Aldeias na RMBH demandam serviços públicos
Faltam água, luz, posto médico e segurança para indígenas atingidos pelo rompimento de barragem.
09/07/2021 - 20:15As aldeias indígenas Naho Xohae e Katuramã, localizadas no município de São Joaquim de Bicas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, não são as mesmas desde o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, também na RMBH. Os problemas começam pela poluição do Rio Paraopeba e passam pela falta de segurança, educação e até energia elétrica.
Nesta sexta-feira (9/7/21), a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) visitou as aldeias justamente para apurar denúncias de violações e recebeu as demandas por diversos serviços públicos.
A presidenta da comissão e autora do requerimento de visita, deputada Andréia de Jesus (Psol), se comprometeu a cobrar o que chamou de “direitos básicos”. “Essas pessoas já perderam até o lugar onde viviam. Não podem perder mais nada. Têm que ter direitos humanos atendidos”, frisou.
Na aldeia Naho Xohae, a água do Paraopeba já não serve, o que impactou o modo de viver dos indígenas. Hoje, eles recebem garrafas de água fornecidas pela Vale. Mas a comissão ouviu dos caciques que as demandas vão além: falta energia elétrica para armazenar medicamentos e abrir o posto de saúde durante a noite, e a escola funciona de maneira precária.
Deslocados – A poucos quilômetros, na aldeia Katuramã, indígenas resistem em barracas de lona, sem acesso à água e cozinhando em fogão improvisado. Esse grupo vivia às margens do Paraopeba, mas o local foi coberto pela lama da mineração. As famílias chegaram a se refugiar na cidade por cerca de dois anos, mas receberam, em junho, por doação, o terreno na Mata do Japonês.
A Associação Mineira de Cultura Nipo Brasileira doou 70% do valor do terreno, e o grupo Katuramã se comprometeu a pagar os outros 30% com uma futura indenização da Vale. Porém, mesmo com a posse da terra e os pedidos para que recebam a infraestrutura básica pra sobrevivência, isso ainda não chegou.
Outro problema na aldeia é a falta de segurança. Isso porque a Mata do Japonês é alvo de grileiros que lotearam parte da área e chegaram a vender terrenos que não possuíam. Andréia de Jesus reforçou que as demandas das duas aldeias serão levadas aos órgãos responsáveis, como Cemig e Copasa, e cobradas pela Comissão de Direitos Humanos.