DEPUTADO DEIRÓ MARRA (PR)
Discurso
Comenta sua campanha eleitoral para o cargo de Prefeito do Município de
Patrocínio. Transcurso do Dia do Professor. Comenta o editorial do jornal
"Estado de Minas", intitulado "A realidade vergonhosa". Critica a
situação da educação no País e a necessidade de mudança do modelo de
gestão da educação.
Reunião
90ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 16ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 22/10/2008
Página 38, Coluna 1
Assunto ELEIÇÕES. CALENDÁRIO. EDUCAÇÃO.
Legislatura 16ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 22/10/2008
Página 38, Coluna 1
Assunto ELEIÇÕES. CALENDÁRIO. EDUCAÇÃO.
90ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª
LEGISLATURA, EM 15/10/2008
Palavras do Deputado Deiró Marra
O Deputado Deiró Marra - Sr. Presidente, Deputadas e Deputados,
ocupamos hoje esta tribuna para tratar de dois assuntos bastante
distintos. Em primeiro lugar, gostaríamos de agradecer a todos os
munícipes da cidade e do Município de Patrocínio, onde
recentemente disputamos as eleições. Temos a grata satisfação de
poder chegar aqui, hoje, e, de cabeça erguida, dizer que ali
tivemos quase 11 mil votos, enfrentando dois grupos políticos que
governam a cidade há mais de 45 anos, alternando-se no poder. Com
apenas dois anos de vida pública, elegemo-nos para o cargo de
Deputado Estadual e tivemos agora a oportunidade de levar um novo
projeto - aliás, realmente de mudança - que pudesse representar o
rompimento com essa hierarquia e com todo esse enraizamento da
política na região. Além disso, também tivemos a felicidade de ter
a aceitação de quase 30% da nossa população.
Em segundo lugar, gostaria de dizer da satisfação de ter como
nosso maior líder Jesus Cristo - Ele esteve ao nosso lado na
campanha inteira. Não tivemos apoio de ninguém, de Ministro algum,
ao contrário dos nossos adversários, que lá tiveram - os dois
grupos - Ministros do governo Lula no palanque de cada um deles.
De um lado, na campanha da chapa que se sagrou vencedora - a do
PPS e do PP -, o Ministro Dulci, dois Deputados Federais do PP e
um Deputado desta Casa; do outro lado, o Ministro Hélio Costa, o
Secretário de Agricultura, o Ministro da Agricultura. Mesmo assim
a nossa derrota para esses dois grupos políticos - que, há quase
50 anos, comandam a cidade - foi por apenas dois mil e poucos
votos. Havia do nosso lado um grupo que tinha apenas um Deputado e
quatro Vereadores. Fomos vitoriosos, pois, por várias vezes,
pedimos a participação do governo do Estado, a presença ou pelo
menos o apoio e a fala do nosso Governador, mas não os obtivemos.
Tivemos lá o sabor e a oportunidade de estar sempre defendendo
essa mudança, que é a transformação que Minas tanto difunde.
Sr. Presidente, não quero fazer retórica aqui, com base no que
foi dito por companheiros, a respeito da falta de apoio, mas, sim,
falar sobre um outro assunto. Tivemos a participação, no palanque,
de um Deputado desta Casa, do PT - partido com o qual, por sinal,
tenho a grata satisfação de aqui conviver, contando com a amizade
de todos -, o qual se arrogava o direito, não de denegrir a minha
imagem, mas, sim, de pedir votos, falando de fatos políticos como
um Deputado de primeiro mandato. Nem sequer terminou a instauração
de um possível inquérito contra mim, e já fui tachado como um
verdadeiro contraventor. Ora, no dia 21 de setembro, estávamos à
frente, nas pesquisas divulgadas. Tivemos a visita desse
companheiro.
Sempre tivemos nesta Casa um mínimo de companheirismo, de boa
convivência. Isso foi o que pude constatar neste um ano e meio. A
sabedoria que tenho adquirido com as amizades que conquisto aqui é
exemplar. Aliás, por telefone, conseguimos o apoio de vários
Deputados, que representam a grande maioria desta Casa, entre eles
o nosso amigo Eros Biondini, os Deputados Mauri Torres, Luiz
Humberto Carneiro, Lafayette de Andrada, enfim, vários
parlamentares que se dispuseram a falar bem. Jamais teria, do
fundo do coração, a vontade de pedir a alguém que falasse mal de
outra pessoa, de algum outro companheiro. Esse Deputado obteve mil
e poucos votos em Patrocínio, enquanto obtive quase oito mil em
meu primeiro cargo público. Para que ir a Patrocínio falar mal de
mim? Uma cidade onde moro, onde meus filhos moram, da qual o meu
bisavô foi o fundador, o interventor e o criador, e isso para uma
disputa política que se encerraria no dia 5 ou 6, ou seja, dali a
pouco mais de 15 dias. Para que isso? Pedir voto para o
companheiro de chapa é direito e dever de todos nós, mas ofender
os amigos aqui é demonstrar uma convivência que não temos.
