DEPUTADO WELITON PRADO (PT)
Discurso
Comenta matérias publicadas nos jornais do Estado sobre possível reajuste
do valor do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores - IPVA - e
da Taxa de Renovação do Licenciamento Anual de veículos e informa a
apresentação de requerimento solicitando ao Secretário de Estado da
Fazenda, Simão Cirineu Dias, a não autorização desse reajuste. Critica a
carga tributária do Estado.
Reunião
110ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 16ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 17/12/2008
Página 64, Coluna 2
Assunto TRIBUTOS. COMUNICAÇÃO.
Aparteante DÉLIO MALHEIROS.
Legislatura 16ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 17/12/2008
Página 64, Coluna 2
Assunto TRIBUTOS. COMUNICAÇÃO.
Aparteante DÉLIO MALHEIROS.
110ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª
LEGISLATURA, EM 10/12/2008
Palavras do Deputado Weliton Prado
O Deputado Weliton Prado - Boa-tarde a todos. Venho tratar de
assunto de alta relevância e, pela sua urgência, solicito apoio
dos nobres colegas. Tenho em mãos várias matérias publicadas nos
jornais, inclusive no jornal “Estado de Minas” de hoje, relativas
às taxas do IPVA, que ainda estão indefinidas. A Secretaria de
Fazenda pretende publicar no “Minas Gerais” a tabela do IPVA até
sexta-feira. O jornal “Hoje em Dia” alerta para a possibilidade do
reajuste nas taxas de licenciamento de 13%, e de 6,5% para o IPVA.
Essa discussão é urgente, e já apresentei requerimento nesta Casa,
hoje. Há uma grande contradição, pois não há motivo, nos pontos de
vista jurídico, legal e político, para aumento do IPVA. Se houver
aumento, entraremos na Justiça, por meio do Ministério Público. O
aumento do IPVA é feito de acordo com a valorização do veículo. Se
ele vale R$10.000,00, o IPVA é 4%. Aliás, o IPVA em Minas Gerais é
um dos mais altos do Brasil. Mesmo assim, ainda sinalizam com a
possibilidade de aumento. Se o veículo vale, por exemplo,
R$10.000,00, o proprietário teria de pagar R$400,00, conforme a
tabela. Porém vão publicar outra tabela, com base na valorização
dos veículos. No entanto todos sabem que o preço dos veículos
novos e usados caiu muito. Um Vectra novo valia R$58.000,00 e hoje
vale R$49.000,00; o preço de veículos utilitários e populares,
como o Gol, também caiu muito.
Da mesma maneira, caiu - e ainda mais - o preço do veículo usado,
que não tem subsídio para financiamento, já que o juro é maior. Na
compra de um carro novo, em função de vários planos até mesmo de
governo, a taxa de juro é muito menor, o que fez o preço do carro
usado despencar. Assim o preço do carro ou da moto usados foi lá
para baixo, porque o preço do veículo novo também diminui até
pelas condições oferecidas com as linhas de financiamento e até a
ajuda do governo federal ao setor automobilístico do Brasil.
Então não se justifica, de maneira alguma, qualquer aumento no
valor do IPVA para motos, carros ou veículos utilitários. Nesse
sentido estou apresentando um requerimento para que se solicite ao
Sr. Simão Cirineu Dias, Secretário de Fazenda, que não autorize
aumentos da tabela de valores da base de cálculo do IPVA para o
exercício de 2009. Não autorize nenhum aumento, Sr. Secretário - é
o nosso apelo. E, no requerimento, apresentamos a justificação,
até citando o jornal “Hoje em Dia”, que recentemente, assim como
os jornais “Estado de Minas” e “O Tempo”, divulgou matéria sobre o
assunto, alertando para a possibilidade de aumento no IPVA em
2009. Vejamos o que diz o jornal: “Taxa de licenciamento sobe até
13%, e valor do IPVA deve ser de até 6,5%. Os proprietários dos
cerca de 5 milhões de veículos emplacados em Minas Gerais vão
pagar cerca de 13% a mais pela Taxa de Licenciamento de 2009. Ela
passa de R$51,86 para R$58,00”.
Esse é outro absurdo, e estamos aprovando agora requerimento da
Comissão de Assuntos Municipais de que se faça uma visita à
Fenaseg, e o Deputado Federal Erismar Prado já está tomando todas
as providências do ponto de vista legislativo, com requerimentos,
e do ponto de vista jurídico, para barrar também esse aumento no
valor do seguro obrigatório.
Voltando à matéria: “A tabela com o valor do Imposto sobre
Propriedade de Veículos Automotores - IPVA - do ano que vem será
divulgada no dia 9 de dezembro”. Isso ainda não aconteceu; adiaram
para a próxima sexta-feira. “O reajuste não deverá ser superior a
6,5%”.
