Crise hídrica pauta discursos dos deputados em Plenário
Parlamentares estão preocupados com falta d’água para comunidades quilombolas e com queimadas no Norte de MG.
22/09/2021 - 16:36A crise hídrica pautou os discursos dos deputados em Plenário durante a Reunião Ordinária realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta quarta-feira (22/9/21). A preocupação é com o Norte de Minas e o Vale do Jequitinhonha, as duas regiões do Estado mais afetadas pela seca.
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A deputada Andréia de Jesus (Psol) lembrou as dificuldades impostas a comunidades quilombolas e povos tradicionais. Ela citou o exemplo de Chapada do Norte (Vale do Jequitinhonha), onde o rio que abastece a cidade secou há mais de uma década. “A plantação de eucalipto e o uso predatório da água por latifundiários deixaram os pequenos agricultores em situação gravíssima”, informou.
De acordo com a parlamentar, as comunidades quilombolas quase sempre ficam distantes das cidades e dependem do abastecimento por caminhões-pipa, uma vez que os lençóis freáticos secaram e as cisternas que armazenam água da chuva não são suficientes. Ela disse que vai cobrar providências da Copasa, que, na sua avaliação, pratica racismo estrutural contra os quilombolas. “A Copasa tem que dar uma resposta a essas comunidades tradicionais”, defendeu.
O deputado Carlos Pimenta (PDT) denunciou que os mananciais de água do Norte de Minas estão sendo destruídos pelas queimadas provocadas por grupos organizados. “As pessoas descem do carro na calada noite, com maçarico na mão, colocam fogo na mata, entram no carro e vão embora”, relatou. “As consequências são dramáticas: nascentes morrendo, rios e barragens secando. O que se vê por lá é só fuligem e fumaça”, completou.
Na avaliação do parlamentar, trata-se de um crime hediondo, cometido por gangues de bandidos. “Talvez eles sejam motivados pela instabilidade política que vivemos no País e querem fomentar o ‘quanto pior, melhor’. O Norte de Minas não tem nada a ver com a briga de bolsonaristas contra petistas”, continuou. Ele disse que vai procurar o governador Romeu Zema para cobrar providências para conter o que chamou de “bandalheira” na região.
Já o deputado Bartô (sem partido) elogiou a abertura do processo de tombamento dos lagos de Furnas e do Peixoto, anunciado nesta quarta-feira (22) pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) em Capitólio (Sul de Minas). O objetivo é assegurar o uso múltiplo das águas dos dois reservatórios, de modo a compatibilizar a agricultura, a piscicultura e o turismo com a geração de energia elétrica.
O tombamento foi instituído pela Emenda à Constituição Estadual 106, promulgada pela ALMG no final do ano passado. Foi estabelecida cota mínima de 762 metros acima do nível do mar para o reservatório de Furnas e de 663 metros para o de Peixoto. O deputado Bartô lembrou a importância dessa medida para garantir a continuidade do turismo na região.