A audiência da Comissão Pró-Ferrovias Mineiras foi realizada na Câmara Municipal de Pedro Leopoldo

Pedro Leopoldo é estratégica para instalação de porto seco

Comissão Pró-Ferrovias Mineiras discutiu, em audiência pública, o papel do município como hub logístico no Estado.

26/08/2022 - 15:15

Empresários e instituições federais e estaduais mobilizam-se para atrair investidores para a instalação de um porto seco - terminal intermodal de integração - em Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O assunto foi abordado em audiência publica da Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada na Câmara Municipal do município na manhã desta sexta-feira (26/8/22). 

“Pedro Leopoldo está na 10ª posição em um ranking de 39 cidades mineiras consideradas estratégicas pelo Ministério de Infraestrutura, cujo potencial de implantação de terminais está sendo analisado. O município tem grande potencial e o governo está buscando aprimorar a legislação”, explicou Leandro Costa, assessor da Superintendência de Transporte Ferroviário da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade. 

Hub logístico

Empresário de Pedro Leopoldo, Gilmar Neves ressaltou que o município, por ser um hub logístico, tem uma posição estratégica para a instalação de um porto seco, que pode integrar os modais rodoviário, ferroviário e aeroviário.

Contam a favor do projeto a proximidade com o Aeroporto Internacional de Confins e a Ceasa, assim como o fato de uma linha férrea já passar no centro da cidade. 

“Estamos ao lado de Sete Lagoas, com muitas indústrias. Para se chegar aqui, de Belo Horizonte, é fácil. Um porto seco pode movimentar R$ 1 bilhão por mês. Se só 1% ficar aqui, já são R$ 20 milhões a mais na arrecadação do município mensalmente. Atualmente, temos um volume de nove milhões de toneladas anuais úteis movimentadas pelo município, sendo que 85% são cargas com alta especialização em granéis sólidos minerais, devido ao potencial calcário da região e a fábrica de cimento na cidade”, salientou. 

Gerente de Negócios da InvestMinas, Henrique Maior Soares ponderou  que o resgate do modal ferroviário no Estado se torna fundamental devido à sobrecarga das rodovias, com alto custo logístico e o prejuízo causado pela circulação de milhares de carretas. 

“Estamos buscando atrair investidores interessados em ajudar. Em Minas temos duas fábricas de locomotivas. Tendo um plano de negócios definido, podemos ir atrás de investidores, operadores ou fundos de investimento para viabilizar a implantação”, afirmou.

Escoamento da produção

O coordenador de Mobilidade Integrada da BH AirPort, Maurício Rezende Aguiar, ressaltou que uma ferrovia com terminal em Pedro Leopoldo traria muito mais possibilidades de escoamento de cargas, também vindas de portos no Rio de Janeiro. 

“Temos um aeroporto industrial para transporte de cargas com até 500 metros de área disponível para indústrias se instalarem e usufruírem dos benefícios para exportação. Um porto seco nos ajudaria de maneira fundamental na movimentação do terminal de cargas. Hoje estamos trazendo essas cargas, que desembarcam nos aeroportos de Guarulhos ou Viracopos, via rodovia e as mercadorias ficam armazenadas no aeroporto até as empresas buscarem”, relatou. 

Gerente de Relações Institucionais da VLI Logística, José Geraldo Lima frisou que o Plano de Mobilidade Metropolitana também está em elaboração e pediu a participação de todas as entidades presentes. Um dos quatro eixos previstos pelo Governo do Estado é o ferroviário.

“O momento é de transformação, de mudança de mentalidade. A concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) vence em 2026 e queremos a renovação. O empreendedor que tiver interesse pode construir uma ferrovia em algum trecho, para conectar essas pequenas ferrovias estratégicas a grandes malhas”, destacou.

Coordenador da Unidade Regional de Minas Gerais (Cofer-MG) da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Aurelio Braga sugeriu que faça parte da contrapartida da renovação da concessão da ferrovia a cessão de um terreno de quase 2,5 mil hectares (atualmente em posse da UFMG), que, segundo ele, não tem sido usado em sua plenitude. 

Coordenador da Superintendência do Patrimônio da União (SPU) em Minas Gerais, José Osmar Lins também viu a proposta com interesse. “Terra é um ativo escasso que temos de priorizar. Seria interessante colocar sob análise a possibilidade de uso dessa área para a construção do porto seco e também, em parte, para a construção de uma escola de manutenção de aviões, que não tem na cidade”, completou. 

Autor do requerimento para realização da reunião, o deputado João Leite (PSDB) se disse esperançoso com relação à viabilização do porto seco na cidade. “Vimos aqui hoje que existe muita vontade e interesse. O que foi dito nos dá bastante com o que trabalhar para que finalmente a cidade tenha o reconhecimento que merece dentro da região metropolitana”, concluiu.