DEPUTADO ANTÔNIO JÚLIO (PMDB)
Questão de Ordem
Comenta manifestação de moradores do Município de Pequi no Tribunal
de Justiça do Estado de Minas Gerais - TJMG - em virtude do arresto de
receita determinado para pagamento de precatório, impedida pela Polícia
Militar do Estado de Minas Gerais - PMMG.
Reunião
94ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 15ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 14/12/2006
Página 38, Coluna 3
Assunto JUDICIÁRIO. SEGURANÇA PÚBLICA. ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL.
Legislatura 15ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 14/12/2006
Página 38, Coluna 3
Assunto JUDICIÁRIO. SEGURANÇA PÚBLICA. ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL.
94ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 15ª
LEGISLATURA, EM 12/12/2006
Palavras do Deputado Antônio Júlio
O Deputado Antônio Júlio - Sr. Presidente e Srs. Deputados, a
minha fala é rápida, apenas para fazer uma denúncia; mais uma que
estamos fazendo quase diariamente e que infelizmente não está
provocando eco. É uma questão sobre a cidade de Pequi, que sofreu
intervenção do Tribunal de Justiça, que determinou o arresto de
todos os recursos da Prefeitura durante cinco meses, para
pagamento de um precatório. Até aí tudo bem; trata-se de uma
decisão judicial, que trouxe um problema sério para a comunidade.
Ontem, vieram fazer uma manifestação junto ao Tribunal de Justiça,
na tentativa de que seja feita uma reavaliação desse seqüestro. E
o que nós vimos foi um aparato excessivo da Polícia Militar, como
se estivéssemos no período da ditadura militar, quando não se
permitia nenhuma manifestação. Foi um acontecimento lamentável
patrocinado pela Polícia Militar, não sei e não quero saber a
mando de quem; mas é claro que foi a mando de alguém.
O mais grave, Deputado João Leite, é que se tratava de uma
manifestação totalmente pacífica, apenas querendo mostrar ao
Judiciário e ao Governador Aécio Neves que é preciso haver uma
intervenção política para que haja uma solução política nesse caso
de Pequi. Essa mesma população, esses manifestantes que estiveram
aqui tentaram caminhar até o Palácio, para pedir o apoio do
Governador Aécio Neves, mas foram impedidos pela Polícia Militar.
Até aí, entendemos que há a questão da segurança. Mas o mais grave
de tudo o que ocorreu ontem foi a Polícia Militar ter fechado as
portas desta Casa sem a autorização do Parlamento.
Hoje, na Comissão de Assuntos Municipais, apresentei um
requerimento solicitando informações à Polícia Militar sobre o
responsável por aquela ordem. Nem na época daquelas manifestações,
às vezes até agressivas, daquelas movimentações dos sem-terra
invadindo esta Casa, a Polícia Militar agiu dessa forma.
Essa é a denúncia que apresento. Alguém está falando em nome do
Governador Aécio Neves, passando dos limites da tolerância. Hoje
não há mais limite. Proibiram a imprensa de noticiar qualquer
matéria sobre essa manifestação. Nenhum órgão da imprensa pôde
cobrir a manifestação no Tribunal de Justiça, e muito menos a que
ocorreu na porta desta Casa, ontem. A Assembléia Legislativa tem
de reagir a isso, pois a Polícia Militar impediu uma manifestação
popular, fazendo um cordão de isolamento no principal acesso desta
Casa, sem a autorização do Parlamento. Trata-se de uma situação
grave. Está pior que na época da ditadura militar, quando
primeiramente se fechava o Parlamento e mandavam os Deputados sair
ou os cassavam. Mas impedir uma manifestação pacífica, sem que a
Assembléia tenha se pronunciado, isso passou dos limites.
Fazemos essa grave denúncia com muita tristeza. Nós, que viemos do
MDB, lutamos pela liberdade e por uma democracia plena, vemos hoje
que há algo errado no âmbito governamental. Nem foi permitido que
o povo andasse até a Praça da Liberdade!
Sr. Presidente, agradeço a V. Exa. a oportunidade. Certos
pronunciamentos têm de ser feitos a tempo e a hora, pois, amanhã,
serão notícia de ontem. Faço esse apelo aos parlamentares para que
tomemos uma providência, cobrando do Presidente uma ação enérgica,
sabendo do responsável por encaminhar esse pessoal até aqui,
ontem.
Felizmente, não tivemos maiores dificuldades porque os seguranças
desta Casa agiram imediatamente, pedindo à Polícia Militar para
sair, pois aqui temos o nosso policiamento. Mas, infelizmente,
estamos cabisbaixos, aceitando tudo passivamente, o que é perigoso
para o Parlamento e, mais ainda, para a nossa democracia.