DEPUTADO WELITON PRADO (PT)
Discurso
Declaração de posição contrária ao veto total à proposição de lei que
proíbe a cobrança mínima por fornecedor de produto ou serviço. Lê matéria
publicada no jornal "Estado de Minas" sobre os prejuízos causados pela
queda de energia elétrica no Estado por causa das chuvas.
Reunião
59ª reunião EXTRAORDINÁRIA
Legislatura 16ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 09/09/2008
Página 45, Coluna 2
Assunto DEFESA DO CONSUMIDOR. ENERGIA.
Aparteante LAFAYETTE DE ANDRADA, ALENCAR DA SILVEIRA JR.
Proposições citadas PL 486 de 2007
VET 18515 de 2008
Legislatura 16ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 09/09/2008
Página 45, Coluna 2
Assunto DEFESA DO CONSUMIDOR. ENERGIA.
Aparteante LAFAYETTE DE ANDRADA, ALENCAR DA SILVEIRA JR.
Proposições citadas PL 486 de 2007
VET 18515 de 2008
59ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
16ª LEGISLATURA, EM 3/9/2008
Palavras do Deputado Weliton Prado
O Deputado Weliton Prado - Bom-dia a todos. Saúdo de forma
especial os alunos do Vale do Jatobá. É muito importante a
presença de vocês. A juventude tem de participar mais das
atividades desta Casa. Sempre digo que os Poderes Legislativo,
Executivo e municipal são como feijão, pois funcionam na pressão.
As demandas são muitas, e a mobilização é fundamental. É
importante que aprendam o caminho e voltem várias e várias vezes.
Sobre o veto, preocupa-me o seguinte: nenhum projeto chega ao
Plenário para ser apreciado antes de ser discutido em várias
comissões. Primeiro, passa pela Constituição e Justiça, depois vai
para as de mérito. Há um processo de negociação com o governo até
ser aprovado nesta Casa. Esse projeto foi aprovado pela maioria
dos Deputados. Não dá para entender como o projeto é aprovado pela
maioria dos Deputados, recebe um veto do Governador e os Deputados
mudam de opinião? Mudam de opinião para manter o veto do
Governador? Isso é incoerente. Precisamos defender a autonomia do
Poder Legislativo, que deve tê-la independentemente do partido
político de quem esteja no governo. Nossa independência é
fundamental. Não dá para mudarmos de opinião por causa da simples
canetada do governo. Temos que fazer uma análise crítica. Ao
estudar esse veto, preocupam-me suas contradições. É brincadeira,
pois há contradições demais. Vejam as razões da justificativa do
veto. ( Lê:) “O texto original do projeto de lei, que estabelecia
proibição a restaurantes, bares, casas noturnas e estabelecimentos
congêneres, teve sua incidência estendida a qualquer “fornecedor
de produto ou serviço” e suprimida a definição de “consumação
mínima”. Assim, a proposição, se transformada em norma jurídica,
atingirá, com efeitos negativos outras categorias de fornecedores,
que não aqueles que justificaram o projeto, como, por exemplo,
fornecedores de serviços de energia elétrica, água, planos de
saúde, aos quais a fixação de consumo mínimo é adequada e legal.”.
Legal, segundo as razões do veto do Governador. “Por outro lado, é
perceptível que o texto da proposição extrapolou a intenção dos
legisladores, com prejuízo aos próprios consumidores. São essas as
razões que me levam a opor veto total à proposição de lei em tela,
devolvendo-a ao necessário reexame desta egrégia Assembléia
Legislativa.” Vejam só: “O texto original do projeto de lei, que
estabelecia a proibição de restaurantes, bares, casas noturnas e
estabelecimentos congêneres, teve sua incidência estendida a
qualquer “fornecedor de produto ou serviço” e suprimida a
definição de “consumação mínima”.” Vejam só o tanto que isso é
perigoso. “Assim, a proposição, se transformada em norma jurídica,
atingirá, com efeitos negativos, outras categorias de
fornecedores, que não são aqueles que justificaram o projeto,
como, por exemplo, fornecedores de serviços de energia elétrica,
água, planos de saúde, aos quais a fixação de consumo mínimo é
adequada e legal. Por outro lado, é perceptível que o texto da
proposição extrapolou a intenção dos legisladores... São essas as
razões que me levam a opor veto total à proposição de lei...”.
