DEPUTADO KEMIL KUMAIRA (PSDB)
Discurso
Comenta situação de calamidade pública do Município de Teófilo Otoni.
Reunião
329ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 14ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 13/03/2002
Página 28, Coluna 1
Assunto SEGURANÇA PÚBLICA.
Legislatura 14ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 13/03/2002
Página 28, Coluna 1
Assunto SEGURANÇA PÚBLICA.
329ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 14ª
LEGISLATURA, EM 6/3/2002
Palavras do Deputado Kemil Kumaira
O Deputado Kemil Kumaira* - Sr. Presidente, Srs. Deputados, quem
chega à Assembléia e vem a este Plenário não imagina quanto
trabalho está sendo desenvolvido nesta Casa neste momento, porque
as comissões estão trabalhando com a participação de quase todos
os Deputados. Por isso, o Plenário encontra-se vazio, causando a
impressão falsa de que estamos na Assembléia sem prestar o devido
serviço à coletividade, como é da nossa obrigação.
Mas gostaria de dizer que nós, que fazemos parte da Oposição ao
Governo do Estado, temos procurado apontar as falhas do Governo,
numa prestação de serviço importante, porque serve não só para
críticar o Governo, mas também para orientá-lo no sentido de
resolver problemas graves porque passa determinado segmento da
nossa sociedade e a população, que, muitas vezes, não tem
oportunidade de estar aqui, próxima aos órgãos governamentais, e
de se queixar dos problemas que vive.
Hoje, venho trazer um problema angustiante da população da minha
cidade natal, Teófilo Otôni. É do conhecimento geral que o
município foi o mais penalizado com as últimas chuvas. As
inundações ocasionaram grandes prejuízos, tanto na zona urbana,
quanto na área rural. Em decorrência disso foi decretado estado de
calamidade pública. Em termos estatísticos, a catástrofe que se
abateu sobre os teófilo-otonenses resultou em doze mortes. Quatro
mil pessoas tiveram que ser removidas para abrigos provisórios; 16
bairros da cidade foram atingidos, ficando desalojadas quase
16.000 moradores; 7 pontes foram totalmente destruídas, na zona
urbana, e outras 32 na zona rural; 247 casas desabaram; 600
moradias foram parcialmente danificadas. Os prejuízos totais são
da ordem de R$61.000.000,00. Avaliação feita por órgãos que têm os
métodos legais para fazer essa comprovação.
Não bastasse essa destruição, a população convive agora com a
possibilidade concreta de epidemias, de falta de medicamentos e
alimentos e de pane dos serviços públicos.
A tragédia atingiu, indistintamente, todas as classes sociais da
região. Se os menos favorecidos estão sofrendo, também aqueles que
respondem pelas atividades produtivas o estão. Na verdade, o
comércio do município será o setor que sofrerá as maiores perdas,
de imediato e em médio prazo. Além da perda de mercadorias e
instalações, obviamente o consumo reduziu, tornando-se
insustentável a situação dos comerciantes.
Na qualidade de representante de Teófilo Otôni nesta Casa, temos
a consciência tranqüila de que, na medida de nossas
potencialidades, tudo temos feito para ajudar nossos representados
e conterrâneos. Sem pretensão alguma, vale lembrar que conseguimos
do Governo Federal uma ajuda para a reconstrução da cidade, com o
apoio da Bancada do PSDB desta Casa e com a importante
participação do Presidente da Câmara Federal, majoritário em
Teófilo Otôni, Deputado Aécio Neves, e a importância está sendo
viabilizada por meio do Ministério da Integração Nacional.
Estamos preocupados não somente com aqueles pobres, que, de
resto, são as maiores vítimas, mas também com aqueles que
produzem, representando a fonte de rendas na economia do
município. As empresas e os homens de comércio estão em situação
pré-falimentar, em vista dos prejuízos incalculáveis. Esses homens
levaram uma vida inteira para constituir, atrás de um balcão,
atividades honestas, que, em menos de 12 horas de chuvas
ininterruptas, sofreram prejuízos irrecuperáveis, a não ser que
possam contar com a participação dos que detêm o poder.
