Agostinho Patrus participou nesta terça (25) da homenagem ao promotor de Justiça Francisco José Lins do Rêgo Santos, assassinado em 2002

Presidente da Assembleia prestigia homenagem a promotor

Tributo lembrou os 20 anos do assassinato de Francisco Lins do Rêgo e sua luta contra a máfia dos combustíveis.

25/01/2022 - 14:21

O presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Agostinho Patrus (PV), compareceu ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para participar da cerimônia que lembrou os 20 anos do assassinato do promotor de Justiça Francisco José Lins do Rêgo Santos. O tributo foi realizado no Hall das Bandeiras do MPMG, nesta terça-feira (25/1/22).

O evento recordou o trabalho iniciado por Francisco Lins que, após o crime, resultou em uma ampla fiscalização no Estado, que se estendeu nacionalmente, desarticulando quadrilhas especializadas na sonegação fiscal e adulteração de combustíveis (com mistura de solvente à gasolina, por exemplo).

Procurador-Geral de Justiça no período de atuação do homenageado, Nedens Ulisses Freire Vieira lembrou a seriedade do trabalho do colega, recordando também a verve literária do “poeta Chico Lins” focado na defesa dos menos favorecidos. Elogiando-lhe o caráter, a sensibilidade e a honra, enfatizou que “Chico Lins foi um obstinado promotor de Justiça, que sempre se destacou como atuante, dedicado e competente”.

O atual procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares Júnior, também ressaltou várias das qualidades do homenageado, lamentando a sua morte prematura - na época do assassinato, o promotor tinha 44 anos. Jarbas Soares ainda assinou um projeto de lei para dar o nome de Francisco Lins ao prédio do Ministério público que abrigará o combate à corrupção e ao crime organizado, oficializando a entrega da proposição ao presidente da ALMG.

Acompanhado da primeira mulher a presidir a Associação Mineira do MP, a recém-empossada promotora Larissa Rodrigues Amaral, o procurador-geral depositou flores na placa que homenageia Francisco Lins, trazendo um de seus poemas, que fica localizada no andar pilotis do edifício do MPMG.

Falando em nome da família, a filha de Francisco Lins, Júlia Ferreira Lins do Rego Santos, lembrou o pai como um homem que honrava deveres que todos temos como indivíduos e como profissionais, seja qual for a profissão. “O herói não se proclama como tal, não prega sua própria justiça, ele faz o básico: respeita, pondera e ouve" refletiu.

Além do presidente da Assembleia, a solenidade contou a participação de diversas outras autoridades, entre as quais o vice-governador do Estado, Paulo Brant, que também se pronuciou, lamentando a morte prematura e enaltecendo o trabalho do homenageado.

No encerramento do evento, houve um minuto de silêncio em honra às vítimas da tragédia de Brumadinho, que hoje completa três anos.

Assassinato e comoção nacional

Em 25 de janeiro de 2002, o promotor Francisco José Lins do Rego se dirigia ao trabalho no MPMG quando foi assassinado, com sete tiros, ao parar num semáforo na esquina da Avenida Prudente de Moraes com a Rua Joaquim Murtinho, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Atualmente, o local abriga um monumento em homenagem a ele.

Na ocasião, Francisco Lins conduzia investigação sobre a chamada “máfia dos combustíveis”na Região Metropolitana de BH (RMBH), uma rede criminosa de adulteração de combustíveis e sonegação fiscal.

O assassinato do promotor desencadeou uma ação coordenada dos Ministérios Públicos do País, com criação do Grupo Nacional de Combate ao Crime Organizado (GNCOC), que recebeu o nome dele e executou operações além das divisas de Minas, desarticulando uma rede organizada que atuava em todo o Brasil.

O trabalho de Francisco Lins é considerado exemplar e, ao longo dessas duas décadas, o promotor recebeu várias homenagens. Entre outros, recebem seu nome: o Parque Ecológico Pampulha, em Belo Horizonte; a Medalha do Mérito do MPMG, assim como o prêmio de jornalismo da entidade. O local de seu assassinato é hoje oficialmente a "esquina promotor Francisco Lins do Rêgo".

Os criminosos

Mandante do crime, o empresário Luciano Farah Nascimento era proprietário de uma rede de postos de gasolina envolvidos no esquema criminoso - e que estavam na mira da investigação de Francisco Lins. Farah e o atirador, o ex-soldado Edson Souza Nogueira, foram julgados e condenados a 21 e 23 anos de prisão, respectivamente. Atualmente, ambos cumprem a pena em regime aberto.