Os moradores da região de Diamantina também foram prejudicados pela falta de um ambulatório-escola do curso de Medicina da UFVJM - Arquivo ALMG

Falta de ambulatório ameaça curso de Medicina da UFVJM

Audiência da Comissão de Educação debate necessidade de novo espaço, já que o anterior virou UTI da Covid.

10/12/2021 - 12:32

A falta de um ambulatório-escola adequado às atividades do curso de Medicina da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), em seu campus de Diamantina, que ameaça inclusive a continuidade das atividades acadêmicas do curso na região, será debatida em audiência pública da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia na segunda-feira (13/12/21).

O debate atende a requerimento da presidenta da comissão, deputada Beatriz Cerqueira (PT), e acontecerá a partir das 16 horas, no Auditório José Alencar da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Entre os convidados para a reunião estão diversos integrantes da Reitoria e da Faculdade de Medicina da UFVJM e a secretária municipal de Saúde de Diamantina, Liliany Mara Carvalho.

Acompanhe a reunião ao vivo e participe do debate, enviando dúvidas e comentários.

Segundo relatório elaborado pelo Centro Acadêmico Livre de Medicina Dr. Juscelino Kubitschek obtido pelo gabinete da deputada Beatriz Cerqueira, os problemas com o ambulatório-escola da universidade no campus de Diamantina começaram em virtude da pandemia de Covid-19 na região. Com a emergência sanitária, o espaço, que funcionava em um prédio pertencente à Santa Casa de Caridade de Diamantina, foi transformado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Devido a isso, somente os chamados internatos (estudantes dos últimos dois anos do curso de Medicina) puderam seguir realizando atividades práticas no local. A restrição permaneceu até o dia 18 de outubro de 2021, quando o restante dos alunos (do 1º ao 8º períodos) também puderam retornar às aulas presenciais. Contudo, as adequações do espaço para instalação da UTI teriam limitado seu uso para aulas e atendimentos, sendo necessárias novas obras ou um novo espaço para o ambulatório-escola.

O relatório do Centro Acadêmico também aponta que o espaço é importante não somente para o uso de alunos, mas também para a população de 31 municípios no entorno de Diamantina, situado em uma das regiões mais empobrecidas do Estado.

Segundo o documento, somente no segundo semestre letivo de 2019, mais de 1 mil consultas foram realizadas no local pelos acadêmicos do curso de Medicina, nas especialidades de pediatria, clínica médica, ginecologia, infectologia, reumatologia, dermatologia, neurologia, psiquiatria e oftalmologia.

História - O curso de Medicina na UFVJM foi fundado em 2014 e já conquistou o terceiro melhor conceito entre os cursos de Medicina do Brasil no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Desde 2017, o ambulatório-escola era utilizado para atividades práticas de atendimentos, mas, com a pandemia, os internos agora utilizam locais provisórios e menores, que não suportam a carga horária prevista para todos os discentes do curso.

O resultado disso, aponta o relatório do Centro Acadêmico, foi a paralisação parcial e o atraso no andamento do curso, com reflexos negativos inclusive na perda de consultas na atenção primária da rede pública municipal de saúde de Diamantina. Em março de 2021, a Secretaria Municipal de Saúde detectou o aumento de 20% das mortes em casa na cidade.

A instalação de um novo ambulatório virou uma “novela” cujos primeiros capítulos começaram ainda em 2020, em plena pandemia. A Prefeitura de Diamantina já teria até cedido um espaço para a construção de um novo ambulatório, oferecendo inclusive material e mão de obra. No entanto, para a realização da obra, haveria necessidade da assessoria do pessoal técnico da universidade, sobretudo da coordenação do curso e da direção da UFVJM.

Disputa – Uma disputa interna na UFVJM, ainda segundo informações do Centro Acadêmico, teria levado a reitoria da universidade a suspender, em dezembro de 2020, por tempo indeterminado, a construção do novo-ambulatório escola.

Em janeiro deste ano foi instaurada uma comissão para resolver o impasse e viabilizar a criação de um ambulatório voltado para todos os cursos da saúde da universidade, mas, apesar da mobilização na região, o problema persiste.

Homenagens – A Comissão de Educação realiza outra reunião na próxima semana, na quarta-feira (15), para proceder à entrega de diplomas com votos de congratulações. A audiência de convidados com esse objetivo acontecerá às 16 horas, no Auditório do andar SE, também atendendo a requerimento de Beatriz Cerqueira.

Acompanhe a reunião ao vivo.

Os homenageados pela Comissão de Educação serão:

  • Presidente do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Carla Anunciatta de Carvalho;
  • Vice-presidente do Conselho Estadual de Saúde, Ederson Alves da Silva;
  • Médico PhD em Epidemiologia e pesquisador titular da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Minas), Rômulo Paes de Sousa;
  • Médico infectologista, professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG e membro do Comitê de Enfrentamento da Covid-19 da Prefeitura de Belo Horizonte, Unaí Tupinambás;
  • Professora de Microbiologia Clínica e Biologia Molecular da Faculdade de Farmácia da UFMG, mestra em Ciências Biológicas e doutoranda em Parasitologia, Ana Paula Salles Moura Fernandes.