Audiência cobrará políticas públicas contra leishmaniose
Debate da Comissão de Meio Ambiente vai lembrar nesta quarta (1º) que ciência oferece alternativas à eutanásia de cães.
31/08/2021 - 15:21Debater os tratamentos e procedimentos de atuação no enfrentamento à leishmaniose visceral canina pelo poder público em parceria com a comunidade. Esse é o objetivo da audiência pública que a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realiza, a partir das 14h30 desta quarta-feira (1°/9/21), no Auditório José Alencar, atendendo a requerimento do seu presidente, o deputado Noraldino Júnior (PSC).
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O parlamentar destaca a importância do debate. “O tema ainda deixa muitas dúvidas, principalmente para os tutores de animais. Seguimos vendo municípios que recomendam a eutanásia (sacrifício) de animais infectados, mesmo esta não sendo uma recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS)”, aponta Noraldino Júnior.
Segundo o deputado, além da OMS não indicar o método como meio eficaz de controle da leishmaniose, a ciência oferece alternativas de controle, já que o verdadeiro animal a ser combatido é o inseto vetor, o mosquito flebotomíneo, do gênero Lutzomyia, conhecido vulgarmente por “mosquito-palha”. “Vamos esclarecer pontos necessários tanto para os municípios quanto para os cidadãos, lembrando sempre que o cão não é o vilão dessa história”, acrescenta Noraldino Júnior.
Entre as medidas preventivas para o combate da doença estão, conforme lembra o parlamentar, evitar a proliferação do mosquito-palha, um trabalho focado no controle ético da população de animais de rua, principalmente cães, e o incentivo do uso de coleira repelente nos animais. “Todas essas medidas também dependem de ações do Poder Público por meio de políticas eficazes e acessíveis à população, que precisa ser alvo também de ações de conscientização sobre a doença”, acrescenta.
Dados - A leishmaniose visceral é uma zoonose sistêmica causada por um protozoário do gênero Leishmania chagasi. É classificada como doença negligenciada pela OMS, uma vez que ocorre com mais frequência em países em desenvolvimento e conta com investimentos reduzidos em pesquisa, produção de medicamentos e controle.
Ao se alimentar do sangue de animais infectados, principalmente cães, o mosquito-palha pode transmiti-la aos humanos por meio da picada. Apesar de depender de condições ambientais propícias como acúmulo de resíduos e outros tipos de matéria orgânica, a doença mantém forte correlação com fatores sociais, como acesso ao saneamento básico, moradia adequada e renda digna, entre outros.
Entre os eixos de enfrentamento da doença estão o controle da proliferação do vetor por meio de ações de saneamento ambiental e, ainda, o manejo e o destino dos cães infectados, repositórios do agente infeccioso, por meio de estratégias como testagem; tratamento clínico ou eutanásia, de acordo com a avaliação técnica; vacinação de cães saudáveis e o uso massivo de coleiras repelentes.
Eutanásia - O histórico da eutanásia, conforme lembrou Noraldino Júnior, já demonstrou sua ineficácia no controle epidemiológico da doença, embora continue sendo recomendada por órgãos e entidades competentes. Afinal, alternativas de tratamento e controle vêm sendo desenvolvidas e diversos pesquisadores e laboratórios têm se dedicado à busca de soluções para a leishmaniose.
Nesse aspecto, a audiência pública vai debater que, justamente por não serem medidas custeadas pelas políticas de saúde pública, os valores a serem gastos pelo tutor dos animais – seja no tratamento autorizado (por meio do medicamento Milteforan), na vacinação, nos exames e nas coleiras – são bastante elevados.
Convidados - Entre os convidados da audiência da Comissão de Meio Ambiente estão representantes do Ministério Público, médicos veterinários e pesquisadores da área e, ainda, lideranças e defensores da causa animal.