DEPUTADO SEBASTIÃO COSTA (PFL)
Discurso
Declaração de posição contrária ao veto parcial à proposição de lei que
estabelece as diretrizes para o orçamento fiscal e de investimento das
empresas controladas pelo Estado para o exercício do ano de 2000.
Reunião
43ª reunião EXTRAORDINÁRIA
Legislatura 14ª legislatura, 1ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 10/11/1999
Página 23, Coluna 2
Assunto ORÇAMENTO.
Aparteante MIGUEL MARTINI, HELY TARQÜÍNIO, DINIS PINHEIRO.
Proposições citadas PL 343 de 1999
MSG 47 de 1999
Legislatura 14ª legislatura, 1ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 10/11/1999
Página 23, Coluna 2
Assunto ORÇAMENTO.
Aparteante MIGUEL MARTINI, HELY TARQÜÍNIO, DINIS PINHEIRO.
Proposições citadas PL 343 de 1999
MSG 47 de 1999
43ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
14ª LEGISLATURA, EM 27/10/1999
Palavras do Deputado Sebastião Costa
O Deputado Sebastião Costa - Sr. Presidente, Srs. Deputados,
reinicio agradecendo ao Deputado Rogério Correia pela preocupação
que teve em me alertar sobre o fato de que, durante o processo de
recomposição de “quorum”, meu tempo continua a correr.
Com a liberalidade de V. Exa., com o espírito democrático desta
Casa, se houver necessidade no final, tenho certeza de que haverá
tolerância, com a concessão de mais alguns minutos para que haja a
compensação desse tempo que se utilizou para a recomposição de
“quorum”.
Estava dizendo que hoje se faz um tremendo cavalo de batalha
sobre o tema da liberação da subvenção social, não havendo
preocupação com as conseqüências dos atos praticados por quem quer
que seja. Dizia, no final da fala anterior, que quando um nosso
colega é parlamentar, estaria tacitamente impedido de proceder a
qualquer indicação, já que Deputado nunca liberou nada. Ele faz
apenas a indicação, e a liberação se dá naturalmente, mediante
convênio, com a devida cautela.
Quando, porém, o Deputado se transformar em Presidente da Loteria
do Estado de Minas Gerais, ou Secretário de algumas das pastas, já
pode fazer, porque lá estaria livre, na visão dos governantes, da
prática de qualquer ato inconveniente. Isso eu recebo como afronta
ao Poder Legislativo. Não isoladamente à Oposição. Sabemos que a
Oposição tem seus mecanismos e vai utilizar a sua forma de fazer o
seu trabalho, independente dessa ou daquela liberação.
Preocupa-nos o fato de que com essa iniciativa que estamos a
discutir o que se fez foi impedir que haja transparência por parte
do Poder Executivo nas suas respectivas liberações. Aí, sim,
considero uma maneira de impedir o Legislativo de proceder às suas
ações no âmbito da sua principal atribuição que é a de fiscalizar.
Vejo chegar ao microfone o Deputado Miguel Martini. Ele que teve
sua fala interrompida no final, porque a Mesa não lhe concedeu
sequer um pequeno prazo a mais para concluir seu raciocínio.
Concedo-lhe o aparte, conforme prometi no início de minha fala.
O Deputado Miguel Martini (em aparte) - Obrigado, Deputado
Sebastião Costa. Quero deixar registrado que sempre foi uma
prática de quem preside os trabalhos, seja na Mesa, no Plenário ou
nas comissões, conceder 30 segundos ou 1 minuto a qualquer
parlamentar que precisasse desse tempo para terminar sua
exposição; o assunto foi tratado com excessivo rigor, pois não me
deixaram concluir meu pensamento; não necessitava mais que 30
segundos ou 1 minuto. Isso não vai alterar o processo de
obstrução.
Quero agradecer a V. Exa. a oportunidade de poder usar da palavra
para me expressar em relação ao inciso XIII do art. 10, e também
registrar o afã da base governista e até da Mesa em não querer que
discutamos questões de orçamento, se estamos falando de um veto à
Lei de Diretrizes Orçamentárias. É ilógico esse raciocínio. Ainda
bem que a Mesa percebeu o seu equívoco e admitiu.
