DEPUTADO ANTÔNIO JÚLIO (PMDB), Presidente
Discurso
Discursa na posse do Governador Aécio Neves e do Vice-Governador Clésio
Andrade.
Reunião
reunião SOLENE
Legislatura 14ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 03/01/2003
Página 17, Coluna 3
Assunto GOVERNADOR.
Legislatura 14ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 03/01/2003
Página 17, Coluna 3
Assunto GOVERNADOR.
REUNIÃO SOLENE DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 15ª
LEGISLATURA, EM 1/1/2003
Palavras do Deputado Antônio Júlio
Exmo. Sr. Governador do Estado de Minas Gerais, Sr. Aécio Neves
da Cunha; Exmo. Sr. Vice-Governador do Estado de Minas Gerais, Sr.
Clésio Soares de Andrade; Exmo. Sr. Henrique Hargreaves; Revmo.
Dom Serafim Fernandes de Araújo; Exmo. Sr. Leur Lomanto; Exmo. Sr.
Eduardo Azeredo; Exmo. Sr. Gudesteu Biber Sampaio; Exmo. Sr. Mauri
Torres, na pessoa do qual saúdo todos os Deputados presentes,
tanto os federais como os estaduais.
No encerramento desta reunião solene da Assembléia Legislativa,
desejo formular a V.Exa., Sr. Governador Aécio Neves, os
cumprimentos desta Casa pela sua posse, hoje, na chefia do Poder
Executivo de nosso Estado.
Além de ostentar no sangue e em sua história pessoal o melhor da
tradição política mineira, filho de Aécio Cunha e neto de Tancredo
Neves e de Tristão da Cunha, V.Exa. traz para o Governo do Estado
a experiência de quatro mandatos parlamentares, coroados por uma
atuação marcante na Presidência da Câmara.
Quero pessoalmente evidenciar a importância de quem sempre foi um
parlamentar e que agora assume a mais importante função executiva
de Minas Gerais e devo, em nome de todos os Deputados desta Casa,
expressar a grande esperança que, em nome do povo mineiro,
depositamos em quem sempre valorizou o Poder Legislativo.
Pois V. Exa. soube inaugurar na Câmara dos Deputados um tempo
novo, recuperando o seu plenário como o foro de debates das
grandes questões nacionais.
Do mesmo modo como vem procedendo esta Assembléia Estadual, a
agenda política do Deputado Federal Aécio Neves, na Presidência da
Câmara dos Deputados, procurou se aproximar da sociedade de uma
maneira dinâmica e corajosa, e V. Exa. não hesitou em colocar em
votação matérias importantes, mas polêmicas, que foram devidamente
discutidas e aprovadas.
Dentre as que maior impacto provocaram na opinião pública,
estavam justamente as que visavam ao resgate e à valorização do
parlamento. Não existe nenhuma dúvida de que a mais importante
delas foi aquela que restringiu a edição de medidas provisórias
pelo Poder Executivo, o último ranço autoritário vigente na nossa
atividade de legislar.
Dessa forma, foram estabelecidos critérios claros, proibindo a
reedição na mesma legislatura de medida provisória que tenha sido
objeto de rejeição ou tenha perdido sua eficácia por decurso de
prazo.
Os Legislativos estadual e federal, no caso específico de Minas
Gerais, estiveram bastante afinados na legislatura que ora se
extingue, uma vez que foi preocupação de ambos a moralização do
Poder. Assim como a Câmara de Deputados restringiu a imunidade
parlamentar - vista pela opinião pública como sinônimo de
impunidade -, também nossa Assembléia cuidou desse antigo anseio
da população, criando recentemente o nosso Código de Ética, além
de limitar a imunidade parlamentar, que é uma salvaguarda
democrática contra o autoritarismo, e não uma garantia ao político
de estar acima dos demais cidadãos perante as responsabilidades
sociais e legais atinentes a todos os brasileiros.
Minas Gerais já goza hoje de um clima de tranqüilidade, fruto de
uma transição madura e provocada pelo entendimento entre seus dois
Governadores, Aécio Neves e Itamar Franco. Com grande
desprendimento, o Governador de quem estamos nos despedindo abriu
à equipe do novo Governador todos os dados necessários à
formulação de seu plano de governo. O pacto político entre ambos
nos faz prever um futuro promissor para o Estado, alicerçado no
diálogo e nas relações de respeito mútuo com o novo Governo
Federal, também já esboçadas pelo Governador Itamar Franco.
Nesse sentido, afinam-se os dois políticos, no interesse maior de
Minas Gerais. Neste ano que se configura difícil para todo o País,
as diversas forças políticas deverão estar unidas em favor da
governabilidade. Como pano de fundo desta colaboração ditada pela
sensatez, está a reinserção de Minas Gerais no centro das mais
urgentes questões econômicas e sociais, como o desenvolvimento e o
emprego.