Justifico a nossa presença na tribuna com pedido aos Deputados
que representam, nesta Casa, a base de Governo e que votaram a
isenção de muitos tributos para os inadimplentes que deixaram de
recolher impostos em favor do nosso Estado. Solicito-lhes que essa
defesa seja agora repetida, mas não no tocante a anistias, pois
não venho para defender incoerência da Bancada do PSDB.
Fomos contrários à anistia, porque pensamos que quem deve tem a
obrigação de pagar. Não se justifica que aqueles que são bons
pagadores sejam penalizados com a anistia para os inadimplentes,
que, muitas vezes, cometem crimes contra os interesses públicos.
Sr. Presidente e Srs. Deputados, desejamos tão-somente pedir à
base do Governo nesta Casa apoio neste momento de desalento, de
tristeza e de sofrimento, para que o povo humilhado e pobre do
vale do Mucuri e aqueles que são vítimas dessa catástrofe que
ocorreu em Teófilo Otôni possam esperar com confiança o apoio
dessa base, para levar ao Governador do Estado a necessidade de
dar uma demonstração de sua sensibilidade e de conceder aquilo que
estamos propondo. Encaminharemos à Mesa da Assembléia Legislativa
um projeto de lei, dando condições para que os comerciantes do
vale do Mucuri, sobretudo de Teófilo Otôni, possam, em um prazo de
seis meses, conseguir a tolerância da lei, de acordo com ela, a
fim de que o recolhimento do ICMS seja feito de maneira que tenha,
em seu bojo, um espírito de humanidade, fazendo com que aqueles
que produzem a riqueza do município e que perderam tudo possam se
reerguer com suas próprias forças, contando também com o apoio
necessário do Governo do Estado.
Dirijo-me à base governista porque, muitas vezes, venho a esta
tribuna e tenho percebido que não tem dado demonstrações de estar
preocupada com o sofrimento do povo de Minas Gerais em qualquer
lugar que se encontre. Agora mesmo estamos vendo diversos
segmentos do funcionalismo público do nosso Estado batendo às
portas da Assembléia Legislativa para buscar o apoio dos Deputados
na defesa dos seus direitos. Enquanto isso, o Governo Itamar
Franco tem dado demonstrações de muita insensibilidade. Quando
candidato a Governador, conquistou a maioria do funcionalismo
público, prometendo apoiá-los nas causas maiores desse segmento
importante da sociedade mineira. Atualmente, temos percebido
exatamente o oposto. Em cada setor da administração pública,
insurgem-se todas as verdadeiras lideranças para poder dizer alto
e bom som que o Governador Itamar Franco deu as costas para o
funcionalismo.
Aproveito este ensejo para dizer que todas as vezes que venho à
tribuna ou que estou aparteando um Deputado do Governo me é negado
o direito de debater aquilo que penso ser fundamental em um
parlamento. Esta Casa tem ocupações nas comissões e trabalhos que
são efetuados em reuniões fechadas. Sendo assim, muitas vezes, a
população não toma conhecimento do que foi tratado, mas, no
Plenário, é preciso que o parlamento seja verdadeiramente tal, e
que o Deputado esteja preparado para debater as grandes causas do
povo. Quando negam o aparte, sinto-me diminuído em minha honra,
porque é descortesia negar aparte a um Deputado da Oposição.
E digo que não faço isso para tumultuar os trabalhos, como muitas
vezes dizem os Deputados do Governo. Já, agora, no meu sétimo
mandato nesta Casa, como seu ex-Presidente, como ex-Presidente da
Constituinte Mineira, não posso deixar que meu nome seja
ridicularizado por qualquer insinuação de que estou tumultuando o
trabalho na Assembléia.
Sr. Presidente, quero estar estimulado para debater, não quero
ficar assentado, passivamente, ouvindo algumas inverdades que
daqui são pronunciadas. Essa é a verdadeira indignação que vivo na
Assembléia de Minas. Muito obrigado.
* - Sem revisão do orador.