Já que o Governo disse que já não quer indicar verba de subvenção
social, daí porque vetou esse art. 13, não querendo dar o quadro
demonstrativo, tenho uma dica para os Srs. Deputados: que façamos
todas as emendas retirando toda a verba de subvenção social que
está nas secretarias. Os senhores não podem retirar verba para
fazer a emenda de V. Exas., não podem retirar verba de uma obra
iniciada, não podem retirar do serviço da dívida, não podem
retirar do pessoal, não podem retirar da contrapartida dos
financiamentos. Mas podem retirar da verba que está indicada para
subvenção social. Dá um dinheirinho bom! Já que o Governador, em
sua mensagem justificando o veto, disse que não quer mais
subvenção social, não dever querer também no Executivo. Como ele
vetou com esse discurso, poderíamos fazer isso.
Fica aqui uma sugestão, Deputado Sebastião Costa. Todos os
Deputados ficam se perguntando onde se pode mexer, onde há
recursos que podem ser alterados. Uma sugestão é essa, e olhem que
a Secretaria de Educação tem um montante significativo de verba de
subvenção. A Loteria Mineira tem uma quantidade significativa de
verba de subvenção. A Secretaria de Esportes, Lazer e Turismo tem
verba de subvenção. E a essas verbas pode ser dada nova
destinação, e quem vai definir somos nós, Deputados.
E isso pode ser feito até mesmo para exigir por lei, já que não
podemos exigir outra coerência, que o mesmo Governador que disse
que resolveria o caso da PM, mas lavou as mãos e mandou para a
Assembléia Legislativa resolver, faça isso. Quem sabe ele não é
capaz de retirar as verbas de subvenção do Poder Executivo e
também esteja delegando para a Assembléia Legislativa acabar com
essa verba. Acabamos aqui! Vamos fazer emendas de estradas, de
hospitais, de escolas, de saneamento básico, enfim, de uma série
de obras, pois cada um de nós tem reivindicações das nossas
regiões, e vamos aproveitar para retirar desses órgãos todos as
verbas de subvenção. Assim, a Assembléia Legislativa, mais uma
vez, estaria resolvendo um problema que o Governador prometeu
resolver, mas não o fez.
Quanto a esse discurso do Governador de que não vai pagar verba
de subvenção, ele não vai enquanto esta Casa quiser. No dia em que
o Poder Legislativo acabar com a suplementação de 10%, que é uma
excrescência, que é um absurdo, que é uma transferência de
autonomia do Poder Legislativo para o Poder Executivo, ele vai
pagar centavo por centavo das obras indicadas no orçamento
público.
Esse debate já nos serve bastante, porque no próximo ano virão
para cá o Plano Plurianual de Ação Governamental e o Plano Mineiro
de Desenvolvimento Integrado, e será uma oportunidade que teremos
de corrigir o vício desta Casa de sempre aprovar a proposta que o
Governo mandar.
Queria agradecer-lhe esse aparte, Deputado Sebastião Costa, e
dizer que V. Exa., em seu pronunciamento, está conseguindo
mobilizar os parlamentares e mover o sentimento no sentido
derrubar esse veto, porque ele é contra a transparência. É preciso
deixar claro que o veto do Governador é contra a transparência,
ele está se negando a dar transparência aos atos do Poder
Executivo, principalmente em relação à subvenção social do
Executivo, não a do Legislativo. Esta quem define somos nós; é com
a do Executivo que ele não quer fazer isso. Muito obrigado.
