Para Cristiano Silveira, presidente Bolsonaro foi negligente com a área da saúde
Arlen Santiago enfatizou a importância do asfaltamento de trechos de rodovias no Norte do Estado

Relatório da CPI da Covid repercute no Plenário da ALMG

Deputados discordaram sobre as conclusões da CPI. Cenário econômico também gerou debates sobre o governo federal.

20/10/2021 - 18:27

O relatório da CPI da Covid, que está em fase final no Senado Federal, foi repercutido nos pronunciamentos em Plenário na tarde desta quarta-feira (20/10/21). Os deputados da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) trataram também do atual cenário econômico.

Consulte o resultado e assista ao vídeo completo da reunião.

O primeiro a citar o relatório, que ainda deve ser votado na próxima semana, foi o deputado Cristiano Silveira (PT). Ele chamou a atenção para os crimes imputados ao atual presidente, Jair Bolsonaro (sem partido), como negacionismo, charlatanismo e corrupção nas negociações das vacinas durante a pandemia.

O parlamentar disse, ainda, que o presidente Bolsonaro foi negligente com a área da saúde durante todo o mandato e que seu maior feito teria sido desdenhar da Covid-19. “Não vamos nos esquecer das suas frases célebres: ‘é só uma gripezinha’, ‘e daí?’, ‘eu não sou coveiro’”, ressaltou Cristiano Silveira.

Em contraponto ao atual governo, o deputado citou que nas gestões do ex-presidente Lula foram criados programas importantes para a saúde pública, como a rede SAMU de Urgência e Emergência, as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e as farmácias populares.

Aliados - Já os deputados aliados do presidente Bolsonaro atacaram a CPI, em especial o senador Renan Calheiros (MDB). “Falam do relatório, mas não do relator Renan Calheiros. Mas eu entendo, é difícil estar ao lado dele, senador corrupto e criminoso”, disse o deputado Bruno Engler (PSL). Ele também atacou o senador Omar Aziz (PSD), que, segundo ele, é acusado por desvio de verba pública.

Também o deputado Coronel Sandro (PSL) saiu em defesa do presidente Bolsonaro e disse que lamenta não estar entre os 72 acusados de crimes no relatório da CPI. “É uma honra ser acusado por ele (Renan Calheiros) e lamentavelmente não terei isso em meu currículo”. O deputado Cleitinho Azevedo (Cidadania) também atacou o senador Renan Calheiros e mostrou várias folhas que, segundo ele, seriam as acusações contra o parlamentar federal.

Inflação e desemprego também geram críticas ao governo federal

O governo federal também esteve no centro de pronunciamentos sobre a situação econômica do País. O deputado Cristiano Silveira ressaltou o fim da política de reajuste do salário mínimo, que garantia ganhos reais para o trabalhador anualmente, e que foi extinta por Bolsonaro. Ele comparou números da atual gestão com as anteriores.

Ressaltou, por exemplo, que no último ano do primeiro governo Dilma Rousseff (PT) o desemprego estava em 4,8%, enquanto no primeiro ano do governo Bolsonaro, 2019, o número já chegava em 11,9%. 

“Em 2019, ou seja, antes da pandemia”, disse ressaltando que é mentirosa a narrativa de que a culpa dos problemas econômicos seria da pandemia. Cristiano Silveira lembrou, ainda, que a inflação no Brasil é hoje mais elevada do que em 85% dos países do mundo, o que invalidaria a afirmação de que o problema teriam sido as medidas de isolamento social utilizadas na pandemia.

O deputado Betão (PT) concordou com o colega e, diante do quadro, avaliou que o atual governo é voltado para o enriquecimento da minoria já privilegiada. Segundo ele, o número de bilionários no Brasil cresceu durante a pandemia, passando de 40 para 60 pessoas, enquanto a maior parte da população está com dificuldades financeiras, muitos enfrentando a fome.

As avaliações foram contestadas pelo deputado Bruno Engler, que disse que os problemas atuais da economia seriam sim resultado das políticas de isolamento social. Ele atacou “a esquerda”, que teria sido o grupo a defender as medidas de isolamento e, portanto, a verdadeira culpada pelos problemas econômicos.

Deputados comemoram investimentos do Norte de Minas

Outro assunto que fez parte dos discursos em Plenário nesta tarde (20) foram sobre projetos de melhorias em rodovias que cortam o Estado e de investimentos previstos nas áreas de saúde e educação, em especial na região Norte de Minas Gerais. Os projetos são tanto do governo estadual quanto de prefeituras.

O deputado Carlos Pimenta (PDT) elogiou o prefeito de Montes Claros (Norte), Humberto Souto, que anunciou recentemente o asfaltamento das vias de acesso a dez distritos da cidade. “O mais impressionante é que os recursos virão inteiramente do caixa da prefeitura, fruto da boa gestão do dinheiro público”, disse o parlamentar.

Segundo ele, o prefeito também anunciou o aporte de mais de R$ 140 milhões para a educação na cidade. O dinheiro terá, ainda de acordo com Carlos Pimenta, diferentes destinações, como construção de novas escolas, formação dos servidores e serviços para os alunos.

Já o deputado Arlen Santiago (PTB) falou sobre o anúncio do governo estadual de que será feita licitação para asfaltar trechos de rodovia entre os municípios de Janaúba e Capitão Eneas, ambas no Norte de Minas. Ele salientou que esses trechos são importantes em especial para favorecer a produção da Fazenda Santa Mônica, que teria sido responsável por triplicar o ICMS recolhido pelo município onde está localizada, São João da Ponte, dada a sua alta produtividade.

Ele informou que a fazenda pretende em breve instalar um frigorífico de gado na propriedade, o que deve gerar ainda mais divisas para os cofres da cidade. Mas, para melhorar o escoamento da produção, é necessário asfaltar a estrada que dá acesso a ela. Assim, Arlen Santiago falou de recursos de emendas parlamentares que ele destinou a essas obras, somados a verbas de outros deputados e a um aporte do governo estadual que, juntos, devem viabilizar o asfaltamento em breve.

Além disso, o deputado exaltou a instalação de mais dois tomógrafos no Norte do Estado. Um no município de Urucuia e outro em Salinas. Ele ressaltou a importância desses equipamentos para a região e disse que ainda pressiona para que outro seja entregue em Janaúba.

Veto – Também o veto do governador 28/21 foi tema de discursos. A matéria veta integralmente o texto que tramitou na ALMG como Projeto de Lei (PL) 2.316/20 e buscava determinar a imposição de sanções a pessoa jurídica por ato discriminatório contra pessoa em virtude de sua orientação sexual ou identidade de gênero. Agora, os deputados devem votar para manter ou derrubar o veto. 

Os deputados Bruno Engler, Coronel Sandro e Bartô (sem partido) manifestaram-se pela manutenção do veto. Segundo eles, a lei iria introduzir a “ideologia de gênero” em Minas Gerais. Eles pediram o apoio dos colegas para manter a posição do governador.