Passageiros sofrem com precariedade do Move em Neves
Terminal Justinópolis foi visitado por comissão. Longas filas e falta de policiamento estão entre as reclamações.
09/08/2022 - 11:35Reclamações quanto à pouca frequência de ônibus, às condições estruturais da estação e às condições de trabalho no Terminal Justinópolis do Move foram relatadas para a presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputada Andréia de Jesus (PT), durante visita ao local realizada na manhã desta terça-feira (9/8/22).
Consulte o resultado da visita.
Os passageiros reclamaram das longas filas e do tempo de espera na estação, com alta circulação de pessoas, tendo em vista que é o único terminal de integração metropolitana de Ribeirão das Neves (Região Metropolitana de Belo Horizonte), cidade que tem mais de 300 mil habitantes.
Segundo os usuários do serviço, o número de ônibus diminuiu no período mais crítico da pandemia de Covid-19, em 2020, e até hoje as linhas não retomaram a frota habitual.
Moradora do bairro Veneza e participante da Comissão de Transportes Representante dos Bairros da BR-040, Isabel Neres Dada disse que todas as reuniões com o Sistema de Transporte Metropolitano e com a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade se mostraram infrutíferas, visto que várias promessas foram feitas, mas não cumpridas. A comissão é uma iniciativa da sociedade civil, tendo em vista a insatisfação dos moradores com o atendimento no terminal.
Insegurança para passageiros
Problemas estruturais nas passarelas e problemas de segurança no local também foram relatados. Durante a visita, desentendimentos entre passageiros nas filas e motoristas de ônibus foram presenciados. Representante do movimento Nossa BH, Luana Silva Costa acrescentou que não há rampas para acesso aos ônibus dentro do terminal.
“Além disso, tanto a iluminação dentro da estação quanto as câmeras de segurança têm por finalidade vigiar o patrimônio público, e não oferecer conforto às pessoas que ficam aqui. As pessoas que moram próximo daqui se deslocam a pé até os bairros, porque é mais rápido do que aguardar o ônibus".
Ela ainda mencionou a falta de policiamento dentro da estação e nos seus arredores. Segundo Luna, desde que o terminal foi criado, o índice de assaltos na região aumentou muito. "Se depois de meia-noite você precisa de ônibus, o jeito é dormir aqui e aguardar até quatro da manhã, quando as linhas voltam a circular”, explicou.
Ferrugem visível
O terminal é administrado pelo Sistema de Transporte Metropolitano, em parceria com as empresas Rodap Transportes e Saritur. Num processo licitatório que chegou a ser considerado irregular pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) e que foi liberado em julho deste ano, o Consórcio Terminais BH passará a ser responsável pela gestão do espaço, permanecendo as linhas de ônibus e a fiscalização das instalações gerenciadas pela Rodap e pela Saritur.
Um dos fiscais do terminal, Adilson Alves explica que o consórcio ainda não fez nenhuma modificação no local. “Nada começou ainda. Vieram aqui e fizeram algumas fotos essa semana. E até o momento é isso”.
As instalações do terminal contam com uma área coberta de 8,28 mil metros quadrados e desde sua inauguração, em 2016, nunca passaram por nenhum tipo de reforma. Em vários bancos e portas, é visível a ferrugem. Os bancos para que os passageiros aguardem os ônibus são poucos, não possuem encosto e estão danificados.
Além disso, há apenas um banheiro, pago, para os usuários do terminal. O bicicletário público para os ciclistas só é acessível mediante cadastro na Rodap Transportes, e o local é trancado, por medida de segurança.
Durante a visita, também foram feitas denúncias anônimas, por motoristas, de tempo reduzido para descanso entre viagens ou almoço, com prazos de horários apertados a serem cumpridos.
A deputada não foi recebida por nenhum representante das empresas ou do Estado e declarou que acionará o Ministério Público quanto às denúncias recebidas pela Comissão de Direitos Humanos e às irregularidades verificadas.
“Tentamos entrar em contato, mas no site ou pessoalmente não encontramos nenhuma pessoa que pudesse responder aos nossos questionamentos. Mas presenciamos a revolta dos passageiros quanto ao serviço prestado”, afirmou Andréia de Jesus.