O Deputado Sebastião Costa - Agradeço ao Deputado Miguel Martini
seu aparte esclarecedor, já que ele, de forma pedagógica, procurou
mostrar o que representa a transparência. Transparência é tornar
claro e visível aos olhos do verdadeiro titular dos recursos
públicos, que é o povo de Minas Gerais, o demonstrativo dos
gastos; transparência é permitir que um indivíduo de Conceição das
Alagoas saiba se de fato a Loteria do Estado liberou R$250.000,00
para a sua cidade e se esta realmente precisa desse dinheiro;
transparência é permitir, como disse e repito, que um cidadão
comum, assistindo a nossas atividades em sua casa ou buscando nas
notas taquigráficas as afirmações de cada um de nós, possa saber o
que acontece; transparência é permitir que o Governo pratique seus
atos e que o verdadeiro mandatário dos recursos públicos, o povo,
saiba a finalidade e o valor dos recursos liberados. Essa é a
grande razão.
Quando começamos a discutir temas dessa natureza, vem-nos à mente
discutir a origem do Estado, a sua importância, desde que
iluminados franceses discutiam a figura do Estado. Começo a
pensar: o que seria o Estado? O Estado, em sua plenitude, são três
elementos: território, povo e governo independente. Nenhum desses
três elementos pode se tornar totalitário, sob pena de se ferir o
princípio da própria existência do Estado. O Estado verdadeiro é
aquele em que o povo é respeitado, por meio dos seus
representantes ou diretamente. E é o que queremos.
Queremos que haja uma verdadeira transparência nos atos do Poder
Executivo. Está aqui a Lei de Diretrizes Orçamentárias do Estado
de Minas Gerais. Ao seu art. 10 foi dirigida a emenda dos ilustres
Líderes Sebastião Navarro Vieira e Hely Tarqüínio. Esse artigo não
seria modificado, apenas ampliado em sua eficácia. O que
aconteceu? Porque a emenda partiu da Oposição no Poder
Legislativo, o Governador a vetou, contrariando os princípios da
administração pública, o princípio básico, que é tornar públicos e
conhecidos, aos olhos do terceiro elemento do Estado, os valores
liberados para esta ou aquela localidade pelo poder público.
Concedo aparte ao Deputado Hely Tarqüínio. Ele, zeloso que é, foi
um dos autores da emenda que nos traz a esta tribuna, com todo o
entusiasmo, lamentando que seja apenas por 60 minutos. Com a
palavra, o Deputado Hely Tarqüínio.
O Deputado Hely Tarqüínio (em aparte)* - Agradeço, inicialmente,
ao ilustre Deputado Sebastião Costa. Estou ouvindo atentamente a
sua exposição, feita de maneira clara, didática e pedagógica,
sobre o veto do Governador, sobre o que a Oposição propôs ao
Governador. O que queremos - como já dissemos aqui por várias
vezes - é que o demonstrativo de gastos do Executivo seja
oferecido ao povo de Minas Gerais. E que façamos disso parte do
nosso dia-a-dia, mostrando ao povo, sem demagogia, através da
imprensa e dos órgãos de comunicação como um todo, mês a mês, o
que o Governo faz e o que realizou do seu orçamento.
Alegaram, para confundir a população, que os Deputados querem
subvenção social para as suas bases. Não. O que foi vetado não foi
a subvenção social, mas o demonstrativo, ou seja, a transparência
que o Deputado Sebastião Costa conceituou de várias formas
diferentes, porque os gastos são feitos com dinheiro que vem da
arrecadação das receitas e dos impostos, sobretudo, que pesam e
oneram cada vez mais os cidadãos de Minas Gerais.
É por isso que uma oposição zelosa, como essa do Deputado
Sebastião Costa, que está na tribuna tentando mostrar aos
parlamentares e, sobretudo, aos telespectadores qual é a
finalidade das subvenções - como isso aconteceu na Casa, como tem
que acontecer no orçamento -, é muito importante. Estamos
preocupados com o PPAG, que também depende de um planejamento, mas
depende principalmente de uma análise desta Casa, da Comissão de
Fiscalização Financeira. É lá que temos que cumprir o nosso papel
fiscalizador. Temos que cumprir também o nosso papel de
planejador, porque o Governo faz o planejamento, juntamente com os
seus técnicos, mas, aqui na Casa, temos a Comissão de Fiscalização
e os técnicos, que também têm que fazer a sua análise e dar
sugestões, juntamente com os seus técnicos, mas aqui na Casa temos
a Comissão de Fiscalização e os técnicos, que também têm que fazer
a sua análise e dar sugestões, juntamente com os Deputados. É a
Comissão de Fiscalização, que é constituída de Deputados que atuam
no ramo, que emprestam a sua consciência política ao lado dos
ensinamentos técnicos da Casa, que faz o contorno da LDO, que são
as emendas. Dessa forma poderemos agir de maneira justa, buscando
o bem comum e a sobrevivência digna de todo cidadão.