Entendemos que a preocupação do Executivo não procede, de maneira
nenhuma. O que afirmam as razões do veto? “Fornecedores de
serviços de energia elétrica, água, planos de saúde, aos quais a
fixação de consumo mínimo é adequada e legal.”. Se é adequada e
legal, por que a preocupação com o texto aprovado? Esta é a minha
pergunta.
Vejam só: se é adequado e legal, por que a preocupação com o
texto aprovado? É muito injusto. A tarifa de energia, acima de
30kW, excluindo as pessoas de baixa renda... Mesmo não consumindo
nada, têm de pagar pela disposição do serviço de energia. O
cidadão não consumiu, por exemplo, nada de energia elétrica, mas
terá de pagar 30kW. Isso é muito injusto, e ainda terá de pagar a
taxa de iluminação. A energia é muito cara. Aliás, conseguimos uma
grande vitória: a redução, pela primeira vez na história, em 56
anos, da tarifa de energia em 17%. Não dá para entender. São
lucros fabulosos que as companhias de energia elétrica têm.
Em relação ao apagão na Região Metropolitana de Belo Horizonte,
está aqui estampado no jornal “Estado de Minas” - e, para se ter
uma idéia, Santa Luzia ainda está sem energia elétrica: “Apagão. A
vida por um fio. Corte de energia, que se arrastou na Grande BH
desde o temporal de sábado, deixou em perigo quem usa medicamento
conservado em geladeira ou que precisa ser aquecido”. Está aqui na
foto: “Sem tratamento. Renato Cosme, morador do Bairro Nova Vista,
interrompeu a diálise, pois, para usar e preservar o medicamento,
precisa de energia. Prejuízo. O comerciante Paulo Roberto de
Oliveira perdeu alimentos na geladeira e reclama do telefone de
atendimento ao cliente”. Ele não consegue falar e perdeu todos os
alimentos da geladeira. Aliás, está aqui a análise da notícia
feita pelo próprio jornal: “A desculpa de que o temporal foi mais
forte do que o esperado não tem sentido. A meteorologia previu
chuva forte e os efeitos das tempestades são imprevisíveis. As
prestadoras dos serviços mais afetados deveriam estar com todos os
seus efetivos a postos, assim como instituições e corporações que
socorrem vítimas de enchentes e desabamentos. A energia elétrica
não é questão apenas de uma casa iluminada, como mostra Renato
Cosme, que sofreu para preservar o produto que lhe garante a vida.
O pior, no momento de angústia, é ver-se perdido diante de um
telefone congestionado, que não responde ao pedido de socorro.
Faltou, ainda, a iniciativa de a concessionária comunicar-se com o
consumidor, no lugar de repetir exaustivamente as maravilhas que
realiza.”. Ninguém consegue falar nem houve comunicado. Aliás,
conversei com um jornalista da Rádio Itatiaia, que me relatou a
mesma coisa.
Está aqui a análise da notícia. Na tarifa de energia, o cidadão é
obrigado a pagar a consumação mínima. Em relação à tarifa
residencial, o consumidor tem que pagar 42% de ICMS, que é a
cobrança por dentro. A conta é muito cara, mas, infelizmente, não
há a manutenção das redes, que é necessária. O cidadão tem que
pagar a consumação mínima, o ICMS caro e a conta cara. A conta é
cara e, infelizmente, deparamos com esse veto totalmente
contraditório.
