DEPUTADO FAHIM SAWAN (PSDB)
Discurso
Comenta pronunciamento do Deputado Domingos Sávio sobre a situação da
agricultura no País e a atuação do Governador Aécio Neves no setor da
agropecuária no Estado. Transcurso do Dia Mundial sem Tabaco. Comenta
a importância da reunião que será realizada na Comissão de
administração Pública para discutir o aumento do tempo da
licença-maternidade.
Reunião
40ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 15ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 06/06/2006
Página 60, Coluna 2
Assunto AGROPECUÁRIA. ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL. SAÚDE PÚBLICA. CALENDÁRIO.
Legislatura 15ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 06/06/2006
Página 60, Coluna 2
Assunto AGROPECUÁRIA. ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL. SAÚDE PÚBLICA. CALENDÁRIO.
40ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 15ª
LEGISLATURA, EM 31/5/2006
Palavras do Deputado Fahim Sawan
O Deputado Fahim Sawan* - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras.
Deputadas, telespectadores, imprensa, público nas galerias,
primeiramente tecerei alguns comentários acerca da fala do meu
antecessor, Deputado Domingos Sávio.
Realmente, Deputado, nós, que viemos de cidades eminentemente
agrícolas, que trabalhamos com a pecuária, temos visto, um
desastre em relação à política adotada pelo governo federal no que
tange à política do câmbio, dos preços, da alta dos insumos, da
baixa valorização dos produtos e da não-compreensão de que a
agricultura e a pecuária são a mola propulsora do País.
Infelizmente, também tenho que concordar com V. Exa., Deputado
Domingos Sávio, no que se refere à dilapidação dos patrimônios.
Refiro-me não só à renovação das frotas, que não ocorre mais, não
só aos investimentos, mas também a outros aspectos. Na minha
região, quando a pessoa planta honestamente soja, milho, às vezes,
em três ou quatro anos, tudo é uma maravilha; todos investem,
animam-se com o setor, exportam, como V. Exa. disse. Entretanto,
quando apenas um ano vai mal, precisam vender os seus patrimônios
para saldar dívidas com os bancos e com os financiamentos
adquiridos. Há quase três anos isso vem acontecendo.
Lamentavelmente, hoje vemos na nossa região pessoas tendo que
vender as suas propriedades, entregá-las, às vezes, ao setor
sucroalcooleiro, ou então, simplesmente desistir da atividade que
move este país.
Temos alertado toda a população sobre essa questão, pois
infelizmente chegará o momento em que faltarão grãos, como
previsto para este ano. Prevê-se uma safra 30% menor. Salidarizo-
me, portanto, com as suas palavras e com todos os agricultores.
Estive, agora há pouco, na abertura da SuperAgro, onde presenciei
o esforço do governo do Estado em tentar fazer alguma coisa pelos
agricultores e pelos pecuaristas.
Parabenizo o Secretário de Agricultura, Marco Antônio Rodrigues
da Cunha, que vem desempenhando papel brilhante representando o
nosso setor e o Governador Aécio Neves.
Hoje, dia 31 de maio, em centenas de países ao redor do mundo
celebra-se o Dia Mundial sem Tabaco. Esta data tem um significado
muito importante, e nós, da Frente Parlamentar de Luta contra as
Drogas, não poderíamos deixar de nos pronunciar. Essa questão
envolve todos os continentes na luta para atenuar, senão debelar,
o hábito de fumar, encarado como doença que acomete o indivíduo,
pois vicia e o torna refém de um mal que o prejudica e o debilita,
abreviando, na maioria das vezes, a vida dos fumantes.
Por se tratar de droga lícita, o cigarro, que, em tese, não
afasta o usuário das atividades sociais e de suas funções na
sociedade, necessita de intensa campanha de massificação contra os
seus malefícios. Mas, na medida em que a concepção do dano passa a
ter uma dimensão coletiva, não se restringindo apenas ao fumante
ativo, podemos avançar mais agressivamente no cerceamento ao
usuário, dificultando-lhe a prática comungada com não-fumantes.
É preciso ressaltar que a maior causa de morte que se poderia
evitar é a provocada pelo cigarro; a segunda, pela bebida; e a
terceira, pela fumaça do cigarro, no fumante passivo. Esse novo
conceito colaborou recentemente para uma redução do consumo.
Entretanto, com a população flutuante de usuários para ex-usuários
e de novos usuários que ingressam diariamente no mercado de
consumo de tabaco, ainda não é possível provocar, com essa
redução, um impacto significativo nessa indústria.
