A instalação de placas fotovoltaicas numa pequena usina em Grão Mogol é um dos objetivos do projeto Veredas Sol e Lares - Arquivo ALMG

Corte de verba em projeto de geração híbrida será debatido

Comissão quer saber motivos da suspensão de repasses para o Veredas Sol e Lares, criado pela Cemig em Grão Mogol.

27/09/2021 - 16:05

Buscar esclarecimentos sobre a paralisação dos repasses financeiros para o Veredas Sol e Lares, projeto de geração de energia desenvolvido pela Cemig. Esta é a finalidade da reunião da Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta terça-feira (28/9/21), às 14h30, no Auditório do andar SE, atendendo à solicitação da deputada Beatriz Cerqueira (PT). 

O Veredas Sol e Lares tem como objetivo construir uma usina híbrida, com instalação de 7 mil placas fotovoltaicas no reservatório da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Santa Marta, em Grão Mogol, no Norte de Minas. 

Quando ficar pronta, a estrutura atenderá a mais de 1.250 famílias do município, com desconto na tarifa de energia. De forma indireta, a usina beneficiará outras 9 mil famílias de 21 municípios próximos do reservatório, situados nas bacias dos Rios Jequitinhonha e Pardo.

Acompanhe a reunião ao vivo e participe do debate, enviando dúvidas e comentários.

Atraso - De acordo com o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a Cemig não faz nenhum repasse financeiro para o projeto há cerca de dois anos. A Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (Aedas) é a entidade responsável pela efetivação do projeto. 

A falta de recursos, afirma o site do MAB, tem causado forte impacto no Veredas, provocando o afastamento da equipe que atua no projeto, com a consequente perda de conhecimento acumulado. 

Outros problemas apontados são: o gasto maior de recursos públicos, a falta de acesso ao desconto na conta de energia, a limitação na participação popular no processo e a redução do diálogo com a Cemig.

Em relação aos equipamentos para a construção da usina, o MAB afirma que eles já teriam sido comprados pela Cemig, mas faltariam os recursos para as obras e a liberação para as famílias do acesso à área. 

Protestos - Em virtude dessas questões, o Movimentos dos Atingidos por Barragens vem realizando protestos contra o descaso da Cemig. Em janeiro deste ano, as manifestações ocorreram em frente às sedes regionais da concessionária em Almenara, Araçuaí, Minas Novas, todas no Vale do Jequitinhonha, além de Salinas e Montes Claros, no Norte de Minas.

O Veredas Sol e Lares é um projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D), no qual a Cemig teria investido aproximadamente R$ 24 milhões. Também participam a Efficientia e a Axxiom (empresas da Cemig), a PUC Minas e a Aedas.

O projeto integra o Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico, realizado em parceria com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), aprovado em 2018 através de edital de 2017. 

Aproveitamento energético - O projeto é visto como uma alternativa para o múltiplo aproveitamento energético em reservatórios de usinas hidrelétricas no semiárido mineiro. A cidade de Grão Mogol foi escolhida por ser uma das que têm maior incidência solar no Brasil e por apresentar baixo índice de desenvolvimento humano (IDH). Por tudo isso, o Veredas utiliza metodologias de participação social em P&Ds, colocando a população beneficiada como o centro do planejamento e das pesquisas.