DEPUTADO ALBERTO PINTO COELHO (PPB), Presidente "ad hoc"
Discurso
Comenta o tema: "A Situação da Malha Rodoviária e o Desenvolvimento dos
Municípios".
Reunião
199ª reunião ESPECIAL
Legislatura 14ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 07/09/2002
Página 29, Coluna 2
Evento Ciclo de debates: "A ampliação da malha rodoviária - condição para o desenvolvimento econômico do Estado".
Assunto TRANSPORTE.
Legislatura 14ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 07/09/2002
Página 29, Coluna 2
Evento Ciclo de debates: "A ampliação da malha rodoviária - condição para o desenvolvimento econômico do Estado".
Assunto TRANSPORTE.
199ª REUNIÃO ESPECIAL DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 14ª
LEGISLATURA, EM 20/8/2002
Palavras do Deputado Alberto Pinto Coelho
A situação geográfica, as condições socioeconômicas, a
diversidade climática e topográfica e as características culturais
de Minas fazem com que nosso Estado, em considerações políticas,
econômicas e sociológicas, seja apontado como síntese do Brasil.
Um dos aspectos mais nítidos dessa comparação refere-se, com
certeza, às desigualdades.
Refletindo a realidade brasileira, Minas possui regiões com
elevado grau de desenvolvimento e outras com arraigados sintomas
de atraso; possui tecnologias de ponta ao lado de métodos
rudimentares de produção; possui populações com acesso a uma série
de benefícios sociais ao lado de outras em estado de absoluta
pobreza. Essas desigualdades têm origens diversas, vinculadas, em
grande parte, às condições naturais e ao processo histórico de
cada região. No entanto, não é difícil identificar alguns fatores
que impedem as regiões mais carentes de sair de seu estado de
estagnação. Um deles, sem dúvida, é a falta de estrutura na área
de transportes, o que deixa muitas localidades em situação de
abandono. Essa situação se verifica em cerca de 234 municípios
mineiros, que até hoje não possuem acesso pavimentado às
principais rodovias estaduais e federais do Estado. Esse
isolamento acarreta várias conseqüências, como a dificuldade de
escoamento da produção local, de aquisição de produtos de outras
regiões e de locomoção de seus moradores para outras localidades e
vice-versa.
Os prejuízos decorrentes dessa situação são inevitáveis. Do lado
econômico, o encarecimento dos produtos, o desestímulo às
iniciativas empresariais, a baixa competitividade para atração de
investimentos e a pequena oferta de empregos. Do ponto de vista
social, as deficiências na oferta de serviços essenciais, como
educação, saúde, saneamento básico, cultura e lazer.
Tais carências contribuíram para que, em pesquisa realizada pela
Fundação João Pinheiro, a maioria desses 234 municípios mineiros,
na situação descrita, apresentasse baixo Índice de Desenvolvimento
Humano - IDH -, indicador estabelecido pela ONU para medir as
condições socioeconômicas de uma população, combinando aspectos
como longevidade, educação e renda “per capita”.
Outro fator a ser considerado com relação a esses municípios
excluídos do processo de desenvolvimento do Estado é o fenômeno da
migração populacional do meio rural para o urbano, das pequenas
localidades para as médias e grandes cidades. Dados do IBGE
indicam que, invertendo-se radicalmente a situação de cinco ou
seis décadas atrás, 82% da população de Minas Gerais reside hoje
nos centros urbanos.
Esse fenômeno deve-se, evidentemente, à busca de melhores
condições de vida. Deixar os 234 municípios dos quais estamos
tratando no isolamento em que se encontram é estimular a migração
de seus habitantes e, conseqüentemente, contribuir para o
crescimento desordenado das médias e grandes cidades.
O objetivo deste ciclo de debates é analisarmos, juntos, o que se
pode fazer para mudar o quadro de exclusão socioeconômica em que
se encontram tais municípios. Isso demanda, obviamente, uma série
de estudos de viabilidade, do ponto de vista técnico, geográfico
e, principalmente, da disponibilidade de recursos financeiros.
Num contexto de escassez e contenção de despesas, é certo que
teremos de unir esforços e estabelecer parcerias, envolvendo os
Governos Federal e Estadual, os próprios municípios, a iniciativa
privada e, provavelmente, organismos internacionais de fomento,
pois, quando há trabalho conjunto e vontade política, os
obstáculos ficam mais fáceis de serem superados.
Trata-se, sabemos, de um trabalho longo, que demanda
persistência, continuidade e superação de divergências, em prol do
desenvolvimento de todo o Estado. Essa tarefa deverá ser assumida
pelos próximos governos. Pretende-se, neste encontro, estabelecer
as bases conceituais e técnicas para a elaboração de programa de
efetiva ampliação da malha rodoviária do nosso Estado.
Temos a certeza de que valerá a pena. Com essa iniciativa,
estaremos contribuindo para proporcionar a esses 234 municípios,
que reúnem quase um milhão e meio de habitantes, condições básicas
de desenvolvimento e integração ao restante do Estado.
Estradas melhores, com acesso pavimentado aos principais eixos
rodoviários, significarão apoio às atividades econômicas e geração
de milhares de empregos para essas localidades, além de segurança
e conforto para seus moradores. A abertura de fronteiras agrícolas
e maior intercâmbio regional gerarão aumento da arrecadação de
impostos e o conseqüente enriquecimento do Estado.
Agradecemos aos Prefeitos e às demais autoridades, aos
expositores e debatedores, ao público que prestigiou este ciclo de
debates, bem como a todos aqueles que contribuíram para sua
realização. Muito obrigado.