As forças políticas mineiras estarão presentes nas grandes
decisões nacionais, e nosso Estado, unido, ajudará o Governo
Federal a superar, o mais rápido possível, esta fase de transição.
Uma relação tranqüila com o Governo Luís Inácio Lula da Silva será
ponto pacífico para que todas as regiões possam voltar a crescer,
gerando, em futuro não muito distante, mais empregos e
proporcionando uma vida melhor para todos os brasileiros. O Brasil
precisa cumprir seu destino, voltar aos trilhos do crescimento,
colocados por outro grande mineiro, o inesquecível Juscelino
Kubitscheck, cujo centenário acabamos de comemorar.
Sabemos que nada poderá ser decidido neste país sem a
participação do nosso Estado. Hoje, um novo ciclo inaugura-se na
política nacional e Minas Gerais estará ativamente presente. Pois
nossa gente sonhou a República com Tiradentes e Minas foi
reconhecida, mesmo pelo gaúcho Vargas, como o verdadeiro centro da
Nação. Juscelino foi o artífice do deslanchar do sonho para o
futuro. A liberdade, quando abortada de nossa história recente,
foi recolocada no horizonte da Pátria pela moderação, o denodo e a
visão de futuro de Tancredo Neves.
E agora, a voz de Minas, mantida acesa pela tenacidade de Itamar
Franco num momento adverso, poderá de novo se fazer ouvir. Ela
terá, juntando-se às suas antigas vibrações, transformadoras e
progressistas e ainda serenas e graves na reflexão, o tom ao mesmo
tempo ousado, inovador e ponderado de Aécio Neves, disposto a mais
uma vez influenciar os rumos desta nação.
Permita-me citá-lo, Governador Aécio Neves, pois é oportuno
lembrar algumas idéias defendidas em memoráveis pronunciamentos de
V.Exa. Em um deles se lamentava de que “o Poder Central se
ancorava na discriminação tributária”. É preciso deixar aos
Estados recursos para atender seus projetos de desenvolvimento.
Urge, portanto, uma nova definição das atribuições e das
responsabilidades de cada membro da Federação.
Tancredo Neves, como V. Exa. e todos nós nos lembramos, já disse,
com toda propriedade, que sem Federação não há República.
De outra feita, nesta mesma Casa, ao receber, no contexto das
comemorações da Inconfidência, a homenagem prestada pelos
representantes do povo mineiro, reafirmou V. Exa. sua fé na
cidadania. Retomando suas próprias palavras, “os parlamentares são
apenas cidadãos comuns que, por um tempo determinado e enquanto
durar a confiança dos que os indicam, exercem a liderança de suas
comunidades, elaboram as leis, controlam o Poder Executivo,
defendem e asseguram a soberania do povo”. Aqui, nesta Casa, temos
consciência de nossa condição de cidadãos, antes de tudo, pois
ainda parafraseando o então parlamentar Aécio Neves “ao cidadão
assiste o poder de fazer o Deputado, e o Deputado não faz o
cidadão”. Mais uma vez eleito pelo povo, V. Exa. saberá exercer
sua liderança de forma a tornar concretas as expectativas dos
cidadãos mineiros que o aclamaram nas urnas.
Certamente, estará atento ao futuro da economia estadual, de modo
que esta caminhe em consonância com a economia do País. No governo
de V. Exa., nosso Estado não será tratado de forma açodada. Como
cidadão de Minas, saberá, dentro do quadro nacional e diante da
criação em curso da ALCA e dos percalços do MERCOSUL, tomar,
novamente, a defesa de nosso parque produtivo diante da
concorrência de economias externas mais capitalizadas. Medidas
complementares à nossa economia não poderão deixar de ser
observadas, como a supressão de barreiras não-tarifárias que
afetam a siderurgia, além da questão dos subsídios agrícolas que
prejudicam nossas exportações. De modo algum, devemos nos dobrar a
injunções externas. Estamos certos de que o governo de Minas, sob
o comando de V.Exa., saberá manter uma postura altiva, digna da
elevada honra de nossa gente, com vistas à defesa dos interesses
de nosso Estado e de nossa histórica liberdade.
Sabemos, ao cumprimentar V. Exa. e o Sr. Vice-Governador Clésio
Andrade, que a honrosa responsabilidade de conduzir Minas Gerais
não pesará sobre seus ombros. Pelo contrário, a voz de todos os
outros mineiros excepcionais que um dia exerceram o mesmo cargo se
somarão à de V. Exa. numa polifonia caracterizada pela sabedoria e
por uma percepção acurada do definitivo entrelaçamento dos
destinos de Minas e do Brasil.
Todo o sucesso e a nossa irrestrita confiança em uma brilhante
condução da história mineira nestes próximos quatro anos! Muito
obrigado!