Quero dizer, Sr. Presidente, que não tenho indiferença em relação
a nenhum Deputado desta Casa e não me disporia a dar nem sequer um
passo em direção a cidade alguma para falar mal de um companheiro,
principalmente desta Casa. Poderia ir, como fui, a várias cidades
pedir apoio - nas quais, aliás, havia Deputados daqui apoiando
Prefeitos de partidos contrários -, mas nem sequer mencionei
nenhum ato contra algum dos companheiros, ao contrário, sempre fiz
referência solene à amizade. O Deputado Elmiro Nascimento não está
presente, mas é testemunha disso, pois estivemos em lados opostos,
e sempre tive consideração por ele. Deixo registrada aqui a
impressão que tive, e não digo negativa, mas também não esperava
esse tipo de comportamento de companheiros e amigos da Casa.
Quero, Sr. Presidente, mudar a retórica, a face do nosso
discurso, para falarmos sobre a importância que o Dia do Professor
tem para nós. Por coincidência, o editorial do jornal “Estado de
Minas”, com o título “A realidade vergonhosa”, tem a mesma linha
de pensamento. Esse editorial demonstra isso de forma muito clara,
e parabenizo o redator Édison Zenóbio pela afirmação de que não há
o que se comemorar hoje. Os avanços na educação, aos passos
atuais, não chegarão nem em 2020, como previu o editorial;
acredito que não chegarão nem em 2030, pois há muito o que ser
feito. Verificamos isso neste ano, na conferência da educação que
houve em Brasília, onde foram apresentadas diversas sugestões ao
MEC. Muitas delas foram discutidas, mas nenhuma foi colocada em
prática. Faço questão de dizer que as diretrizes da educação são
do governo federal, e há muito a ser feito, não somente em Minas,
como dizem. A educação estadual está sendo crucificada quando há
muito mais a ser feito em nível federal.
Quero aqui relatar alguns casos que nos chamam a atenção para a
atual violência contra os professores. Isso é algo inconcebível.
Há casos narrados pelos jornais, casos ocorridos nas cidades onde
estão as nossas bases eleitorais. Como Presidente da Comissão de
Educação, Ciência, Tecnologia e Informática, temos atuado, de
forma veemente e categórica, para dar condições melhores a esses
servidores. Os jornais narraram a história da Profa. Josimari, que
sofreu verdadeira violência na sala de aula. E foram narrados
outros casos ainda piores fora de Minas, como o de um professor
que levou um tiro e está hoje paraplégico, em João Pessoa,
Paraíba. Houve uma briga, e o aluno, depois de discutir, não se
contentando em agredi-lo, deu-lhe um tiro na coluna.
No nosso Estado, temos trabalhado muito. Digo isso com muita
propriedade, pois tivemos oportunidade de, em 2007 e em meados de
2008, fazer, na região do Alto Paranaíba e em Januária, uma
verdadeira renovação dos prédios públicos na área da educação. Sem
dúvida, na reforma e na preparação das escolas, foi feito um
investimento muito superior ao de governos passados. Aí, lembro,
meus companheiros - e você, Inácio, já foi Prefeito - como os
prédios públicos estão totalmente depredados, sem haver um
verdadeiro retorno para o que é gasto. Isso nos leva a um
questionamento simples: o modelo de gestão da educação e a forma
como é apresentada a educação hoje precisam ser rediscutidos. Já
tivemos, na Casa, várias audiências públicas com esse objetivo: a
educação proposta hoje - essa educação que “muito pouco educa” ou
pouco forma nossos alunos - precisa ser realmente reavaliada. No
passado, tivemos métodos considerados hoje retrógrados, mas que
fizeram a verdadeira diferença na formação.
Ao finalizar, quero dizer que, na educação, ainda tivemos um dos
casos mais interessantes: os Prefeitos que mais investiram nessa
área não foram reeleitos. Há uma matéria do jornal “Folha de
S.Paulo” dizendo que o investimento público na educação não gera
voto nem garante reeleição. Essa é mais uma das máximas que temos
de suportar: investir na educação não dá retorno político. Ora,
isso é uma verdadeira aberração. E o homem público que visa
realmente ao contexto da sua sociedade não pode imaginar a
inclusão a não ser pelo processo da educação. Muito obrigado, Sr.
Presidente.