Muitas vezes fazemos as coisas de maneira política; por quê? O
mérito político é o mérito das políticas sociais compensatórias,
que buscam a igualdade das oportunidades no gasto, estabelecendo
as prioridades para a população mais pobre. São 853 municípios no
Estado e, na maioria, de pequeno porte; muitas vezes até
tecnicamente são difíceis de serem administrados. Então, compete
ao Deputado da região orientar o orçamento, caracterizar no
orçamento os benefícios e as subvenções para esses pequenos
municípios que vêem, no momento, serem retiradas as patrolas que
deveriam estar consertando os estragos das primeiras chuvas, ou
diminuindo a poeira da seca no Nordeste de Minas, onde o gado está
morrendo em grande quantidade. O Deputado que vai para suas bases
está sabendo disso. E o Deputado precisa ir para as suas bases;
ele não pode apenas ficar aqui votando, como muitos querem. Votar
matéria, como disse o Deputado Miguel Martini, é importante, mas é
preciso votar para que se faça cumprir. Vamos para nossas bases
conhecer as necessidades do povo, conhecer as ocorrências
intempestivas, que não estavam caracterizadas no orçamento. Às
vezes, precisamos de verbas suplementares para enfrentar as
intempéries da meteorologia, que causam estragos na natureza e que
causam estragos nos nossos projetos. O orçamento é permanente, a
fiscalização do orçamento é permanente, tanto nas comissões quanto
no Plenário.
Queria apartear o nobre Deputado Sebastião Costa, que fez uma
exposição detalhada, como lhe é peculiar, para somar esforços com
ele nessa análise, para que possamos conhecer as subvenções
sociais do Governo na educação, na região, por exemplo, de Montes
Claros, na região de Leopoldina e nas demais regiões.
Estaremos fazendo justiça, estabelecendo prioridades? Há um
diálogo entre os Deputados para atender à população. A educação
está de boa qualidade com esse dinheiro? Esse dinheiro foi
suficiente? Esses gastos aconteceram mesmo? Quando aconteceram?
Que dia foi feito o pagamento. Temos que acompanhar, “pari passu”,
as obras. Muitas vezes, há três, quatro liberações. Muitas vezes,
tenho pedido ao Presidente desta Casa que libere um funcionário
para a Maioria e outro para a Minoria, para que possamos
acompanhar as etapas da realização de uma obra que vai receber
dinheiro da subvenção social.
Sei que, por questões político-partidárias, essas verbas são
liberadas sem muita prioridade. Alguns gastos acontecem, mas
estamos aqui para fiscalizar. Essa é a nossa precípua finalidade.
Temos também de fazer leis consistentes e aperfeiçoá-las. Não
podemos apresentar propostas de emenda à Constituição todo momento
pois esta já é uma verdadeira colcha de retalhos. A meu ver, já
precisamos de uma outra constituinte. É com essa visão que
queremos receber prêmios pela educação continuada da população de
Minas Gerais, pelo maior número de matrículas. Queremos saber, por
exemplo, qual o índice de analfabetismo naquela região que recebeu
maior índice de subvenção. Não vou falar da saúde, que está um
verdadeiro caos. Seria hora de verificar, em todas as regiões, se
já se estabeleceu o programa de saúde da família, quais os
consórcios que existem para atender as emergências cirúrgicas nas
cidades-pólo, qual a atenção primária que se está dispensando à
saúde, se as verbas da subvenção têm chegado; onde se gastou?
