DEPUTADO DOMINGOS SÁVIO (PSDB), Autor do requerimento que deu origem à reunião especial.
Discurso
Legislatura 15ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 21/12/2006
Página 57, Coluna 3
Assunto CALENDÁRIO.
Proposições citadas RQS 2189 de 2006
49ª REUNIÃO ESPECIAL DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 15ª LEGISLATURA, EM 15/12/2006
Palavras do Deputado Domingos Sávio
Exmo. Sr. Deputado Fábio Avelar, Vice-Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais, meu querido amigo, que aqui representa o nosso Presidente, Deputado Mauri Torres; Exmo. Prof. Carlos Moacyr Duarte Meira de Aguiar, Diretor-Geral da Fadom, prezado amigo; Exmo. Prof. João Meira de Aguiar, Vice-Presidente de Relações da Sociedade Educacional e Cultural de Divinópolis, mantenedora da Fadom; Exmo. Sr. Rinaldo Valério, Vice-Prefeito de Divinópolis e Deputado eleito, prezado amigo; Exmo. Sr. Vereador Vladimir Azevedo, que aqui representa a Câmara Municipal de Divinópolis, amigo e companheiro de lutas políticas e que nos alegra muito com sua presença; Profa. Maria Inês Resende Ribeiro Coelho, Diretora de Assuntos Comunitários da Fadom; Prof. Macy Luiz de Paula, Diretor Administrativo da Fadom, estendo os meus cumprimentos a todos os professores, funcionários, cidadãos e cidadãs que aqui vieram. De modo especial, demonstro a alegria de rever e ter conosco a MM. Juíza Dra. Efigênia, por quem toda Divinópolis tem um carinho e respeito todo especial, e o Dr. Expedito Lucas, nosso eterno Promotor de Justiça, meu irmão e prezado amigo.
Inicialmente, gostaria de manifestar a minha alegria, como divinopolitano, como ex-aluno da Fadom, como cidadão e, especialmente, como representante do povo mineiro, por fazer esta justa homenagem.
Homenagem para nós nada mais é do que o símbolo do reconhecimento, do agradecimento; e, com certeza, Prof. Carlos Moacyr, Prof. João Meira, nosso guru e mestre, esta é uma homenagem mais que merecida. Motivos não faltam para que todos estejamos agradecidos à Fadom, pois 40 anos são uma história, que todos sabemos, Prof. João Meira, confunde-se com sua história de vida, de dedicação, de entrega pessoal.
Da mesma forma, ocorreu com tantos outros que estavam ao seu lado, os Drs. Hélio Lopes Ribeiro, Altamiro Santos e Iraci Manata, além de outros visionários que, sob a liderança e inspiração de vocês, começaram a sonhar juntos e a fazer desse sonho uma realidade.
Realidade que, ao longo desses 40 anos, promove o saber e, como conseqüência natural, o desenvolvimento e melhor qualidade de vida em Divinópolis, no Centro-Oeste mineiro, e hoje se consagrando como uma das mais respeitadas instituições de Minas e do Brasil, ultrapassando as fronteiras do País ao conquistar prêmios internacionais nas mais sérias competições na área de direito internacional.
É sempre bom relembrar a história, até porque ela nos dá o rumo certo. A história da Fadom é uma história de lutas, pois são 40 anos numa cidade de tradição empreendedora, cidade marcada por homens visionários como Antônio Olímpio; cidade industrial erguida sob a visão de Jovelino Rabelo; cidade de política feita com amor, com uma história que nos deixou grandes figuras, como o Dr. Sebastião, Fábio Notini, Alvimar. Não seria justo limitar-nos a esses, mas é apropriado dizer que cada um, a sua maneira, colocou a sua pedra do saber e do desenvolvimento nessa construção, nesse projeto de uma cidade vocacionada para ser pólo e de natureza cosmopolita como Divinópolis, que acolhe a todos que chegam com amor e vontade de trabalhar, como aconteceu comigo quando cheguei da pequenina e querida São Tiago. Uma cidade que acolhe os que vêm do interior de Minas Gerais e também de outros Estados, e até outras nações.
Faltava no arcabouço desse projeto fantástico a indústria do saber. Era necessário que alguns homens com visão de futuro e espírito público se unissem para criar, em 1966, a Faculdade de Direito do Oeste de Minas. Época de dificuldades e de esperanças, cada um as interpretando a sua maneira. O País vivia uma realidade institucional difícil, e era muita ousadia criar essa faculdade no início de uma era de exceção, que, como todos sabemos, foram os anos que se seguiram ao Golpe de 1964.
Ali, havia homens de bem, sérios, livres, de bons costumes, comprometidos com a construção de uma sociedade mais justa e que, talvez por isso, com menos de uma década de história, já passavam pelos sobressaltos de ver uma diretoria séria, íntegra, livre, ser cassada, ser destituída, mas não abafada ou calada.
E, com o mesmo ímpeto, os Profºs. João Meira e Altamiro e tantos outros mantiveram-se na trincheira da luta pelo Estado de Direito e pela construção da indústria do saber no Centro-Oeste mineiro. Assim, tempos difíceis como aqueles foram superados. Tempos em que a história nos mostra - alguns aqui presentes testemunharam - a prisão do nosso guru, mestre do saber e da sensibilidade humana, Prof. Simão Salomé, da Fadom, detido e preso. A Fadom não se sentiu presa ou detida, pois não havia nada capaz de detê-la. Os sonhos e a disposição de João Meira, Altamiro, Hélio e tantos outros eram forjados no mais profundo e na mais íntima constituição da alma humana. Essa constituição não suporta atos institucionais ou qualquer medida arbitrária, mas é movida pelas leis divinas. Essas sementes de inspiração fizeram com que a Fadom superasse os anos difíceis e continuasse na trilha do saber, oferecendo ensino de qualidade com responsabilidade.