O Deputado Lafayette de Andrada (em aparte)* - Esse projeto
tratava da consumação mínima nos bares e nos restaurantes. Esse
era o objetivo inicial do autor do projeto, que é uma discussão
razoável. Ocorre que, durante a tramitação do projeto, aconteceram
algumas emendas que deturparam um pouco, na letra da lei, o seu
objetivo inicial. Essa foi a razão do veto. O texto ficou escrito
de maneira a proibir a tarifa mínima em conta de luz, de água, de
telefone e de serviço de saúde. São coisas que a lei permite. Como
o texto ficou mal formulado, possibilitando essa interpretação,
veio o veto, que não é contra a iniciativa inicial do proponente,
que queria proibir qualquer consumação mínima em bares e em
similares. O governo não tem opinião relativa a terminar com a
consumação mínima. É razoável propor isso. Ocorre que, da forma
como o texto está formulado, está indo de encontro à lei que
permite a consumação mínima para tarifas de outros serviços. O
veto veio só por isso. Esse esclarecimento é importante.
O Deputado Weliton Prado - Agradeço a contribuição de V. Exa. É
justamente esse ponto abordado pelo Deputado Lafayette de Andrada
que defendemos: tem que haver outras formas de cobrar pela
disponibilização do serviço. É injusto que o cidadão não consuma e
seja obrigado a pagar. Se o sujeito passou dois meses viajando,
não consumiu energia, mas terá que pagar a taxa de 30kW/h por mês.
Isso é injusto. Da mesma forma, o cidadão terá que pagar a taxa de
iluminação pública, que é muito cara.
O que mais me revolta e à toda a população é a ausência da
manutenção das redes. Essa é uma grande preocupação da população.
O governo luta muito, os seus acionistas têm grande parte dos
dividendos, mas têm que cumprir suas funções e fazer a manutenção
das redes. Mas isso não vem acontecendo. Qual é a justificativa da
Cemig em relação a ter uma das mais caras energias do País? Dizem
que é devido à qualidade da energia de Minas. Dizem que a energia
de Minas é a melhor energia do Brasil. A justificativa para a
energia ser cara é que é a melhor energia do Brasil. Mas, desde
sábado, a população de Belo Horizonte está sem energia. Isso está
noticiado em todos os jornais. Essa é a situação das redes em Belo
Horizonte, em Santa Luzia, em Contagem, em Betim e praticamente em
todo o Estado de Minas Gerais. Isso é preocupante. Qualquer
temporal ou qualquer chuvinha faz com que a população corra o
risco de conviver com o apagão.
“Apagão, a vida por um fio”. Esta é a manchete do jornal,
mostrando a situação do Sr. Renato, que faz hemodiálise e corre o
risco de perder a vida. A questão é muito séria. O corte de
energia arrastou toda a grande Belo Horizonte desde sábado. Quem
utiliza medicamentos que ficam conservados em geladeiras passa por
muitas dificuldades.
O Sr. Presidente - A Presidência solicita ao Deputado Weliton
Prado que se atenha à discussão do veto, em cumprimento ao
disposto no art. 83 do Regimento Interno.
O Deputado Weliton Prado - Sr. Presidente, com todo o respeito,
“data maxima venia”, quero dizer as razões do veto. Aqui estão as
palavras e a assinatura oficial do Palácio da Liberdade. O veto do
Executivo está assim fundamentado: “Assim, a proposição, se
transformada em norma jurídica, atingirá, com efeitos negativos,
outras categorias de fornecedores, que não aqueles que
justificaram o projeto, como, por exemplo, fornecedores de
serviços de energia elétrica, água, planos de saúde, aos quais a
fixação de consumo mínimo é adequada e legal.”. Discordo.
Definitivamente, não concordo com essa prática de cobrança, com
base, aliás, no princípio a que se referiu o Deputado Lafayette de
Andrada. Ele demonstrou preocupação, porque houve emendas ao
projeto. Estou, por essa razão, defendendo a derrubada do veto.
