Trabalho do Designer de Interiores ainda é desconhecido de boa parte da população
Marta Mendes apresentou programa que transformou residências do
Audiência ressalta importância do designer de interiores

Design de interiores precisa ser mais valorizado no País

Benefícios da técnica, que vai muito além da arquitetura e decoração, foram ressaltados em audiência na ALMG.

12/05/2022 - 13:08

O potencial de transformação social e bem-estar propiciado pelo trabalho dos designers de interiores foi ressaltado na audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada na manhã desta quinta-feira (12/5/22). 

Consulte o resultado e assista ao vídeo completo da reunião.

O debate teve como objetivo discutir o Projeto de Lei (PL) 2.402/21, do deputado Noraldino Júnior (PSC), que tramita em 1º turno e estabelece a data de 30 de outubro como o Dia Estadual do Design de Interiores e Ambientes no Estado. O projeto já foi analisado pela Comissão de Constituição e Justiça, a qual alertou que a Lei 22.858, de 2018, fixa critérios para instituição de data comemorativa estadual.

Entre esses requisitos está o reconhecimento de sua alta significação, sendo obtido por meio da realização de consultas e audiências públicas, devidamente documentadas com organizações e associações legalmente reconhecidas e vinculadas aos segmentos interessados.

O deputado Noraldino Júnior explicou que até bem pouco tempo a profissão não era reconhecida e afirmou que a valorização da classe é muito necessária. “As pessoas não têm noção do quanto essa atividade melhora nosso ambiente e nos faz economizar nas obras”. 

No RJ, atividade transformou casas de programas sociais

Consultora de Relações Institucionais e Inovação da Associação Brasileira de Designers de Interiores (ABD), Marta Maria Mendes apresentou o projeto "Da Porta para Dentro", desenvolvido em parceria com a Prefeitura de Niterói (RJ), com o objetivo de transformar as moradias dos programas “Minha Casa, Minha Vida” e “Compra Assistida” em lares. 

O objetivo do design de interiores é transformar os espaços em lugares de viver. Design é pra todos e funcional. Ao contrário do estereótipo, não é só estética e não é só pra quem tem dinheiro. Nesse projeto, focamos nos espaços internos, dando consultorias individuais e buscando soluções para melhorar a vida das pessoas. Promovemos qualidade de vida, melhora na autoestima e no sentimento de pertencimento. Isso ajuda na evasão, um problema grande da habitação social. Muitos moradores não se sentem pertencentes”, explicou.

Segundo a consultora, muitos moradores não sabem o que o design de interiores pode fazer por eles, e as assistentes sociais, que acompanham o projeto, explicam e ajudam na abordagem. “Explicamos de forma prática e lúdica. É importante que os moradores se comprometam com as mudanças. Identificamos as necessidades e construímos os projetos junto”, afirmou. O projeto já foi apresentado a construtoras, e mesmo a Caixa Econômica Federal manifestou interesse. 

O deputado Ulysses Gomes (PT), que presidiu a reunião e é designer de interiores, manifestou bastante interesse pelo projeto e seu potencial de transformar vidas num ambiente social. “Espero que seja divulgado e implementado em todo o País”. 

Segurança, conforto e funcionalidade

Diretora da Regional Minas Gerais da Associação Brasileira de Designers de Interiores (ABD), Erika Betânia Fernandes de Medeiros fez um resgate do histórico da profissão, que foi regulamentada nacionalmente apenas em 2016, com a Lei 13.369. Segundo ela, a ABD é a única associação da categoria no País e a maior da América Latina, representando 80 mil profissionais. 

“Fazemos intervenções de humanização que aumentam a produtividade em ambientes profissionais. Em hospitais, espaços bem projetados aceleram a recuperação de pacientes. Provocamos reações emocionais, bem-estar, qualidade de vida, saúde. Trabalhamos a ergonomia, conforto e funcionalidade dos espaços. Usamos neurociência e biofilia (amor às coisas vivas) aplicados ao nosso trabalho. E cada vez mais as pessoas querem saber a origem dos materiais, se são sustentáveis, quem são as pessoas que trabalham com eles. Nosso papel é muito amplo”, pontuou.

Designer de Interiores da Due Arquitetura e Interiores, Alex Ricardo de Freitas Rosa ressaltou que muitas vezes a profissão é confundida com decorador e arquiteto, mas o trabalho do designer de interiores é tornar os ambientes seguros e funcionais. “Uma escolha errada de revestimento pode machucar um ser humano. Um porcelanato no local inadequado pode causar um tombo. Passou da hora da sociedade saber quais são as nossas atribuições. Muita dor de cabeça que as pessoas têm com obras que poderiam ser evitadas com o nosso trabalho e elas não sabem. Ajudamos a realizar sonhos”. 

Administrador da Viatris, Marcus Vinicius Ramos Coelho reforçou que, com a pandemia, todos nós ressignificamos a relação com nossas casas. “Tem de ser um ambiente para o qual gostamos de voltar”.

Designer de Interiores e profissional liberal, Maria Celia Sartori de Toledo explicou que a profissão atende demandas individualizadas. “Já tive casos de iluminação diferenciada para pessoas com problema de retina, cores voltadas a tornar o ambiente mais agradável para pessoas autistas. E já atuei em espaços de trabalho nos quais nossas intervenções causaram aumento de produtividade”. 

Designer de Ambientes pela Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), Débora do Espírito Santo Lima contou que planos de saúde têm feito entrevistas e aprovado demandas de cuidados paliativos de pacientes após verificar as condições de ambientes e de circulação adequadas em casas de idosos adaptadas por meio do design de interiores. “Recebo relatos de filhos que passam a dormir melhor, idosos que ganham mais autonomia, trabalhadores que se sentem mais valorizados", disse.