Há um grande problema em relação aos genéricos. Como é liberado
para os municípios o dinheiro da saúde? Vinte e cinco por cento do
gasto com remédio é responsabilidade do Estado; vinte e cinco por
cento é de responsabilidade da Prefeitura, e 50% do Governo
Federal. Esse dinheiro chegou aos municípios? Foi para isso que se
definiu o gasto para cada município? O Governo do Estado está
honrando esse compromisso, ou seja, com seus 25%? Essa é a nossa
missão aqui. Tenho notado que o sistema de referência da saúde no
Estado está um caos, quero dizer, no encaminhamento do doente. Ele
é muito lento, tem um controle remoto que não funciona. E o
sistema de contra-referência? Este praticamente não existe. Os
profissionais da saúde do Estado de Minas Gerais estão ganhando
muito pouco, não ganham a insalubridade, estão com os salários
defasados.
Os profissionais de saúde trabalham com sobrecarga, trazendo
prejuízos para a sua própria saúde. Então, estamos precisando
repensar a saúde de Minas, ainda que seja dentro do padrão do SUS,
mas com alternativas não só de grupos de pré-pagamentos, mas
também com alternativas que o próprio Governo pode ressuscitar,
sob forma de pressão sobre o Governo Federal, para que voltem as
diferenças de apartamento e de procedimentos médicos. Se isso não
for feito, o SUS vai mergulhar num caos irreversível. O Governo
tem, ainda, de repensar o problema das estradas, que estão
esburacadas com as primeiras chuvas, chuvas que praticamente são
goteiras ainda. Há dinheiro para as estradas na subvenção social
do Governo? Onde está o mapa de gastos previstos, ou que já foram
feitos em algum lugar? Esse é o nosso questionamento. A habitação
é outro problema. Tenho um projeto de lei, sancionado, mas nunca
regulamentado, sobre habitação popular rural.
Nosso povo ainda está morando em cafuas, em casebres, na zona
rural. O Governo do Estado poderia, por meio de algum fundo,
construir casas populares para os trabalhadores rurais. Há
dinheiro na subvenção social para esse tipo de habitação? Vamos
fazer um demonstrativo prevendo o gasto. Compete a esta Casa
fiscalizar esse gasto, acompanhar todos os projetos, todos os
gastos, gradativamente. Essa é a nossa função.
Com relação a todos os outros indicadores sociais, construímos a
cidadania por meio da elaboração de uma LDO, de uma lei
orçamentária, de um PPAG e de um PMDI compatíveis com a nossa
realidade, diminuindo o máximo possível as falsas projeções numa
inserção com o Governo Federal, até porque não podemos viver
eternamente nesse confronto gerado pelo Governador. Temos de ser
bombeiros e procurar apagar esse incêndio entre o Governo Federal
e o Governo Estadual para que todas as nossas verbas de subvenções
sejam definitivamente gastas de forma transparente, como disse o
nosso ilustre Deputado Sebastião Costa, a quem agradeço e
cumprimento pelo brilhantismo de sua exposição. Muito obrigado.
O Deputado Sebastião Costa - Eu é que agradeço a participação do
Deputado Hely Tarqüínio, que tem uma visão social abrangente, que
conhece os problemas da população mais carente do Estado de Minas
Gerais, como nós, que somos de origem modesta, do interior, também
conhecemos as dificuldades, as implicações que a má distribuição
de recursos públicos pode ocasionar.
A emenda que estamos defendendo, a derrubada do veto, é
sintética, precisa. É bom que as pessoas que nos assistem de suas
casas, sejam elas trabalhadores rurais, urbanos, professores,
advogados, médicos, juízes, entendam o que estamos querendo. O que
queremos com a Emenda nº 81 ao Projeto de Lei nº 343/99 é que seja
acrescentado ao art. 10 o seguinte inciso:
“Art. 10 - ....
