, a sua riqueza, porque não temos um olhar
firme sobre essa atuação.
Os senhores bem sabem que a nossa linha de conduta aqui tem sido
sempre a de trabalhar e apontar caminhos.
O Deputado Carlos Pimenta (em aparte) - Quero cumprimentá-lo,
Deputado, pelo pronunciamento e também corroborar com a tese que
V. Exa. expõe aqui, hoje, confirmando que é verdade essa situação
do DNPM, conforme fato que citarei. A Vale do Rio Doce tem uma
dívida com o DNPM decorrente das ações da Vale no Estado do Pará.
A Vale era detentora de uma mina de ouro no Município de Riacho
dos Machados. Trata-se de uma mina que funcionou há 15 ou 20 anos;
depois, a Vale resolveu desativá-la e vendeu a concessão dessa
mina a uma outra empresa, e essa empresa intermediária revendeu a
concessão a um grupo de empresários canadenses. Esse grupo
adquiriu a concessão e está investindo no Brasil. Entretanto, a
reativação da mina depende de uma autorização do DNPM, para que se
possa fazer a transferência da concessão a essa empresa canadense.
O grupo veio aqui, nós promovemos uma recepção muito grande no
Município de Riacho dos Machados - um Município pobre, com um IDH
de pouco mais de 0.5, uma cidade com quase 12 mil habitantes - , e
o DNPM não quer fazer a concessão em decorrência da dívida da Vale
com o Estado do Pará. Estamos em vias de perder, Deputado Deiró
Marra, investimentos no valor de US$170.000.000,00 numa cidade
pobre, numa região empobrecida.
O pessoal, em conseqüência de uma norma deliberativa do DNPM, não
se rende às evidências, à situação que estamos vivendo. Está na
contramão da história. Enquanto procuramos a iniciativa privada,
ou seja, enquanto estamos atrás de empresários para investirem em
Minas Gerais, o DNPM está espantando investidores canadenses que
querem aplicar aqui US$170.000.000,00. Obrigado.
O Deputado Dalmo Ribeiro Silva (em aparte) - Deputado Deiró
Marra, cumprimento V. Exa. e faço coro com suas palavras. Quanto
ao DNPM, realmente estamos vivendo um caos em Minas Gerais. Como
prova dessa assertiva, lembro que temos um requerimento aprovado
na Comissão de Minas e Energia, recentemente criada nesta Casa
para debatermos essa questão.
Hoje pretendo falar sobre o Sul de Minas. Aproveito para
cumprimentar também o grande amigo e companheiro Vereador Moacir
Franco, de Pouso Alegre. Ressalto que ainda não temos informações
sobre a movimentação de inúmeros projetos do DNPM do Sul de Minas,
particularmente de São Tomé das Letras, que é o maior pólo de
quartzito do mundo. Por isso, sua manifestação nesta tarde é muito
importante. Estamos aguardando a realização de uma audiência
pública, a fim de conhecermos de perto a estrutura a que V. Exa.
se refere. Temos de apresentar ações. O Deputado Carlos Pimenta
denuncia a grave situação em que se encontra sua região. Da mesma
forma, ratifico nossa preocupação com o Sul de Minas, no tocante
ao decreto que trata de lavras e à movimentação de todos os
projetos no DNPM. Parabéns!
O Deputado Deiró Marra - Para que os senhores tenham uma idéia,
Deputados Dalmo Ribeiro Silva, Carlos Pimenta e Antônio Carlos
Arantes, dos 1.200 funcionários do DNPM no Brasil, temos apenas
32. Isso é um afronta ao nosso Estado, já que 50% da arrecadação
saem daqui. É preciso que nossa bancada de Deputados Federais
articule para que tenhamos funcionários com capacidade, à altura.
Não estou falando de 600 funcionários, número este que, aliás,
seria justo, mas do quadro mínimo, que é composto de 60
servidores. Há mais de 10 anos, esse órgão federal apresenta essa
precariedade. Precisamos abraçar essa causa, pois isso representa
quase 50% da arrecadação do Estado. Obrigado, Sr. Presidente.