DEPUTADO ANTÔNIO JÚLIO (PMDB), Presidente
Discurso
Discursa sobre o tema do evento.
Reunião
172ª reunião ESPECIAL
Legislatura 14ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 29/06/2002
Página 49, Coluna 4
Evento Seminário Regional Violência Urbana e Saúde Pública.
Assunto SEGURANÇA PÚBLICA. SAÚDE PÚBLICA.
Legislatura 14ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 29/06/2002
Página 49, Coluna 4
Evento Seminário Regional Violência Urbana e Saúde Pública.
Assunto SEGURANÇA PÚBLICA. SAÚDE PÚBLICA.
172ª REUNIÃO ESPECIAL DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 14ª
LEGISLATURA, EM 20/5/2002
Palavras do Deputado Antônio Júlio
Exmos. Srs. Gen. Carlos Patrício Freitas, Des. Joaquim Alves de
Andrade, Elias Rassi Neto, Deputado Rubens Furlan, Deputada Maria
do Carmo Lara, Cel. Edson Ribeiro do Carmo, Deputado Edson
Rezende, Deputado Adelmo Carneiro Leão, colegas Deputados,
participantes deste encontro, um dos temas predominantes na
imprensa brasileira, nos tempos atuais, é o da violência urbana.
Ela aparece sob muitas formas: assaltos a Bancos, casas lotéricas,
estabelecimentos comerciais; a motoristas, passageiros em pontos
de ônibus, transeuntes; seqüestros, roubo de carros, invasão de
residências, acidentes de trânsito, agressões domésticas,
assassinatos. Esses são apenas alguns exemplos de uma lista bem
mais abrangente, na qual poderiam figurar também outras formas de
violência, como a pobreza, a fome, o desemprego, a falta de
oportunidades na educação e no mercado de trabalho, a
discriminação, enfim, um conjunto amplo de fatores que
caracterizam a exclusão social.
Chegamos a uma situação que se caracteriza pelos índices
crescentes de violência e criminalidade, pela banalização da vida,
pela ausência de tranqüilidade nos locais públicos, no convívio
familiar, no ambiente de trabalho. Não exageram aqueles que
prevêem para o Brasil, num futuro próximo, índices de violência
equiparados aos da Colômbia.
Como resultado dessa realidade, vivemos hoje em uma sociedade
acuada, freqüentemente confinada em apartamentos ou condomínios,
recorrendo a equipamentos de segurança, impelida a comportamentos
de isolamento e individualismo, em substituição à convivência
comunitária e, muitas vezes, à solidariedade.
As conseqüências diretas da violência urbana podem ser
constatadas pelo elevado número de ocorrências policiais, de
atendimentos nos hospitais e centros de saúde, de seqüelas físicas
e psicológicas, de registros de morbimortalidade.
Como se percebe, a questão da violência e da segurança está
intimamente vinculada à questão da saúde pública, vista como um
campo de atuação em que devem ser consideradas tanto as condições
de atendimento à população, nos casos a que nos referimos, quanto
os aspectos preventivos, visando à redução dos problemas nessa
área.
Este seminário tem por propósito, justamente, discutir a
violência urbana sob o viés da saúde pública e consiste num
desdobramento do Seminário Nacional sobre Violência Urbana e
Segurança Pública, promovido, em outubro do ano passado, pela
Comissão de Desenvolvimento Urbano e Interior da Câmara dos
Deputados, por meio da Subcomissão Especial de Violência Urbana e
Segurança Pública.
Este evento é o primeiro de cinco seminários regionais sobre o
tema que serão realizados no País, com o objetivo de aprofundar as
discussões iniciadas em Brasília, abrangendo a Região Sudeste e
contemplando, portanto, a realidade e as contribuições dos Estados
de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Sem querer nos adiantar às proposições a serem apresentadas neste
encontro, o que certamente será feito com maior propriedade pelos
expositores e debatedores, que nos honram com sua presença,
gostaríamos de tecer mais algumas breves considerações sobre o
tema.
A sustentação legal para investimentos e ações efetivas no âmbito
da segurança pública é dada com clareza pela Constituição Federal
de 1988, assim como pela Constituição do Estado de Minas Gerais de
1989. A segurança pública, dizem as duas Cartas, é “dever do
Estado, direito e responsabilidade de todos”.
Diante desse amparo jurídico, dos índices crescentes de violência
e criminalidade a que estamos expostos e de seus reflexos no campo
da saúde, impõe-se a necessidade de um esforço conjunto dos
poderes públicos, das instituições da sociedade civil e da
população de modo geral, para que possamos sair dessa situação.
Por sua vez, a Assembléia Legislativa de Minas vem desenvolvendo,
nos últimos anos, uma série de ações com vistas a sensibilizar os
meios políticos, as autoridades governamentais e o povo mineiro
para esse grave problema.
Destacam-se entre essas ações a realização de debates, audiências
públicas, o recebimento de queixas e denúncias, a formação de
comissões parlamentares de inquérito, em situações específicas, e
o lançamento, no ano 2000, do Movimento pela Segurança e Vida.
Em fevereiro desse mesmo ano, a Casa apresentou ao Conselho
Estadual de Defesa Social diversas propostas, a maior parte das
quais integra os Planos Nacional e Estadual de Segurança Pública,
que, posteriormente, vieram a ser elaborados.
No decorrer de 2002, estamos realizando uma série de encontros,
com participação de representantes da sociedade civil e de órgãos
públicos, especialmente aqueles vinculados à segurança pública,
com a finalidade de levantarmos propostas concretas para o setor e
encaminhá-las às instâncias competentes, nos âmbitos estadual e
federal.
A relevância do tema para esta Assembléia e o agravamento da
situação fizeram com que apresentássemos, recentemente, projeto de
resolução criando a Comissão de Segurança Pública.
Temos a certeza de que as reflexões e proposições decorrentes
deste seminário constituirão subsídios valiosos para construirmos
uma política de segurança pública e de saúde consistente e
duradoura, que resulte em melhores condições de vida para a
população.
Gostaríamos de agradecer aos expositores, debatedores e demais
participantes deste encontro, bem como a todos aqueles que
contribuíram para sua realização, especialmente à Comissão de
Desenvolvimento Urbano e Interior da Câmara dos Deputados, ao
Ministério da Saúde e ao Conselho Nacional de Saúde, às
Assembléias Legislativas dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro
e Espírito Santo; e às Secretarias Estaduais de Saúde e Conselhos
Estaduais de Saúde de Minas, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito
Santo. Que todos tenham um bom dia e façam bom proveito deste
encontro.