Acho injusto uma pessoa que fez uma viagem e não consumiu energia
nem água ter de pagar a consumação mínima de energia e de água.
Isso está na fundamentação do projeto. As palavras estão aqui
registradas. Então, Sr. Presidente, “data maxima venia”, estou-me
atendo totalmente ao tema.
Em relação ao projeto original, não entendi exatamente o ponto
que o Deputado aborda: se é adequado e legal, por que a
preocupação com o texto aprovado? Por que essa preocupação? Esse é
o debate que queremos fazer. E, se há tanto recurso, por que não é
feita a manutenção das redes? A população da região metropolitana
e do Estado vive em eminente risco de apagão total de energia.
Deixamos claro nosso posicionamento: defendemos os garçons. Há
alguns meses, tive oportunidade de fazer um debate com a categoria
em Uberlândia. Eles são pessoas guerreiras, trabalhadores,
sofridos. O projeto, de certa forma, garantia o respeito a esses
profissionais. Em seu art. 1º, lemos: “Fica vedada a cobrança de
compensação mínima por fornecedor de produto ou serviço. O
descumprimento do dispositivo dessa lei sujeita o infrator à
penalidade prevista na Lei nº 8.708, de 11/9/1990”. Não iria
prejudicar em nada as contribuições voluntárias para os garçons.
Não haveria nenhum prejuízo para essa categoria profissional.
“Como efeito, o mencionado diploma legal proíbe não somente a
venda casada...” Esse é outro problema. Isso configura venda
casada, e venda casada é estritamente proibida pelo Código de
Defesa do Consumidor. A prática da venda casada é proibida por
lei. Da maneira como se estabelecem as tarifas de água, de energia
elétrica e dos planos de saúde, fica configurada a venda casada.
Isso é ilegal. Se é venda casada, não é legal, fere o Código de
Defesa do Consumidor.
Prossigo minha intervenção com a leitura de matéria publicada no
“Estado de Minas”. (-Lê:)
“Desde domingo, os envelopes com o líquido para tratamento de
diálise peritonial de Renato Cosme, de 35 anos, em vez de serem
aquecidos por três minutos no microondas, tomam “banho de sol” de
quatro horas em um canto do terreiro da casa. Morador do Bairro
Nova Vista, na região Leste, ele é um dos moradores dos mais de 10
mil imóveis da Grande Belo Horizonte que ficaram sem energia por
três dias. Sem esquentar o medicamento, Renato sofre com fortes
tremedeiras, e o tratamento teve de ser alterado nos últimos dias
por causa do apagão depois do temporal de sábado. Até o início da
tarde de ontem, passadas 70 horas, 5 mil residências continuavam
sem eletricidade, e diversos moradores da Capital tiveram de mudar
a rotina diante da impossibilidade de fazer simples tarefas, como
lavar roupas ou ligar os computadores. À noite, a Cemig divulgou
nota informando que, à 16h30min, havia regularizado todo o serviço
na Grande Belo Horizonte.
Além das quatro sessões diárias de diálise, Renato recebe doses
de insulina e, para não perder o medicamento, teve de levá-los
para a casa de parentes e amigos, mantendo-os em geladeira. Em
temperatura ambiente, há riscos de perda do produto e o Sistema
Único de Saúde - SUS - só repõe o estoque no mês seguinte. Segundo
ele, uma solução seria o aquecimento no fogão, em banho-maria,
mas, nesse processo, o remédio sofre modificações e o efeito não é
o mesmo. “À noite, está impossível fazer a troca, pois não tenho
luz elétrica nem aquecimento solar. Só eu sei os riscos que
enfrento”, afirma.
