DEPUTADO JORGE EDUARDO DE OLIVEIRA (PMDB)
Discurso
Comenta a questão tributária e a falta de incentivo fiscal para as
indústrias do Vale da Eletrônica.
			
							Reunião
								231ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 14ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 24/04/2001
Página 32, Coluna 2
Assunto TRIBUTOS. INDÚSTRIA.
					Legislatura 14ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 24/04/2001
Página 32, Coluna 2
Assunto TRIBUTOS. INDÚSTRIA.
			231ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 14ª
                LEGISLATURA, EM 17/4/2001
     Palavras do Deputado  Jorge Eduardo de Oliveira
O  Deputado Jorge Eduardo de Oliveira* - Sr. Presidente e  Srs.
Deputados, em outras ocasiões, já ocupamos esta tribuna para tecer
comentários sobre a questão fiscal-tributária em nosso País  e  em
nosso Estado. A guerra fiscal entre os Estados, a federalização de
impostos  estaduais,  a  gradativa  diminuição  das  receitas  dos
municípios e a necessidade de uma reforma tributária, eis os temas
que  constituíam, à época, e constituem, agora, o objeto de  nossa
preocupação.
Passado  algum  tempo, chega a ser desalentador constatar  que  a
situação  pouco mudou. A reforma tributária continua  em  fase  de
ensaio,  e ensaio tímido. Os Estados e os municípios viram  grande
parte de suas receitas serem açambarcadas pelo Governo Federal, de
tal  modo  que sua autonomia é hoje apenas nominal. Os municípios,
em  particular, estão à beira da insolvência, obrigados a mendigar
repasses das esferas mais altas do poder. Quanto à guerra  fiscal,
continua  intensa,  e Minas Gerais tem sido um  dos  Estados  mais
prejudicados com ela.
Vejam-se,  por  exemplo,  as  inúmeras  indústrias  do  Vale   da
Eletrônica,  no  Sul  de Minas, que os gordos  incentivos  fiscais
atraíram para a região de Ilhéus, na Bahia. Veja-se, igualmente, o
caso da Parmalat, que está levando sua Fábrica de Itamonte, para o
Estado de São Paulo. E veja-se, finalmente, o caso da indústria de
calçados  Penalty,  de  que nos ocuparemos  especificamente  neste
pronunciamento.
A  Penalty  sempre foi uma fonte geradora de empregos e  tributos
para  a  região  Sul-Mineira, que representamos nesta  Assembléia.
Inicialmente,   mantinha  três  fábricas:  uma   em   Camanducaia,
empregando  cerca de 500 pessoas; outra, em Três  Pontas,  gerando
igual  número de empregos; e uma terceira, em Machado,  empregando
600  trabalhadores. Ocorre que as fábricas de Camanducaia  e  Três
Pontas estão em fase de encerramento das atividades, enquanto está
correndo  perigo a operação sediada em Machado. E  tudo  isso  por
causa  da  guerra fiscal, em que a arma principal utilizada  pelos
concorrentes são as alíquotas do ICMS.
A  Penalty  se havia estabelecido em território mineiro  contando
com um incentivo do Governo Estadual: 50% do ICMS devido ao Estado
poderiam  ser  pagos com prazo de um ano, sem correção  monetária.
Isso  era  interessante  para a empresa  nos  tempos  de  inflação
galopante.  Com a eliminação da espiral inflacionária, a  vantagem
deixou de existir. Acontece que o Governo da Bahia, para atrair  a
empresa  para  o  Sul  do Estado vizinho, está-lhe  concedendo  um
financiamento inicial de R$10.000.000,00, com juros de 3% ao ano e
sem correção.
Além  disso,  a  isenção  do  recolhimento  do  ICMS  está  sendo
ajustada,  fazendo com que o calçado da Penalty – se produzido  na
Bahia  –  fique  10%  mais  barato que o similar  mineiro.  É  uma
diferença considerável quando se sabe que a concorrência  é  feroz
no  ramo  calçadista e ainda mais no setor de calçados esportivos,
em  que opera a Penalty. Muitas vezes, pela diferença de R$0,10 no
custo  do  par de sapatos, a empresa perde a venda de  milhões  de
pares para um concorrente.
Sob esse prisma, pode-se entender a decisão da Penalty de sair de
Minas,  mas não se pode entender o imobilismo nosso, dos mineiros,
ao  não partir para a luta, deixando que o nosso parque industrial
seja  desmontado. Vamos estudar os meios para que  a  Penalty  não
deixe Minas e não leve a penúria a milhares de famílias. Esse é  o
apelo  que fazemos ao Sr. Governador do Estado e, por extensão,  à
sua  equipe  capitaneada  pelo Sr. Secretário  da  Fazenda.  Muito
obrigado.
* - Sem revisão do orador.