Em comemoração ao Dia Estadual da Poesia, a Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais quebrou o protocolo e transformou a audiência pública desta sexta-feira (17/12/21) numa espécie de sarau. Poetas qua participaram da reunião não se limitaram a falar da importância da arte para a formação do cidadão. Brindaram o público com leituras de textos de escritores mineiros e até com uma performance que mesclou o recital e uma apresentação teatral.

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A audiência pública teve a finalidade de comemorar a data, que é celebrada anualmente no dia 31 de outubro, em homenagem ao nascimento do maior poeta de Minas, Carlos Drummond de Andrade. Também teve o objetivo de debater a importância do estímulo da poesia na educação.

Foi aberta pela intervenção artística apresentada pelo grupo Arautos da Alegria. O clima descontraído foi o tom principal da audiência. “Com espírito de celebração queremos (a comissão) ofertar esse momento de estímulo da poesia para as nossas vidas. A gente também educa pelo exemplo”, afirmou a presidenta da comissão, deputada Beatriz Cerqueira (PT).

Todos os depoimentos ressaltaram a imporância da poesia como instrumento de resistência. “Pela arte, pela cultura, vamos combatendo a barbárie”, disse a deputada, ao lamentar que as pautas de educação, ciência e arte têm sido duramente atacadas porque são transformadoras e revolucionárias. “Isso (a poesia) é amor e amor hoje em dia tem sido revolucionário”, completou a poeta Danielle Teixeira Tavares Monteiro.

O professor da faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Luciano Mendes considerou que a audiência pública vem ao encontro de um movimento de reforçar a ideia que mesmo nesses tempos tão sombrios, “num governo que abraçou uma politica de morte”, é possível sustentar as utopias coletivamente. “As artes nos emprestam sentidos, nos acalentam”, argumentou.

Difusão

Também foi unânime entre os participantes a necessidade de ampliar o acesso e a divulgação da poesia, especialmente nas escolas e outros espaços públicos. A escritora Leida Reis explicou que a métrica e a sonoridade da poesia é muito bem aceita por crianças e defendeu maior divulgação entre esse público até para combater preconceitos hoje tão em evidência. “Poesia é, acima de tudo, humanizadora”.

A implantação de política pública de estímulo à poesia e incentivo aos poetas foi a principal reivindicação dos artistas. O ator e poeta do Barticum Cultural, Pedro Paulo Pinheiro sugeriu ações de levar os textos para praças, desenvolver atividades coletivas em sindicatos, escolas e em outros segmentos populares. “Precisamos desses espaços para gritar na defesa do interesse dos povos oprimidos”.

Ao recitar a música “Cada Lugar na sua Coisa”, de Sergio Sampaio, o artista plástico, ilustrador e poeta Rômulo Garcias destacou uma das estrofes: “lugar de poesia é na calçada”, para corroborar com a ideia de popularização da arte.

A editora Iriam Gomes Starling reforçou a necessidade de mais incentivo do poder público para a publicação das obras poéticas. E a autora da lei que criou o Dia Municipal da Poesia, a ex-vereadora Neila Batista, também defendeu mais visibilidade para os artistas.

A realização da audiência pública dentro da ALMG também foi elogiada por todos. “Sem poesia, a vida vira uma tirania”, ressaltou a poeta e diretora do Instituto Imersão Latina da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil (Ajeb), Brenda Marques Pena.

Compromissos

Ao final da audiência pública, a deputada Beatriz Cerqueira sugeriu a formação de um grupo de trabalho, com os integrantes da reunião e dos que organizaram o evento para formalizar ações da comissão em prol da defesa da poesia.

A deputada também se comprometeu a realizar atividades em março, quando se comemora o Dia Internacional da Poesia, e apresentar propostas para incluir no orçamento do Estado ações para valorizar o poeta e apoiar publicações. Ela também propôs retomar a discussão do Plano Nacional do Livro e Leitura, instituído em 2006, que estaria abandonado pelo atual governo federal.