Os pescadores do Rio Mucuri, que corta Nanuque, querem que empresa responsável por usina promova limpeza e construa escada para peixes - Arquivo ALMG

Audiência pública debate drama de pescadores no Rio Mucuri

Debate em Nanuque nesta quinta (26) discutirá alternativas para sobrevivência de trabalhadores ameaçados por aguapés.

25/05/2022 - 12:06

Debater a situação dos pescadores do Rio Mucuri na região de Nanuque (Jequitinhonha/Mucuri), cuja sobrevivência está ameaçada pela invasão de aguapés. Esse é o objetivo da audiência pública que a Comissão de Participação Popular realiza nesta quinta-feira (26/5/22), a partir das 13 horas, na Câmara Municipal (Av. Geraldo Romano, 231 – Centro). O debate atende a requerimento do presidente da Comissão, deputado Marquinho Lemos (PT).

Consulte a pauta da reunião.

De acordo com os representantes das colônias de pescadores da região, uma das causas do surgimento dos aguapés foi a instalação de uma usina hidrelétrica na região. Com a construção da barragem e o represamento da água, a concentração da poluição aumentou, favorecendo a proliferação dos aguapés.

Limpeza do rio é demanda dos trabalhadores

Uma das reivindicações dos trabalhadores é que a empresa responsável pela usina realize a limpeza do rio e construa uma escada para os peixes, garantindo a desova e, consequentemente, a manutenção da atividade pesqueira no futuro. Segundo eles, cerca de 150 famílias estariam sendo prejudicadas.

Segundo o presidente da Comissão de Participação Popular, Marquinho Lemos, o cenário é desolador. “Em virtude dos aguapés que se desenvolveram por toda a extensão do lago que se formou com a barragem, a falta da escada para os peixes e o despovoamento das espécies, os pescadores já não conseguem mais exercer suas atividades. Isso tem ocasionado uma situação de necessidade extrema desses trabalhadores”, destacou o parlamentar.

Macrófitas aquáticas

As macrófitas aquáticas são plantas que vivem de brejos até ambientes verdadeiramente aquáticos de água doce, salgada e salobra. São caracterizados como vegetais que durante sua evolução retornaram do ambiente terrestre para o aquático, apresentando ainda várias características de vegetais terrestres.

Em ambientes favoráveis, as macrófitas podem se disseminar excessivamente, prejudicando a utilização dos chamados corpos d’água em que elas vivem. Essas condições favoráveis incluem, por exemplo, o lançamento de efluentes orgânicos (esgoto doméstico sem tratamento), que promovem o aumento da disponibilidade de nutrientes nos ecossistemas aquáticos.

É o caso, por exemplo, da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, onde os aguapés, a despeito de sua capacidade de promover a limpeza da água, se transformaram no que os especialistas costumam chamar de “praga verde”.

Prós e contras

O deficit de oxigênio provocado pela grande quantidade dessas plantas diminui o pH da água afetando todo o ecossistema aquático. Do ponto de vista econômico, a proliferação de aguapés é capaz, por exemplo, de comprometer a navegabilidade e até a capacidade de turbinas em usinas hidrelétricas.

Na outra ponta, há estudos indicando que as macrófitas aquáticas, além de poderem ser utilizadas no tratamento de efluentes de aquicultura, apresentam valor nutricional com potencial para uso na alimentação de ruminantes ou na formulação de rações.

Convidados

Foram convidados para a audiência pública representantes das Secretarias de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), além de autoridades municipais, como o prefeito e o presidente da Câmara Municipal de Nanuque, respectivamente, Gilson Coleta Barbosa e José Osvaldo Lima dos Santos, e a promotora Marianna Michelette da Silva.

Também foi convidado e já confirmou presença o conselheiro Vitor Carvalho Queiroz, do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea/MG). Foram chamados ainda o presidente da Colônia de Pescadores de Nanuque, Moisés de Oliveira Rocha, e representantes da Polícia Militar Ambiental, do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e do Comitê da Bacia Hidrográfica Afluentes Mineiros Rio Mucuri.