DEPUTADO MIGUEL MARTINI (PHS)
Questão de Ordem
Comenta a importância da independência do Legislativo. Comenta o trabalho
da Assembléia Legislativa durante o Governo Aécio Neves. Comenta a
administração do Governador Aécio Neves. Comenta a importância das
opiniões divergentes para o aperfeiçoamento das propostas.
Reunião
51ª reunião EXTRAORDINÁRIA
Legislatura 15ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 15/11/2006
Página 45, Coluna 4
Assunto LEGISLATIVO. ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL.
Legislatura 15ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 15/11/2006
Página 45, Coluna 4
Assunto LEGISLATIVO. ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL.
51ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
15ª LEGISLATURA, EM 9/11/2006
Palavras do Deputado Miguel Martini
O Deputado Miguel Martini - Sou apaixonado pelo Poder Legislativo
e sonho com um Poder Legislativo cada vez mais verdadeiramente
independente e que as regras do jogo sejam aperfeiçoadas.
Sabemos que isso passa pelo Orçamento do Estado, pelos
instrumentos de planejamento público e, até mesmo, por uma mudança
de presidencialismo para parlamentarismo. Aí, sim, o Parlamento se
fortalece. Mas, enquanto essas regras não são modificadas, creio
que quase a totalidade dos Deputados desta Casa pode testemunhar
que nunca houve, como no governo Aécio Neves, tanto espaço para o
diálogo, para os debates, para as discussões, haja vista que uma
Oposição de aproximadamente 20, 25 Deputados - considerando o PT,
o PCdoB, uma parte do PMDB e um ou outro que faz oposição a Aécio
Neves - foi capaz de aprovar todas as propostas, fazendo-se
algumas modificações.
Muita coisa foi aprimorada nesta Assembléia Legislativa porque o
Governador Aécio Neves, democrata que é, parlamentar que foi e
presidiu a Câmara Federal, assim quis. Nós - eu, como Líder da
Maioria, e o Deputado Alberto Pinto Coelho, como Líder do Governo
- sempre nos pautamos pela discussão, pelo diálogo. E quantas
coisas foram cedidas exatamente para mostrar o respeito que o
Governador tem pelo Parlamento, como não tivemos em outras épocas.
Quanto a dizer que o "valerioduto" começou em Minas Gerais, isso é
um engodo que o PT conseguiu incutir na sociedade brasileira, pois
são coisas absolutamente distintas. "Valerioduto" significa
"mensalão"; "valerioduto" significa compra de votos; "valerioduto"
significa compra de parlamentares. Isso é uma coisa, isso é
"valerioduto". A outra coisa é campanha eleitoral, algo
completamente diferente. O que o PT conseguiu, com muita
competência, é fazer parecer que são a mesma coisa, mas não são. A
verba, o "valerioduto" não teve benefícios do governo do Estado.
Foi numa campanha eleitoral, e não feita pelo Governador Eduardo
Azeredo. Então, se algo está muito claro, o Parlamento federal
conseguiu entender. Agora, porque pegaram com a boca na botija,
tinha que trazer alguém para dizer que é igual, mas não é igual, é
muito diferente. Portanto, deixo aqui esse esclarecimento.
Em segundo lugar, quero dizer ao Deputado Antônio Júlio que também
não é real dizer que se pega dívida podre para se colocar como
receita orçamentária. Estou com o Orçamento de 2007 na mão.
Deputado Antônio Júlio, não sei em quanto está exatamente agora,
mas, pela Lei de Responsabilidade Fiscal, parece que está em
R$2.000.000.000,00 a nossa dívida ativa, mas sei que já chegou a
R$6.000.000.000,00 ou a R$7.000.000.000,00, enquanto a previsão de
receita é apenas de R$231.000.000,00. Ou seja, essa receita é
aquela que está absolutamente de acordo com a Lei nº 4.320.
O Governador Aécio Neves conseguiu, por meio do choque de gestão,
fazer planejamento. Não interessa para um governo que planeja e
que quer dar resultado estimar uma receita falsa para depois não
cumprir. Isso não é inteligente. Ele está prevendo
R$231.000.000,00 de receita, porque tem todos os dados de que irá
efetivar essa receita. Se assim não fosse, ele teria colocado
R$2.000.000.000,00 de receita. O Governador Aécio Neves foi o
primeiro Governador que teve a coragem de mandar para a Assembléia
um Orçamento deficitário, porque sempre se fez a receita a partir
da despesa. A lei diz que se estima a receita e, depois, se fixa a
despesa. No passado, isto acontecia: inventava-se receita. Mas
agora o Orçamento é real. Existem os planos estruturantes, com os
seus gerentes. Tem o PPAG, que está sendo anualmente avaliado
nesta Casa, que está fazendo correções de rumo, como nunca houve.
Isso faz parte do plano de gestão e é uma modernidade
administrativa, mas é preciso competência para fazê-lo.
Não há receita podre no Orçamento. Há receita previsível. Aquilo
que é dívida ativa não está entrando como perspectiva de receita,
porque é podre e o governo já não precisa disso. No governo Aécio
Neves, pela primeira vez, o Orçamento deixou de ser uma peça de
ficção, Deputado Rêmolo Aloise. E V. Exa., com tantos mandatos
nesta Casa, como eu, viu quantos Orçamentos eram apenas
simbólicos. Faziam emendas que não seriam realizadas, colocavam
R$1.000,00 numa emenda qualquer para depois executar
R$1.000.000,00. Agora tem que haver recurso, e isso fez com que o
Estado pudesse promover negociações extraordinárias na contratação
de serviços. A incerteza de receber elevava os preços. Existiam
dívidas que já foram pagas. Agora, se está no Orçamento, será
executado. Faz-se o pregão, que permite baratear. Essa informação
não encontra fundamento no Orçamento de 2007.
Quero dizer que acho que o Parlamento precisa debater. E o debate
se dá não só com idéias, mas também com dados e fatos. É claro que
estará sempre aberta a possibilidade de sofismar, de cada um
colocar o seu ponto de vista. Como disse o Deputado Antônio Júlio,
cada um coloca o que lhe interessa. Concordo com ele. Oposição usa
sempre uma lupa para ver o cisquinho que está no olho do outro.
Infeliz do país, do Estado ou do Parlamento que não tem Oposição.
Sempre respeitei profundamente a Oposição, que tem um papel
fundamental. É a Oposição que tem a responsabilidade de olhar com
lupa todos os defeitos e trazê-los para discussão.
Quantas vezes, pela própria Oposição, identificam-se algumas
deficiências, alguns equívocos, alguns erros, e faz-se a correção
de rumo. É muito importante respeitarmos as idéias opostas, mas
que elas sejam fundamentadas, alicerçadas na verdade. Não dá para
inventar histórias e dizer, por exemplo, que o "valerioduto" é a
mesma coisa. É completamente diferente. Graças a Deus, não acabou
tudo, mas essa campanha mostrou que o caixa dois já se reduziu
bastante; que o Poder Judiciário, pelo menos na parte eleitoral,
teve mais cuidado; e ainda vimos as cidades mais limpas.
Precisamos aprimorar a situação de uma vez por todas. A
Transparência Brasil já identificou que o grave processo de
corrupção existente no País começa nas campanhas eleitorais, nos
financiamentos não declarados de campanha, que depois têm de dar
retorno.
Sr. Presidente, agradeço-lhe a paciência. Muito Obrigado.