XIII - demonstrativo dos recursos a serem aplicados na concessão
de subvenção e de auxílio para despesa de capital nos termos da
Lei Federal nº 4.320, de 17 de março de 1964, distribuídos por
Secretarias de Estado no âmbito do Poder Executivo e pela
Assembléia Legislativa, nos termos de deliberação específica”.
Ela vem subscrita pelos Deputados Sebastião Navarro Vieira e Hely
Tarqüínio. Vejam os telespectadores: a justificação da emenda é a
seguinte: “É imperioso que se torne transparente de onde estão
saindo e para onde estão indo as subvenções do Executivo. Caso
haja subvenções do Legislativo, a elas se aplicará também o mesmo
princípio”.
Srs. Deputados, o que se quer não é intervir no Executivo, não é
atrapalhar as ações do Executivo, é simplesmente permitir, dar
instrumento, até mesmo ao governante, para que acompanhe, nos
detalhes, as liberações de recursos públicos oriundos do Governo
do Estado de Minas Gerais. É isso o que queríamos, é isso o que a
Oposição deseja.
Acredito até mesmo que, se possível, deveria haver um plebiscito,
para que a opinião pública de Minas Gerais pudesse se manifestar,
para dizer se concorda ou não com o que se libera no Poder
Executivo. Talvez, se possível, seria muito interessante permitir
que o cidadão que mora naquela rua sem calçamento ou até sem rede
de esgoto soubesse quanto e para onde foram destinados os recursos
públicos. É isso o que estamos a defender aqui; essa é a razão de
nossa demora nesta tribuna. Não temos outra finalidade, como
querem dizer alguns. Pelo contrário, o que queremos é que haja
transparência e que continue a vigorar a Lei Federal nº 4.320, do
Governo João Goulart. Vejam os senhores quantos Presidentes
tivemos depois disso, e ninguém ousou revogar essa lei. Isso
porque havia sensibilidade por parte dos Presidentes da República,
que a julgavam importante. Tanto assim que ninguém ousou revogá-
la, até o próprio Presidente Itamar Franco, hoje Governador de
Minas Gerais. Com isso, estamos convencidos de que estamos
buscando a transparência, o que é um ato claro de interesse do
verdadeiro titular do dinheiro público, que é o povo.
Sr. Presidente, gostaria de desenvolver o conceito de Estado, os
elementos que instituem e compõem o Estado, a razão da existência
do Estado e a importância da Lei nº 4.320, que está em vigência
desde 1964, desde o Governo João Goulart, e que ninguém, até hoje,
ousou revogar. Então, se pudesse falar até às 13 horas, poderia
não só fazer a leitura integral dessa lei, mas também tecer alguns
comentários sobre aqueles que tiveram a inspiração de elaborá-la
como um instrumento eficaz que, ao longo de décadas, vem
propiciando a relação entre os Poderes e as instituições.
Mas, para surpresa nossa - da Oposição e do parlamento quase como
um todo -, lamento ter de fazer um comentário, embora não seja da
minha índole: o ilustre relator designado para apresentar parecer
sobre o Veto Parcial à Proposição de Lei nº 14.125, após tecer
alguns comentários, diz que opina pela manutenção do veto.
Concedo aparte ao ilustre Deputado Dinis Pinheiro, cuja
intervenção, tenho certeza, irá contribuir, e muito, para nosso
raciocínio, nesta tarde. Sei que o Deputado é uma pessoa que se
atém aos prazos regimentais e tenho certeza de que usará uns 2
minutos, permitindo que eu ainda tenha 4 minutos, já que agora o
relógio trabalha contra nós. Com a palavra, o ilustre Deputado
Dinis Pinheiro, por quem temos muito respeito.
O Deputado Dinis Pinheiro (em aparte) * - Deputado Sebastião
Costa, a exposição de V. Exa. não me surpreende, e, tenho certeza,
não surpreende esta augusta Casa. Todos já conhecemos seu elevado
raciocínio, sua capacidade política, seu saber e sua visão
peculiar de grande homem público. E já observei que seu
posicionamento está encantando esta Casa e dando-nos a
oportunidade da fazer uma análise mais minuciosa dessa questão do
veto. E acho que seria muito oportuno que o senhor solicitasse ao
próximo orador inscrito, Deputado Carlos Pimenta, que lhe desse a
oportunidade de continuar essa exposição, ou melhor, essa
palestra, até às 13 horas, para melhores esclarecimentos a toda a
Casa.