Na esteira inversa da redução do consumo, dos anos 60 para cá, em
termos percentuais, considerando-se as faixas etárias, há de se
levar em conta o aumento exponencial da população no mundo.
Atualmente, aproximadamente 30% da população mundial são fumantes.
Os jovens estão começando a fumar cada vez mais cedo, a partir -
pasmem os senhores - dos 8 anos de idade. Estima-se que 30 milhões
de brasileiros sejam fumantes e que, no mundo, anualmente, 3
milhões de pessoas morram precocemente em conseqüência do
tabagismo. No Brasil, esse número chega a 200 mil pessoas, e
aumenta a cada ano. O tabagismo é diretamente responsável por 30%
de todas as mortes por todos os tipos de câncer, além de estar
relacionado a 90% dos cânceres de pulmão. Fumar está ligado a
aneurismas arteriais, trombose vascular, úlceras do trato
digestivo, infecções respiratórias, impotência sexual no homem e
menopausa precoce nas mulheres.
Em Minas Gerais, estima-se que cerca de 8% dos casos novos de
câncer em mulheres sejam de traquéia, brônquio e pulmão. Nos
homens, este número chega a 14,5%. Os números da OMS indicam que
há uma equiparação, quase uma igualdade, entre homens e mulheres
no que tange ao cigarro. Atualmente, o número de mulheres fumantes
é igual ao de homens fumantes; por isso, muitas estão morrendo
pelas complicações decorrentes do cigarro. Metade dos fumantes
morrem vítimas de doenças provocadas pelo cigarro. A cada minuto,
morre um fumante no Brasil e, a cada seis segundos, um fumante no
mundo. Um cigarro contém 4.720 substâncias tóxicas. Algumas são
encontradas em venenos para matar ratos, pulgas, baratas, em tinta
para caneta esferográfica e em tinturas para cabelo. Praticamente
todos os males advindos do tabaco são do conhecimento de quase
todos os fumantes.
Sr. Presidente, Srs. Deputados, é nosso papel esclarecer à
população o tempo inteiro. Por isso, é necessário encarar o hábito
de funar como um problema de saúde pública, em que estão
envolvidos fatores humanitários, econômicos e sociais, e que deve
ser enfrentado de forma aberta, e não hipócrita, cientes de que
estamos diante de uma relação de força e poder que envolve
interesses de grande escala para a economia mundial.
Como subsídio a este drama, vale a reflexão do tema, já proposto
e debatido anos atrás, em que se relaciona tabaco e pobreza como
num círculo vicioso. Passo a ler alguns trechos: “Segundo
entidades ligadas às Nações Unidas, como a Organização Mundial da
Saúde, a Organização de Cooperação Econômica e Desenvolvimento e o
Banco Mundial, o consumo de tabaco vem impondo uma carga cada vez
mais pesada sobre países em desenvolvimento.
Considerando que saúde é um tema central para o desenvolvimento e
para o combate à pobreza, essas entidades recomendam que, nas
ações para a redução da pobreza e para a promoção do
desenvolvimento sustentável, os governos dirijam seus esforços ao
controle de doenças que afetam, de forma mais intensa, as classes
sociais menos favorecidas, principalmente as associadas ao consumo
de tabaco.
Dados mostram que 80% das pessoas que consomem tabaco apresentam
algum grau de dependência química da nicotina. Nesse contexto, é
importante reconhecer que a dependência do tabaco faz com que
muitos chefes de famílias de baixa renda desviem para a compra de
cigarros o dinheiro que deveria destinar à alimentação, lazer, ou
mesmo à preservação da sua saúde e de sua família.
Essa realidade faz com que entidades como o Banco Mundial, a OMS
e outras entidades desenvolvimentistas ligadas as Nações Unidas
considerem o consumo de tabaco um fator agravante da pobreza, da
fome e da desnutrição. E foi a preocupação com a progressiva
expansão do consumo de tabaco, principalmente nos países em
desenvolvimento, que levou mais de 190 países a propor a adoção do
primeiro tratado internacional de saúde pública da história da
humanidade: a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco. Seu
objetivo foi unir os países para a adoção de um conjunto de
medidas para deter a expansão global do consumo de tabaco”.
Caros colegas, tão alarmante situação nos coloca diante de um
quadro perverso. A indústria do tabagismo prospera, grassa nas
camadas mais desfavorecidas e se expande com maior intensidade nos
países em desenvolvimento, como é o nosso caso.
