DEPUTADO ANTÔNIO JÚLIO (PMDB)
Discurso
Comenta o projeto de resolução, de autoria da Comissão de Constituição e
Justiça, que delega ao Governador do Estado atribuição para elaborar leis
destinadas a alterar a estrutura da administração direta e indireta do
Poder Executivo. Comenta a atuação da Polícia Militar do Estado de Minas
Gerais - PMMG -, que impediu a entrada dos manifestantes do Município de
Pequi na Assembléia Legislativa.
Reunião
61ª reunião EXTRAORDINÁRIA
Legislatura 15ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 20/12/2006
Página 37, Coluna 2
Assunto (ALMG). SEGURANÇA PÚBLICA. ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL.
Proposições citadas PRE 3768 de 2006
Normas citadas RAL nº 5294, de 2006
Legislatura 15ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 20/12/2006
Página 37, Coluna 2
Assunto (ALMG). SEGURANÇA PÚBLICA. ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL.
Proposições citadas PRE 3768 de 2006
Normas citadas RAL nº 5294, de 2006
61ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
15ª LEGISLATURA, EM 12/12/2006
Palavras do Deputado Antônio Júlio
O Deputado Antônio Júlio* - Sr. Presidente, Srs. Deputados e
Sras. Deputadas, hoje chegou o momento crucial em que o Parlamento
delega ao Governador as prerrogativas desta Casa. Mas queria
chamar a atenção dos Srs. Deputados e das Sras. Deputadas sobre o
perigo que é uma lei delegada que ainda nem foi aprovada. Foi a
situação que vivemos aqui nesta Casa ontem, quando a Polícia
Militar fez uma barreira na porta principal da Assembléia
Legislativa, não permitindo que os manifestantes da cidade de
Pequi, que estão passando por sérias dificuldades, pudessem
adentrar esta Casa. Será que já é em vista da lei delegada, que já
vivemos em um regime de ditadura no Estado de Minas Gerais, onde
esses mesmos manifestantes não puderam andar até o Palácio da
Liberdade, que hoje já não se chama mais Palácio da Liberdade, que
perdeu também esse nome? Os manifestantes foram proibidos de
caminhar até essa praça. E depois impedidos pela Polícia Militar
de estar aqui, no Parlamento, que é a Casa do povo. Será que já em
vista da lei delegada? Uma situação que não vimos nem na época da
ditadura.
E nós, Deputados, vimos vários desses manifestantes passarem pela
porta, os quais fizeram de conta que não estava ocorrendo nada.
Acontecimento grave, Deputado Carlos Gomes. Nós, do PMDB,
enfrentamos a ditadura, fomos para as ruas lutar pela liberdade,
pela nossa democracia. Este Parlamento tinha que estar fechado
hoje, esperando uma resposta da Polícia Militar. Quem determinou
aquela invasão, ocorrida ontem, por parte da Polícia Militar,
aqui, nesta Casa. Poderia ter havido uma grande confusão, Srs.
Deputados. A segurança da Assembléia agiu rapidamente e pediu que
a Polícia saísse da porta da Assembléia Legislativa, dando
liberdade aos manifestantes. Nem em épocas de grandes
dificuldades, de manifestações feitas aqui, este Parlamento chamou
a polícia.
Está presente no Plenário o nosso eterno Presidente Agostinho
Patrus, quantas reuniões pesadas tivemos aqui e solicitamos a
própria polícia da Casa, que é a nossa segurança. E ontem,
infelizmente, vimos essa agressão à democracia.
Presidente Deputado Mauri Torres, alguém tem que responder a essa
agressão que houve ontem contra manifestantes de Pequi e contra
esta Casa. Não é agressão física. Não houve porque os
manifestantes eram pessoas pacatas, que vieram apenas pedir o
apoio do parlamento “do Sr. Governador”, para que pudesse resolver
junto ao Tribunal de Justiça o que está afligindo o Município de
Pequi. Infelizmente, vimos essa agressão dura. Senti-me, ontem,
humilhado, parecia que estávamos voltando aos anos de 1974 e 1976,
época da ditadura, em que as perseguições foram muito maiores do
que no golpe de 1964. Naqueles anos, não podíamos nos reunir.
Quando saíamos para uma manifestação de estudante, imediatamente a
polícia descia o cacete em todo mundo. Não se podia reunir nem
para discutir as questões mais banais que havia naquele momento.
Não estávamos discutindo o regime nem o que estava ocorrendo na
ditadura. Queríamos, às vezes, discutir alguns projetos e algumas
idéias, no entanto a polícia impedia. Ontem, Deputado Gil Pereira,
vimos isso aqui. Foi uma agressão à democracia e à liberdade.
Alguém tem de responder por isso. Esta Casa precisava parar hoje.
Não podíamos votar uma lei delegada enquanto a Polícia Militar,
por meio do seu comando, não viesse justificar de quem partiu a
ordem. Até agora, ninguém a assumiu. Os policiais que estavam aqui
vieram cumprir ordens. É isso que temos cobrado, Sr. Presidente.
Aprovamos, hoje, um requerimento solicitando que o Comando da
Polícia Militar forneça essas informações. Por que houve o aparato
de guerra, ontem, em frente ao Tribunal de Justiça? Por que vieram
fazer um cordão de isolamento na Assembléia? Pelas informações,
não foi o Presidente nem o 1º-Secretário que solicitou. Não temos
mais a figura do corregedor. Não foi a segurança desta Casa.
Aliás, esta agiu rapidamente, pedindo que a polícia se afastasse
da porta da Assembléia. Isso não pode passar impune, pois é uma
agressão à democracia e à liberdade. Precisamos reagir. Esperamos
que os Srs. Deputados façam uma reflexão até amanhã, pensando no
que se passou ontem, aqui na Assembléia. Não tivemos problemas
maiores pelo fato de as pessoas que estavam aqui serem pacatas.
Volto a repetir, houve uma agressão à democracia e à liberdade na
porta da Assembléia. Esta Casa está fingindo que não houve nada. O
que ocorreu é muito grave. Muito obrigado, Sr. Presidente.