Na visita às escolas, Andréia de Jesus constatou estruturas inadequadas e disse ser preciso investir em espaços pensados para receber os alunos

Sobrecarga de trabalho marca retorno às aulas presenciais

Em visita a escolas em Ribeirão das Neves, deputada também verificou a permanência de problemas históricos de estrutura.

09/09/2021 - 19:30

Problemas históricos na infraestrutura física das escolas e novas questões relativas aos protocolos de ensino para aulas híbridas preocuparam a deputada Andréia de Jesus (Psol), que esteve em duas escolas de Ribeirão das Neves (Região Metropolitana de Belo Horizonte) nesta quinta-feira (9/9/21). A visita técnica foi uma atividade da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

As instituições visitadas foram as escolas municipais Analito Pinto Monteiro e Professora Maria José Gatti Carlos. Nessa segunda, foi visitado apenas o anexo, localizado no bairro São Marino, criado para possibilitar que as crianças do bairro possam estudar na escola sem precisar atravessar a rodovia BR-040 até o bairro Liberdade, onde se localiza a sede da instituição de ensino.

Ambas as instituições atendem o ensino infantil e os primeiros anos do ensino fundamental. Ao conhecer as dependências das escolas, a deputada Andréia de Jesus ressaltou que é servidora concursada da educação municipal de Ribeirão das Neves desde 2007 e alguns problemas verificados já existiam há mais de uma década. O principal deles é a estratégia de alugar casas e adaptá-las para abrigar as escolas.

“As salas são pequenas, o lugar é inadequado e o gasto para pagar esses alugueis é alto”, resumiu a parlamentar. Para ela, é preciso investir na construção de escolas com espaços pensados para receber os alunos. Em especial sobre o anexo da Escola Professora Maria José Gatti Carlos, Andréia de Jesus salientou que não há espaços abertos e luz solar suficiente. 

Tais problemas históricos pioraram o enfrentamento da pandemia, como também ressaltou a deputada. Desde julho, algumas atividades presenciais foram retomadas, mas como as salas são cômodos de casas alugadas, elas são pequenas. Para manter o distanciamento necessário para prevenção da Covid-19, foi preciso criar rodízios de estudantes, de forma que algumas salas só podem receber um aluno por vez e outras cabem dois ou três simultaneamente.

As diretoras das escolas, Camila Katyucia Moura (Escola Professora Maria José Gatti Carlos) e Ely Silva (Escola Analito Pinto Monteiro) explicaram que os alunos são divididos em grupos e cada grupo vai às aulas em uma semana. É comum que um estudante, então, frequente as aulas presenciais apenas uma semana por mês, dado o tamanho reduzido de cada grupo.

Assim, as diretoras explicaram que as professoras trabalham de casa às segundas-feiras, quando passam todas as atividades da semana para os alunos que estarão apenas no ensino remoto naquela semana. De terça a sexta, elas dão aulas para os grupos que estão na modalidade presencial.

Mãe de aluno da Escola Analito Pinto Monteiro, Adriana Martins, que acompanhou a visita, ressaltou o empenho dos professores, que atendem os pais e alunos de forma virtual ao longo de toda a semana, inclusive à noite e aos sábados, para dar suporte ao aprendizado. A deputada Andréia de Jesus falou sobre a sobrecarga de trabalho a que estão sendo submetidas as professoras nesse novo formato e disse que é preciso criar estratégias para apoiar as profissionais.

Nesse sentido, outro problema encontrado pela deputada foi a falta de recursos para que os professores deem aulas remotas. Segundo as duas diretoras, os tablets para ensino remoto só chegaram há poucos meses, ou seja, mais de um ano depois do início da pandemia. Além disso, esses equipamentos não contam com pacotes de dados, de forma que as professoras precisam pagar para ter acesso à internet e dar as aulas.

Retorno - A adesão dos alunos ao retorno presencial ainda é baixa: cerca de 35% dos estudantes voltaram às aulas na Escola Analito Pinto Monteiro e a porcentagem é de cerca de 20% no anexo da Escola Professora Maria José Gatti Carlos. Os demais alunos continuaram na modalidade on-line, já que seus pais não aprovaram o retorno.

De toda forma, foi verificado que a prefeitura forneceu, tanto para os profissionais quanto pra os alunos que retornaram, kits para segurança sanitária. Máscaras e álcool gel foram fornecidos para todos. A merenda também está sendo distribuída durante as aulas presenciais.

Um problema foi verificado no que diz respeito à segurança alimentar das crianças que não voltaram ao presencial. Os vouchers para cestas básicas, entregues ao longo da pandemia em substituição às merendas escolares, foram paralisados há dois meses porque está sendo feita nova licitação para fornecer o serviço.

Para a deputada Andréia de Jesus, essa paralisação é grave, já que alimentação é sempre urgente. Ela disse que vai acompanhar a licitação em andamento e vai também acionar o Ministério Público para tal acompanhamento.