Precisamos, no dia-a-dia, intensificar nossa campanha em favor da
vida, ou seja, agirmos sempre como instrumentos de transformação
da sociedade. Dessa forma, atuaremos coletivamente para minimizar,
senão eliminar, uma série de males.
Não poderia deixar de registrar a minha homenagem a esse grande
mineiro que representa uma bandeira histórica no Brasil e é meu
amigo, inspirador e conselheiro: Prof. Elias Murad, homem que
dedica sua existência por essa causa e que é exemplo para todos
nós. Há muito, vem lutando contra todas as drogas, inclusive o
tabaco. Com muita honra e orgulho, pudemos aprovar, nesta Casa, a
Comenda de Luta contra as Drogas Prof. Elias Murad, que certamente
referendará a tantos que se entregam na missão de promoção e
libertação humana. Muito obrigado.
São essas as palavras que queria trazer em nome da Frente
Parlamentar de Luta contra as Drogas, neste dia 31 de maio, em que
destacamos nossa luta contra o tabagismo.
Aproveito a oportunidade para comunicar à população uma discussão
que será feita nesta Casa na Comissão de Administração Pública,
onde foi aprovado um requerimento para discutirmos a questão do
aumento do tempo da licença maternidade.
Há quase um ano, a Sociedade Brasileira de Pediatria, em parceria
com a Ordem dos Advogados do Brasil, desencadeou, em nível
nacional, a campanha nacional intitulada `Licença maternidade:
seis meses é melhor´, visando a prorrogação por 60 dias da
presença da mãe junto ao filho. Essa medida visa a ampliar o
vínculo afetivo entre mulheres e seus bebês. A extensão dessa
conquista por mais um pequeno tempo de 60 dias representa um
alcance enorme para o recém-nascido, pois os seis primeiros meses
de vida - e, como médicos, podemos afirmar isso - são decisivos
para o crescimento cerebral e a formação das estruturas de que
dependem o desenvolvimento mental normal e a personalidade sadia,
preconiza a SBP, alicerçada em estudos e constatações científicas.
Acresce o fato de que a mãe trabalhadora, ao permanecer com seu
filho esses seis meses, poderá ter um retorno mais equilibrado ao
trabalho, ciente de que cumpriu um ciclo mínimo de vinculação
intensa e continuada com a criança.
Em recente encontro com o Presidente da Sociedade Brasileira de
Pediatria, Dr. Dioclécio Campos Jr., pude reforçar minhas
convicções no sentido de que esse benefício trará ganhos
inquestionáveis para os pais, filhos e a sociedade em geral.
Firmei o compromisso, com a parceria da SBP e a OAB nacional, de
propor audiência pública em nossa Comissão para debater o aumento
da licença-maternidade para 180 dias e da licença-paternidade para
15 dias no âmbito dos servidores públicos estaduais, bem como
apresentar requerimento, na forma regimental, a fim de que seja
formulado apelo ao Exmo. Governador Aécio Neves para que envide
esforços no sentido de estudar mecanismos que possam assegurar
essa conquista às abnegadas servidoras mineiras.
Para a Sociedade Brasileira de Pediatria, a adoção da licença-
maternidade de seis meses pelo Estado de Minas Gerais
representaria um marco político institucional de incomparável
valor referencial para torná-la uma referência e uma realidade
nacional.
No Senado Federal, tramita um projeto de lei da Senadora Patrícia
Saboya que originalmente visa à extensão da licença-maternidade em
caráter de adesão por empresas de iniciativa privada, que
passariam a adotar o benefício.
De acordo com o artigo do Presidente da Sociedade Brasileira de
Pediatria, o aconchego resultante de uma interação sensorial tão
estreita dá à criança a sensação de “pertencimento”, referência
insubstituível para a estruturação de sua personalidade.
Minas Gerais, pela importância e o significado político e social
que representa no cenário nacional, pelas raízes que tem,
embasadas em valores de estima, ponderação e equilíbrio, tão
avivados neste momento pelo papel de liderança forte que se
consolida por meio da pujança do Governador Aécio Neves, pode
avançar ainda mais, assegurando às servidoras mineiras e a seus
novos filhos essa conquista, que certamente trará repercussões
definitivas em suas vidas.
Tenho a convicção de que nosso Estado, de fato, sintetiza os
anseios de uma nação mais justa e solidária, e com certeza o
preservamos na qualidade de cada novo mineiro que aqui nasceu.
Muito obrigado.
* - Sem revisão do orador.