Como sabemos, o Brasil possui uma elevadíssima carga tributária,
que é uma das mais altas do mundo. Em Minas Gerais, a situação não
é diferente; aliás, é ainda mais grave, e explico o porquê. Basta
compararmos as cargas tributárias praticadas nos Estados. O IPVA
cobrado em Minas Gerais é mais caro que nos outros Estados. A água
da Copasa também é caríssima, tem preço de vinho; a água, no
Estado de Minas Gerais, é mais cara que nos outros Estados ou que
a água de companhias municipais. O pior é que os cidadãos pagam
pela água e pelo tratamento de esgoto, mas mais de 50% não têm
tratamento de esgoto. Aproveito para parabenizar o Deputado Carlos
Pimenta pelo projeto, que tem de ser aprovado, que impede que se
cobre essa taxa de quem não tem garantido o direito ao tratamento
de esgoto - é um projeto mais do que justo. Mas, continuando a
comparação, em Minas Gerais o ICMS sobre o álcool é de 25%, o que
não tem justificativa, já que, em São Paulo, é de 12% e, em Goiás,
de 15%. Mas aqui é de 25%, um dos ICMS mais caros para o álcool no
Brasil, sendo que temos muitas usinas que produzem álcool - ou
seja, isso não se justifica. Aí, os proprietários de veículos
“flex” ou a álcool pagam mais caro pelo álcool; aqueles que moram
nas divisas do Estado vão comprar o álcool em São Paulo ou em
outros Estados, onde ele é bem mais barato. Então isso não se
justifica. É uma forma de gerar mais emprego e renda e aumentar a
arrecadação do Estado a diminuir-se o ICMS, na bomba, para os
proprietários de veículos “flex” ou a álcool. Também pela energia
elétrica residencial, o ICMS mais caro do Brasil é o de Minas, que
chega a 42%, com a cobrança por dentro. Nenhum outro Estado cobra
mais de ICMS pela energia elétrica que Minas Gerais. O Estado que
cobra o ICMS mais caro do Brasil é Minas Gerais; com a cobrança
por dentro, 42%. Por isso, qualquer novo imposto preocupa e
revolta muito a população.
As tabelas com os valores do IPVA e da base de cálculo referente
a veículos usados, comumente chamadas de Pauta de Valores dos
Veículos, são publicadas anualmente no diário oficial, para as
pessoas entenderem. Todo ano o diário oficial publica resolução da
Secretaria de Fazenda, levando-se em consideração a espécie, a
marca, o modelo, a potência, a capacidade máxima de tração e
carga, o ano da fabricação e o tipo de combustível utilizado nos
veículos rodoviários.
Com base nos valores apurados de cada veículo - automóvel,
motocicleta, ônibus e utilitários - pela Secretaria de Fazenda, é
publicado também o valor que deve ser pago pelos proprietários a
título de IPVA. As alíquotas do IPVA são definidas por lei
estadual de 2003, nos seguintes percentuais: 4% para automóveis e
veículos de uso misto e utilitários; 3% para caminhonetes de carga
- picapes e furgões -; 2% para automóveis, veículos de uso misto e
utilitários com autorização para transporte público - táxis e
escolares - ; 2% para motocicletas e similares; 1% para veículos
de locadoras, pessoas jurídicas; e 1% para ônibus, microônibus,
caminhão, caminhão-trator.
Vejam a inversão. Em Minas é o contrário: quem precisa mais - as
pessoas mais pobres - paga muito mais; as empresas que ganham
muito mais tem muito mais desconto e, às vezes, não pagam quase
nada. É uma mudança, uma inversão.
Em 2003, no tarifaço, conseguimos, com o apoio do PMDB, impedir a
cobrança da Taxa de Incêndio e da taxa para chamar a polícia. Na
época houve um aumento do IPVA em torno de 100% para moto e
aumento também para veículos utilitários. Houve um aumento
significativo. Pela Lei de Responsabilidade Fiscal, quando se
concede desconto para uma categoria, tem que se fazer a
compensação. Então, para poderem dar 50% de desconto do IPVA às
locadoras, aumentaram o IPVA do coitadinho que tem moto. Fizeram
essa injustiça. Já concedo aparte ao Deputado Délio Malheiros. E
vejam só a injustiça: há outro projeto na Casa para favorecer as
locadoras. O percentual da locadora é 1% só. Já compram o carro
mais barato e, depois, ganham muito dinheiro na sua venda. Mas o
coitado que tem um carrinho, cuja prestação, às vezes, está
demorando a pagar, tem que pagar 4%, quatro vezes mais. O mais
pobre paga quatro vezes mais; o mais rico, que tem muito dinheiro,
paga 1% só. Vejam o tamanho da injustiça e da incoerência.