Tenho certeza de que seria de grande valia a continuidade desse
pronunciamento que está nos dando a oportunidade de esclarecer
muitas coisas que esta Casa e que nossos pares não conheciam.
Parabéns pelo brilhante pronunciamento. Tenho certeza de que o
Deputado Carlos Pimenta será generoso, benevolente, e atenderá um
pedido do senhor.
O Deputado Sebastião Costa - Agradeço a intervenção do Deputado
Dinis Pinheiro. Faz parte da personalidade do homem público
antever os fatos. Eu antevia que a intervenção do Deputado Dinis
Pinheiro viria contribuir, de forma decisiva, para a conclusão do
nosso raciocínio. Ele, como homem público que é, sabe
perfeitamente que a transparência nos atos da administração
pública é salutar, é um princípio básico para ultrapassar os
obstáculos e as adversidades. Tenho certeza de que esta Casa,
quando estiver votando esse veto, terá consciência cívica do que
estamos fazendo e afirmando.
Estou vendo aqui o ilustre líder do PMDB, o Deputado Antônio
Andrade. Tenho certeza de que algum assessor induziu o Sr.
Governador a esse equívoco, porque esse é um instrumento favorável
ao governante, é o elemento a mais de que ele passa a dispor para
fiscalizar o bom funcionamento e a eficaz distribuição dos
recursos públicos no âmbito do Estado de Minas Gerais.
Quero dizer também ao ilustre Deputado Dinis Pinheiro que tenho
certeza de que quando o Deputado Carlos Pimenta estiver aqui para
fazer o seu pronunciamento ele será generoso comigo, concedendo-me
o aparte necessário para que eu possa me alongar um pouco mais,
procurando trazer algum fato a mais, pois 60 minutos apenas é
muito pouco para se fazer tudo.
A relevância do significado do que é transparência, transparecer,
tornar público, do conhecimento de todos, esse, sim, é o objetivo,
o princípio básico que norteou a apresentação dessa emenda.
Quero aproveitar a oportunidade para fazer aqui uma homenagem ao
relator dessa lei, um dos mais ilustres Deputados desta Casa.
Mesmo sendo ele pessoa aliada, leal ao Governo, acolheu a emenda,
porque ele também se inspira nos princípios básicos da
administração pública.
Entre esses princípios está o da transparência, que permite que
aquele que mora numa rua sem calçamento ou sem iluminação pública,
sem esgoto ou na zona rural, nas mais modestas moradias, saiba o
quanto e para onde foram liberados os recursos públicos nas
esferas estadual, federal e municipal.
Por essa razão é que estamos aqui, não fazendo oposição por
oposição, não fazendo obstrução, mas sim esclarecendo. Vejam os
senhores, a emenda que li há poucos instantes simplesmente propõe
o demonstrativo dos recursos a serem aplicados na concessão de
subvenção social ou de auxílio para despesa de capital, nos termos
da Lei Federal nº 4.320, de 17/3/64, a que me referi.
São essas as considerações que me trouxeram a esta tribuna. Por
ocasião do encaminhamento de votação, talvez seja possível voltar
aqui para fazer alusão sobre mais alguns fatos, lembrando sempre
que o que se busca, o que se deseja, é o princípio básico da
transparência. Isso, sim, é o que estamos buscando e vamos sempre
buscar.
Sabemos que não se vetou a subvenção social, que está contida
nessa lei federal que não foi revogada por nenhum Presidente.
O que se vetou foi a forma de fiscalizar o que seria liberado.
Por isso estamos aqui. Muito obrigado pela atenção. Como disse o
Deputado Dinis Pinheiro, espero pela oportunidade de voltar para
prestar mais alguns esclarecimentos ao povo de Minas Gerais.