No caso da família do comerciante, Paulo Roberto de Oliveira, 43
anos, o drama é menor, mas a falta de luz mudou o ritmo da casa em
que mora com a mulher e duas crianças. Antes de sair para o
trabalho, ele tem de ir à casa da mãe, em outro bairro, para tomar
banho. Já os filhos, Júlia, de 5 anos, e Mateus, de 6, antes de
seguirem para o colégio, tomam o famoso banho de gato, com água
esquentada em uma panela e uma flanela para limpar a sujeira. “Não
temos o que fazer, só esperar. Ligamos para a Cemig e o telefone
só dava ocupado”. Além dos problemas com a falta do aquecedor,
agora encostado em um canto da área de serviço, a pilha de roupas
aumenta e, em alguns dias, a família já não terá o que vestir.
A geladeira do vigilante Roberto Costa segue vazia, pois quase
todos os alimentos estragaram. Ele e a mulher esperam resposta da
Cemig para voltarem à rotina. É um transtorno enorme. A única
reação é ligar para saber a previsão da volta do fornecimento. Se
for entrar na Justiça, precisa arcar com os gastos, e, muitas
vezes, o resultado é o gasto superior ao do valor do produto.
Segundo o gerente de Operação de Distribuição Centros da Cemig,
Danilo Gusmão Araújo, a demora no restabelecimento da energia deve-
se à intensidade dos ventos, com rajadas de até 80km/h, e a
dispersão dos pontos atingidos. “Todo nosso contingente está em
serviço. Até o meio-dia de domingo, 81% dos casos haviam sido
resolvidos e 70% dos remanescentes foram solucionados até a meia-
noite. No entanto, o posicionamento retardou a normalização”. De
acordo com a Cemig, a média diária de clientes sem energia varia
entre 1.500 e 2 mil casos. Hoje está prevista a apresentação de
comparativo da situação de sábado com casos de anos anteriores.
Para o sábado, a central de climatologia previa pancadas de
chuva, mas o temporal foi mais forte do que o esperado. De acordo
com a empresa, além das equipes em serviço, outras 30 estavam de
plantão. No começo da noite de ontem, nove pontos concentravam a
maior parte do apagão, com 1.500 imóveis ainda sem energia e
pontos diversos somavam outros 500 focos.
Os consumidores que não tiveram a energia restabelecida devem
ligar para o número 116 e pedir solução. Caso o pedido não seja
atendido, o morador pode telefonar para a Agência Nacional de
Energia Elétrica - Aneel -, para o número 144 ou se comunicar pelo
endereço eletrônico www.aneel.gov.br. A reguladora estabelece
índices de qualidade para as distribuidoras, de acordo com a
continuidade do fornecimento de eletricidade e o número de horas
por mês. Se as metas não são cumpridas, a empresa está sujeita à
multa, que varia de acordo com a quantidade de clientes. Segundo a
Cemig, todos os casos serão analisados e os prejuízos ressarcidos,
como exige a Aneel.
De acordo com a Resolução nº 61/2004 da Aneel, o cliente tem até
90 dias, a partir da ocorrência, para pedir ressarcimento à
distribuidora. Devem ser informados data, horário e cópia mais
recente da conta de luz, além das características do aparelho
danificado. Isso é importante. A empresa tem até 20 dias para
inspecionar o produto e dar um parecer. Em caso de concordância
com o pedido, o consumidor deve ser ressarcido em até 90 dias”.
Concedo aparte ao Deputado Alencar da Silveira Jr., Presidente do
América.
O Deputado Alencar da Silveira Jr. (em aparte)* - Depois V. Exa.
lê para mim a parte de esportes. Acho importante V. Exa. subir à
tribuna e ler um jornal. Acho também importante o assunto que
traz. Se fosse editor do jornal, reclamaria, porque ninguém iria
comprar o “Estado de Minas”; como V. Exa. está fazendo a leitura
de uma página que gostaria de ler, pude economizar.