Dou um salto no tempo para recordar-me de um período em que testemunhei de perto a responsabilidade, a seriedade e o zelo daquela instituição. Com a vocação para a vida pública já aflorando ou dominando minha disposição para contribuir e participar, em 1988, médico veterinário formado e atuando em Divinópolis, ingressei no curso de Direito da Fadom. Simultaneamente, ingressei na atividade pública, candidatando-me a Vice-Prefeito do saudoso Jaime Martins. O rigor, as exigências presenciais e a seriedade da Fadom não me possibilitaram trilhar os dois caminhos simultaneamente. Só pude retornar à Fadom para fazer uma pós-graduação em 2005, realizando o sonho antigo de familiarizar-me mais com o direito, ciência que contribui para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna.
Ao longo desse tempo, quando Prefeito de Divinópolis em 1997, pude ser testemunha do nascimento do DAG e estar ao lado desses bravos dirigentes, com a presença dinâmica do Carlos Moacyr e da sua equipe. O DAG prestou e presta tantos serviços ao povo daquela cidade, especialmente aos que precisam de acompanhamento jurídico, e aos alunos, que passam a ter uma vivência completa da operação do direito por meio desse trabalho de assistência jurídica, desenvolvido com muita competência e seriedade pela instituição. Ainda como Prefeito, tive a alegria de partilhar de um sonho que se transformou em realidade, a construção do Campus Verde, quando encaminhei o projeto de lei que tratava da doação de terreno. Tantas vezes fui com Carlos Moacyr e João Meira ao gabinete do Deputado Federal Aécio Neves buscar apoio e incentivo para a materialização de um projeto de tão alta envergadura.
Devemos registrar, até por uma questão de justiça, que ali nunca nos faltou apoio, e foram muitos os cursos superiores que naquela época - final da década de 90, final do século - a Faculdade de Direito - hoje, Faculdades Integradas do Oeste de Minas - encaminhava ao Ministério da Educação, em Brasília, juntamente com os projetos de implantação do “campus”.
Assim, vimos de perto, em tempos mais recentes, germinar essa semente plantada com tanto carinho pelo Dr. Hélio, o Prof. João Meira, o Dr. Altamiro e o saudoso Prof. Manata, de quem certamente o Prof. João Meira tem importantes recordações. Fui privado de sua convivência, mas há poucos dias ouvi, de Rinaldo Campos Soares, seu sobrinho, Presidente da Usiminas, e de Marco Antônio Manata, comentários sobre o sonho e o entusiasmo que ele compartilhava com os Drs. João Meira, Altamiro e Hélio, nos idos da década de 60, quando se reuniam ora na casa do Dr. Armando Soares, ora na casa do Dr. João Meira. Aquele sonho - para alguns, uma utopia, quase um delírio - era o de criar uma faculdade de Direito nos rincões do Centro-Oeste, na nossa querida Divinópolis.
Portanto, essa história, que hoje completa 40 anos, é muito mais do que um passado de lutas e de glória; é um presente, que, de alguma forma, extrapola o significado de tempo - é um presente, no sentido de presentear, de ser permanentemente uma fonte de benevolência e de doação. São mais de 16 mil alunos que por ali já passaram! É uma história que continua cada dia mais pujante: hoje, com mais de dez cursos superiores de graduação e pós-graduação; uma história que mostra uma instituição que extrapola os limites do convencional: ainda como faculdades integradas já tem o perfil de uma universidade, ultrapassando outras unidades ou instituições com algumas décadas de atuação nesse campo, com uma área de comunicação que, em cinco anos ou poucos mais, já se mostra referência, com rádio, televisão e estruturas operacionais adequadas para oferecer a seus alunos o que há de mais moderno e eficiente. Mas, acima de tudo, está sempre no princípio norteador do direito, da liberdade plena de expressão e da democracia como fundamento basilar das motivações ideológicas, que não foram outras, ainda que seja essencial que uma instituição como essa tenha administradores sérios e firmes, que cuidem do equilíbrio e da gestão financeira e administrativa.
Quantos sonhos como esse não desmoronaram, deixando órfãos os seus alunos, com cursos inconclusos, por falta de uma gerência responsável, equilibrada, preparada? Ou seja, soma-se à capacidade de sonhar a capacidade de administrar e de zelar para que essa indústria do saber não seja mera história do passado, mas um presente e, mais do que isso, um futuro cada vez melhor, em que a interiorização do saber não seja mais um reclame, um sonho distante, mas uma realidade.
Quantos alunos não se deslocaram de Belo Horizonte para ir cursar, em Divinópolis, o respeitado curso de Direito da Fadom, e quantos outros não vêm dos vários cantos de Minas e do Brasil para se matricular nos diversos cursos ali hoje oferecidos!
É por essas razões, Sr. Presidente e Prof. João Meira, a quem me dirijo de forma respeitosa, que estendo essa saudação, mais uma vez, a todo o corpo docente, aos alunos, aos funcionários e, de certa forma, ao povo de Divinópolis, para dizer: muito obrigado!
A homenagem que o senhor e que a Fadom aqui recebem do povo mineiro tem o objetivo de agradecer-lhes tratarem com responsabilidade, seriedade e competência algo sagrado como o direito e o saber. Parabéns. Que possamos continuar juntos, festejando e trabalhando por um mundo melhor. Muito obrigado.