Creches atendem filhos de profissionais da área da Saúde
Beatriz Cerqueira destacou que os monitores precisam de formação específica

Mães querem rever contratações para creches da Fhemig 

Empresa de terceirização estaria encaminhando profissionais sem formação, segundo relato feito em visita de comissão.

30/05/2022 - 15:40

A contratação de pessoal para creches que atendem filhos de servidores da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) foi repassada à empresa de terceirização MGS sem maiores explicações e está gerando descontentamento e insegurança nas famílias quanto à capacitação dos contratados.

As preocupações com a situação foram expostas por um grupo de mães que acompanhou, nesta segunda-feira (30/5/22), visita realizada a uma dessas creches pela Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

As contratações de monitores/recreadores eram feitas por intermédio da própria Fhemig, até que, em dezembro do ano passado, foi lançado edital de seleção transferindo essa atribuição para a Minas Gerais Administração e Serviços (MGS).

Embora o edital tenha sido feito de acordo com as atribuições necessárias ao cuidado das crianças, o encaminhamento dos selecionados, bem como as contrações pela MGS estariam sendo feitos em desacordo com os requisitos, destinando às creches profissionais sem capacitação adequada e sem experiência.

Os relatos foram feitos à presidenta da comissão, deputada Beatriz Cerqueira (PT), que pediu a visita à creche do Instituto Raul Soares, no bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte. A unidade possui 17 recreadoras e atende 70 crianças de 6 meses a 6 anos de idade.

A coordenação do instituto informou à comissão que aguarda as substituições pedidas à MGS, que teria se comprometido a fazer as mudanças diante da necessidade de a unidade receber pessoal com maior experiência em educação infantil.

Há ainda outras duas creches na Capital, no Hospital Eduardo de Menezes e no Hospital Galba Velloso. E duas no interior, sendo uma no Hospital Regional João Penido, em Juiz de Fora (Zona da Mata), e outra no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena (Região Central).

Deputada quer cancelamento de seleção

A presidenta da comissão anunciou que irá encaminhar requerimentos pedindo à fundação que informe o que motivou a mudança de procedimento quanto às creches e reivindicando que seja retomada a forma de contratação de pessoal pela Fhemig, sem a intermediação da MGS.

“O monitor de creche requer uma formação específica, apenas um treinamento é insuficiente”, avaliou a parlamentar, ao defender que o edital aberto pela MGS seja cancelado.

Criticando a formação aquém daquela desejada e a ausência de uma exposição de motivos para a mudança no procedimento para os contratos, a deputada ainda considerou que a nova sistemática pode provocar a ausência de laços dos trabalhadores com as creches, o que pode prejudicar as crianças.

Caso a Comissão de Educação não tenha retorno satisfatório a respeito das demandas das famílias, Beatriz Cerqueira disse que o assunto voltará a ser tratado, desta vez numa possível audiência pública a ser realizada na ALMG.

Quebra de vínculos das crianças com os cuidadores e temor de transtornos psicológicos diante da rotatividade de pessoal foram preocupações recorrentes manifestadas pelo grupo de mães durante a visita, com muitas delas se dizendo angustiadas e aflitas com a situação.

Retrocesso

Com três filhos já tendo frequentado a creche do Raul Soares, a assistente social Deonara Silveira classificou de retrocesso a mudança na forma de contratação, frisando que as creches dos servidores da Fhemig sempre foram modelo.

Ela lembrou que as unidades têm uma dinâmica própria de atendimento, se adequando à carga horária dos servidores da área de saúde, que comumente se desdobram em plantões de 12 horas seguidas.  "Isso é fundamental para a tranquilidade de pais e mães que trabalham na saúde", frisou Deonara.

Foi relatado ainda que essas creches, tal sua importância, foram autorizadas a continuar funcionando mesmo durante os picos de Covid-19, justamente para que os profissionais da saúde pudessem  atuar no enfrentamento da pandemia.

Custeio

Maria Lúcia Barcelos, do Sindicato dos Trabalhadores na Área de Saúde (Sind-Saúde), acrescentou que as creches para filhos de servidores da Fhemig são fruto de décadas de luta e mobilização da categoria e defendeu que também seja feita uma apuração do custeio das contratações feitas pela MGS, para verificar se ele não seria maior se comparado ao da sistemática anterior.