V. Exa. traz um assunto interessante. Todos os Deputados devem
usar a tribuna para manifestar sua indignação contra esses fatos
que ocorreram em Belo Horizonte. A população mineira não pode
aceitar isso, a população mineira não pode aceitar um apagão como
esse, porque temos a melhor energia do Brasil. Temos uma Cemig que
faz a sua parte. Acredito que o Presidente da Cemig convocará os
responsáveis para cobrar posições. Estou falando como mineiro,
como belo-horizontino e como brasileiro. O homem está indo à lua,
onde não falta energia. Vamos nos lembrar disso. Estamos nos
comunicando com todos os locais, a energia está aí. O governo
Aécio Neves realizou um trabalho bonito e saudável, ou seja,
colocou energia elétrica em todos os rincões de Minas. Será que
isso causou essa falta de energia em Belo Horizonte?
V. Exa. está de parabéns pelo assunto levantado, mas, depois que
se transformou em candidato a Prefeito de Uberlândia, no
Triângulo, sua criatividade está se acabando? V. Exa. está
ocupando a tribuna para ler jornal? V. Exa. já foi mais ferrenho
antes de ser candidato a Prefeito. Estou desconhecendo V. Exa.,
estou desconhecendo o companheiro ferrenho que sempre tivemos
nesta Casa. Tenho a certeza de que os eleitores não querem ver V.
Exa. ler jornal nessa tribuna. V. Exa. vai ficar lendo jornal?
Depois fará a leitura da seção de esportes e da parte policial,
que também são muito importantes.
Hoje pela manhã, quando vinha de táxi para a Assembléia, corri os
olhos pelas páginas de um jornal que pedi emprestado ao taxista.
Como o trajeto foi curto, li pouca coisa. A minha intenção era
comprar o “Estado de Minas”, mas V. Exa. o está lendo. V. Exa. já
foi mais criativo. Sugiro que pinte a cara, como está nos
cartazes, e faça um rabinho de cavalo. Estou desconhecendo V.
Exa., porque, pelo jeito que está agindo creio que está se
transformando em governo. Quero saber se na sua cidade haverá
passe escolar, pelo qual tanto brigamos, se fará tudo o que
prometemos aqui. Do jeito que está hoje nessa tribuna,
aproveitando a audiência da TV Assembléia, que criamos há 12 anos,
V. Exa. não está fazendo sua parte. Quero ver o Deputado Weliton
Prado, o Deputado ferrenho, mas V. Exa. está fazendo leitura de
jornal. Está parecendo Deputado velho. Não. V. Exa. precisa dizer
que a Cemig não pode agir dessa forma. Não estou aqui para ensinar-
lhe nada, mas para sugerir que V. Exa. volte ao seu estilo
aguerrido.
Gostaria de enviar um recado aos seus oponentes em Uberlândia:
não se pode usar a TV Assembléia para fazer campanha eleitoral. O
Juiz poderá impugnar a outra candidatura e dará direito de
resposta. Esta Casa não pode ser usada em campanha política. V.
Exa. não pode fazer propaganda, ninguém pode pegar imagens
gravadas aqui e fazer propaganda em horário nobre. Aqui fica o
recado. Do jeito que estão fazendo com V. Exa. estão fazendo com
outros candidatos, ou seja, pegando gravações de debates feitos
nesta Casa para exibi-las no programa eleitoral. As discussões
feitas aqui não se referem à cidade onde V. Exa. é candidato, mas
ao Estado. Se V. Exa. é candidato lá, ninguém pode usar imagens
dos debates feitos aqui e exibi-los no programa eleitoral.
Espero que V. Exa. volte a ser um Deputado ferrenho. Estou
achando que está se transformando em governo. Depois de tomar
posse, não irá denunciar mais nada. Como ficarão o nosso passe
escolar e todas aquelas coisas pelas quais tanto brigamos aqui?