Concederei aparte ao Deputado Délio Malheiros, mas, finalizando,
só para ficar claro: se um carro tem o seu preço apurado na tabela
do IPVA em R$10.000,00, o proprietário pagará, pelo IPVA, 4% do
valor, ou seja, R$400,00. Por isso, caso a Secretaria atribua ao
veículo um valor maior, valorizando o carro, o valor do IPVA
aumentará. Se a Secretaria apura um valor menor, há
desvalorização, o valor do IPVA para o ano seguinte diminui.
Então, o valor do IPVA teria que diminuir porque o valor do carro,
na realidade, baixou. O valor do carro usado baixou muito, e o
valor do IPVA para o ano que vem, até do ponto de vista jurídico,
tinha que abaixar. Aí há a questão da tabela, que tinham colocado
o valor menor. Como foi informado, a tabela do IPVA de 2009 deverá
ser publicada nos próximos dias. Esperamos que os técnicos da
Secretaria de Fazenda, bem como o titular do órgão, tomem como
base para o cálculo dos impostos os valores reais dos veículos,
uma vez que, em decorrência da atual crise econômica, boa parte
dos veículos apresentou sensível redução de preços. Caiu mesmo. O
preço dos veículos usados foi lá para baixo. Tenho aqui a tabela,
e fazemos uma comparação em relação à tabela da Fundação Instituto
de Pesquisas Econômicas - Fipe - e da Secretaria de Fazenda.
O Deputado Délio Malheiros (em aparte) - Deputado Weliton Prado,
V. Exa. tem razão em fazer esses questionamentos à Secretaria.
Ainda ontem, em conversa com o Sr. Secretário, ele me garantiu que
a tabela para 2009 levará em consideração o valor venal do
automóvel e que já aplicou um redutor nessa tabela. Espero que
isso aconteça, porque V. Exa., realmente, tem razão. Queria dizer
a V. Exa. que ontem fiz um alerta ao governo em todos os seus
níveis - aliás, conversei com o Secretário, o Secretário Adjunto -
de que, se insistir em exigir a partir de janeiro o IPVA dos
caminhões neste Estado, enfrentará um seriíssimo problema. São 8
mil caminhões transportadores de minério na RMBH e mais de 3 mil
de carvão na região do Vale do Jequitinhonha. Eles estão
absolutamente parados. Não têm renda para pagar a prestação e o
imposto nem para comer. Na próxima quarta, às 9 horas, já farão
uma carreata que se iniciará no Posto da Mutuca, na BR-040, em
direção ao Palácio da Liberdade, que está insistindo em cobrar o
IPVA dos caminhões parados a partir de janeiro. Disse ao
Governador do Estado, ao Secretário de Fazenda e ao Secretário
Adjunto de Fazenda que isso não tem a menor condição. Falta
sensibilidade ao governo para resolver o problema dos pequenos.
Dos grandes, todos os problemas de ICMS estão sendo resolvidos -
aliás, com justiça, porque também as usinas e as siderúrgicas
estão paradas. Realmente, é hora de olhar o lado do contribuinte.
Se insistir ou persistir nessa idéia de cobrar o IPVA a partir de
janeiro dos veículos transportadores, o governo do Estado sofrerá
sérias conseqüências, um sério desgaste e cometerá uma enorme
injustiça. Estou alertando-o para isso.
O Deputado Weliton Prado - Deputado Délio Malheiros, gostaria de
parabenizá-lo. V. Exa. poderá contar conosco nessa luta. Gostaria
de dizer, mais uma vez, que em Minas não aceitaremos nem
permitiremos isso de maneira alguma. Portanto, vamos até às
últimas conseqüências e à Justiça. Além disso, vamos mobilizar-nos
e mostrar a realidade à população. Não aceitamos qualquer
possibilidade de aumento do IPVA para o ano que vem da maneira
como está sendo anunciado pela imprensa. Isso não tem
justificativa, pois o valor do IPVA é cobrado de acordo com o
valor do veículo. Se este cai, o valor do IPVA também deve cair.
Duvido que isso aconteça. Contudo, não aceitaremos nem
permitiremos esse aumento e vamo-nos mobilizar. Em relação ao
seguro obrigatório, já iniciamos uma campanha para mexer nesse
vespeiro, a verdadeira caixa-preta da questão da Fenaseg. Já foi
realizada CPI com esse objetivo. Cobraremos uma posição do
Ministério Público Federal para que investigue de forma
qualificada e permanente todas as movimentações financeiras. Só
para finalizar, Sr. Presidente, o Deputado Federal Elismar Prado
está solicitando uma investigação na abertura de uma nova CPI.
Aprofundaremos a questão do seguro obrigatório. Não permitiremos o
aumento do IPVA para o ano que vem. Isso é injusto, pois as
pessoas já estão passando por muitas dificuldades. Se quisermos
gerar emprego e renda e aquecer a economia, este não é o momento
de o governo criar mais impostos e taxas e aumentar o valor do
IPVA.
* - Sem revisão do orador.