Escola Raimundo Alves Torres quer vagas para ensino regular
Superintendência Regional de Ensino não mandou representantes para reunião; escola em Viçosa denuncia falta de diálogo.
05/04/2022 - 14:40A ausência de representantes da Superintendência Regional de Ensino de Ponte Nova (Zona da Mata) foi bastante lamentada em audiência pública da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia realizada nesta terça-feira (5/4/21), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
A demanda da comunidade escolar é que sejam abertas matrículas para o ensino regular diurno da Escola Estadual Raimundo Alves Torres (Esedrat), que fica em Viçosa (Zona da Mata). De acordo com comunicado enviado pelo Governo do Estado, todos os servidores estariam “envolvidos em outras demandas” e por isso não teriam condições de participar da audiência.
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De acordo com a presidenta da comissão, deputada Beatriz Cerqueira (PT), a própria ausência de representantes do governo na reunião já demonstra a falta de interesse em dialogar e se chegar a uma solução que atenda às necessidades da comunidade escolar. “Somos servidores da população. É função do Executivo ouvir a comunidade e atender às suas necessidades, não o contrário”.
Durante a reunião, a postura da Superintendência também foi criticada pelos participantes. De acordo com a diretora da Esedrat, Silvia Regina Sangaletti Bellato, várias especificidades provocadas pela pandemia da Covid-19 não foram levadas em consideração com a implementação do ensino integral na escola.
“Muitos alunos querem permanecer estudando, mas enfrentam dificuldades pessoais e familiares que os impedem. Alguns se tornam jovens aprendizes, ajudam família, fazem estágios ou precisam buscar cursos técnicos e profissionalizantes. Mas o ensino integral não possibilita essas variáveis”, explicou.
De acordo com o vice-diretor, Fabiano Silva de Lima, ainda que a implementação do ensino integral tenha trazido mais verbas e possibilitado reformas e melhorias, nunca foi acordado com o Governo do Estado que isso significaria a extinção de turmas do ensino regular diurno na escola. “Essas novas necessidades financeiras impedem os alunos de se matricular, esvaziando salas. Queremos atender à demanda da comunidade e oferecer mais turmas”.
Sem diálogo
Vereador da Câmara Municipal de Viçosa, Bartomelio da Silva Martins criticou o sistema de matrícula da Superintendência, afirmando que ele não atende a comunidade. “O processo é truculento, não dialoga com as escolas e não considera a realidade da cidade. Muitos alunos estão sem escola, temos uma lista de espera gigante ou turmas em superlotação. Não somos contemplados em nada com o que é prometido nas propagandas do governo”.
O vereador, que também é professor, ressaltou que a Superintendência tem tratado a questão como encerrada, não dando nenhum acompanhamento ou oferecendo contrapropostas ao que a escola, os pais, os alunos e os profissionais da educação querem.
“A gente vê o Estado investindo em institutos privados. Mas para onde esse dinheiro está indo? Não podemos aceitar isso. Os professores tiveram a carga horária mudada, estão tendo que fazer dupla jornada para complementar a renda. Essa audiência de hoje é um marco, porque é a primeira vez que estamos sendo ouvidos”, enfatizou.
Comunidade teme fechamento da escola
Diretor Estadual do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE), Paulo Gustavo Grossi da Silva explicou que muitos alunos, em busca das turmas diurnas, acabam migrando ou sendo transferidos pela Superintendência para outras escolas em bairros com estrutura mais precária, ocasionando turmas mais lotadas. “A escola não consegue mais atender às demandas da comunidade com o fechamento das turmas diurnas, o que causa um efeito dominó, que impacta as outras escolas. Isso é uma ameaça ao direito à educação”, explicou.
Professor do Colegiado da Esedrat, Dilermando Duarte afirmou que existe receio de toda a população de que tudo seja uma estratégia para esvaziar e, posteriormente, fechar a escola. “É um colégio muito tradicional e grande e temos medo de que feche, outras estaduais fecharam, vítimas desse esvaziamento. Não dão condições para as matrículas acontecerem, aí as turmas esvaziam e dizem que a escola não é necessária ali, o que não é verdade. Ter o tempo integral não exclui o tempo normal. Precisamos de respostas. Queremos a abertura dessas turmas”, completou.