Privatização dos serviços de trem motiva audiência
CBTU está no plano de privatizações do governo federal desde 2019. Sindicato teme aumento do preço e demissões em massa.
11/08/2021 - 17:30As consequências para a população mineira do processo de privatização da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), proposto pelo governo federal, será debatido em audiência pública nesta quinta-feira (12/8/21). A reunião, marcada para 9h30 no Auditório José de Alencar, será realizada pela Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
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Incluída no plano de privatizações por decreto presidencial em setembro de 2019, a CBTU atualmente opera trens de passageiros nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Recife, Maceió, João Pessoa e Natal. A inclusão, porém, ainda está em discussão, já que tramita no Congresso Nacional o Projeto de Decreto Legislativo 693/2019.
O debate na ALMG foi solicitado pela deputada Beatriz Cerqueira (PT). "Essa audiência está sendo realizada a pedido do SindiMetro e permitará esse debate essencial sobre o futuro do metrô em nosso Estado", explicou a parlamentar.
O presidente do Sindicato dos Metroferroviários de Minas Gerais (SindiMetro-MG), Romeu José Machado Neto, usa a privatização de parte das linhas de trens e metrô no Rio de Janeiro, ocorrida no final da década de 1990, para apontar as consequências que tal política pode ter para Minas Gerais.
Nesse sentido, ele destaca duas preocupações com as possíveis consequências da privatização proposta pelo governo federal. A primeira é com a qualidade do serviço prestado e seu preço. Segundo ele, desde a privatização no Rio de Janeiro, houve um aumento no descarrilhamento de veículos. Além disso, os preços dos serviços aumentaram consideravelmente.
Em Belo Horizonte, os preços das passagens de metrô, que se mantiveram a R$ 1,20 por 12 anos, começaram a ser aumentados bimestralmente desde o início do governo Bolsonaro, em 2019. O aumento acumulado já supera 100%.
Já a segunda preocupação de Romeu Neto é com os trabalhadores. Segundo ele, a privatização no Rio de Janeiro resultou em demissões em massa, que ele prevê também no caso de Belo Horizonte. Os trabalhadores da empresa, que é federal, são registrados no regime da CLT.
Investimentos – O representante do Sindmetro chama de mentirosa a alegação do governo de que seria preciso privatizar para garantir a modernização e a ampliação da rede de metrô. Ele lembra que o modelo previsto para a concessão implica em um investimento inicial bilionário do governo, previsto em R$ 4 bilhões, e também deixa ampliações futuras a cargo do poder público. “Teremos uma passagem mais cara para os passageiros em um modelo que continua recebendo dinheiro público”, disse.