Não leia jornal, continue sendo um parlamentar ferrenho. Faça seus
pronunciamentos, mas não dessa forma. Todos lêem o “Estado de
Minas”, que é o maior jornal dos mineiros. Todos estão lendo o que
está escrito aí. V. Exa. poderá dizer o seguinte: “Se o seu
eletrodoméstico queimou, reclame na Cemig, porque ela tem de pagar
por isso”. A Cemig está sabendo de tudo. Tenho certeza de que o
Presidente Djalma e toda a direção da empresa estão conscientes de
todos esses problemas. Pelo pouco que o conheço, hoje, depois
desse apagão, depois de tudo o que aconteceu, deve estar muito
bravo, deve estar tomando providências, deve estar mudando muita
coisa, porque esses fatos não voltarão a acontecer. A natureza se
manifestou, mas a Cemig deve estar prevenida para evitar as
conseqüências. Não podemos aceitar que esses problemas ocorram
novamente.
A Cemig tem a melhor energia do Brasil. V. Exa. já criticou muito
essa empresa em relação a preço e outros itens, mas ela reduziu os
preços. O órgão regulamentador federal conseguiu reduzir os preços
no Brasil inteiro, mas desejamos o serviço. Pelo pouco que conheço
o Dr. Djalma, pode ter a certeza de que isso não acontecerá mais,
porque nenhum mineiro nem a direção da Cemig desejam isso. Tenho a
certeza de que o Governador Aécio Neves, depois que aconteceu
isso, deve estar muito bravo. Isso não acontecerá de novo, devido
à seriedade da direção da Cemig. Depois, V. Exa. poderia ler sobre
esporte para nós? Obrigado.
O Deputado Weliton Prado - Agradeço a contribuição do Deputado
Alencar da Silveira Jr. É importante estarmos em um regime
democrático, em que todos tenham o direito de se expressar como
bem entender e com responsabilidade. Mesmo discordando de alguns
posicionamentos de V. Exa., respeito a sua opinião. Por isso,
defendemos a autonomia deste Poder.
O projeto de lei que deu origem à Proposição de Lei nº 18.515 foi
aprovado pela maioria dos Deputados desta Casa. Temos de solicitar
que o governo respeite o posicionamento dos Deputados que
aprovaram esse projeto, depois de uma discussão do ponto de vista
legal e constitucional. Ele foi discutido também com o governo.
Não há justificativa para esse veto. Os Deputados seguiram o
posicionamento do governo. Por isso, é fundamental derrubarmos
esse veto. Esperamos que essas situações não se repitam mais, mas,
para isso, tem de haver investimento na manutenção. E isso não tem
sido feito. Com muita firmeza, denunciamos nesta Casa que a
energia em Minas Gerais era 17% mais cara que na Bahia, 30% mais
cara que no Ceará, 43% mais cara que no Rio de Janeiro, 44% mais
cara que em Santa Catarina, 47% mais cara que em Goiás, 48% mais
cara que no Rio Grande do Sul, 49% mais cara que no Espírito
Santo, 61% mais cara que no Pará, 72% mais cara que em Brasília,
76% mais cara que em São Paulo e 107% mais cara que no Amapá. A
justificativa para isso é a qualidade, mas não estamos vendo isso.
As razões para o veto entram em contradição. Os jornais divulgaram
o apagão ocorrido na Região Metropolitana, principalmente em Belo
Horizonte. O Deputado Alencar da Silveira Jr. falou sobre a
leitura do jornal. Temos de ter muita responsabilidade, pois
estamos em um período eleitoral e não podemos fazer da tribuna um
palanque. As eleições não podem atrapalhar o funcionamento desta
Casa, e não podemos utilizar a tribuna para fazer campanha. Temos
de respeitar a legislação eleitoral. Por isso, não entrarei no
debate pontuado por V. Exa. quanto a questões que sempre
defendemos e continuaremos defendendo. Se entrarmos nesse debate,
feriremos a legislação eleitoral.
Sr. Presidente, defendo a derrubada do veto. Temos todas as
possibilidades para isso, pois o veto é incoerente e fere a
legislação.