Centro Cultural Alto Vera Cruz foi o primeiro de 17 equipamentos municipais desse tipo em Belo Horizonte

Centro cultural pioneiro celebra retomada gradual

Equipamento instalado no Alto Vera Cruz, que inspirou outros na cidade, recebeu visita da Comissão de Educação.

17/09/2021 - 19:45

A importância de a cultura e a educação serem construídas em conjunto com a comunidade foi a tônica da visita da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) ao Centro Cultural Alto Vera Cruz, nesta sexta-feira (17/9/21). O local foi o primeiro centro cultural de Belo Horizonte fora da região central da cidade e serviu de exemplo para a estruturação de outros espaços similares na Capital, que hoje conta com 17 equipamentos municipais desse tipo.

O morador Júlio Cezar Souza, atualmente presidente do Centro de Ação Comunitária Vera Cruz, participou da construção do centro cultural, fundado em 1996. De acordo com ele, o bairro já era repleto de grupos culturais, principalmente de música, mas a precariedade da urbanização fazia com que demandas como asfaltamento de ruas fossem consideradas mais urgentes.

“Era difícil mostrar para as pessoas que a cultura é também um direito e um direito muito importante”, disse. A partir da organização coletiva dos moradores, tanto a melhoria urbana quanto o centro cultural foram conquistados. Esse último foi criado a partir da aprovação da demanda no Orçamento Participativo da prefeitura, que acabara de ser implantado.

Em todos esses anos, porém, a atividade desta sexta-feira foi a primeira visita oficial da ALMG ao espaço, ainda de acordo com Júlio Souza. A deputada Beatriz Cerqueira (PT), presidenta da Comissão de Educação, falou sobre a importância de a Casa Legislativa conhecer a história do Estado a partir das memórias e das lutas coletivas da população. Ela ressaltou, ainda, que a abordagem que separa a educação da cultura precisa ser superada.

Autora do requerimento que deu origem à visita, a parlamentar explicou que a escolha da data para a atividade não foi aleatória. O Centro Cultural Alto Vera Cruz foi o primeiro da cidade também a celebrar o centenário de Paulo Freire, patrono da educação brasileira, em uma semana de atividades educacionais e artísticas.

“Paulo Freire defendia que a educação precisa partir da compreensão da realidade das pessoas, não pode ser feita como se a escola estivesse separada do seu entorno. E a própria história desse centro é feita assim, com a comunidade, as escolas e os grupos culturais em uma construção coletiva e viva”, disse.

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) também esteve na visita e disse que a cultura é importante para a libertação de um povo e, por isso, precisa sempre ser exaltada e apoiada. 

Pandemia – Durante a visita, o gerente dos centros culturais da Fundação Municipal de Cultura, Léo Dias, e a coordenadora do Centro Cultural Alto Vera Cruz, Márcia Alves, contaram como foram as atividades ao longo da pandemia e como os trabalhos devem ser, aos poucos, retomados. De acordo com Léo Dias, a crise sanitária que levou ao fechamento dos 17 centros culturais da cidade forçou a realização de uma série de atividades virtuais.

Como ponto positivo, o novo formato acabou sendo aproveitado para melhorar o intercâmbio entre os grupos artísticos das diferente regionais da Capital e a retomada dos trabalhos presenciais não deve acabar com o formato on-line, na busca de ampliar os públicos. Também as parcerias com outras entidades foram mantidas.

Márcia Alves também comemorou a manutenção de algumas atividades virtuais, mas ressaltou que o retorno presencial será celebrado. Na retomada, a maior novidade deverá ser um estúdio para gravações musicais a ser instalado no centro cultural. O equipamento já foi adquirido e vai se juntar às outras estruturas, como o auditório e a biblioteca, com mais 5 mil obras disponíveis para os moradores da região.