Estima-se que cerca de 30 mil toneladas de medicamentos são jogados fora pelos consumidores a cada ano no Brasil, conforme dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 

Além disso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula que mais de 50% de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos de forma inadequada pelo mundo, e que a metade dos pacientes não faz uso desses medicamentos corretamente.   

A automedicação tem preocupado ainda mais as autoridades sanitárias em todo o mundo devido à pandemia da Covid-19, conforme alerta divulgado em comunicado da Anvisa em abril deste ano.

Nesse contexto, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realiza, nesta quinta-feira (24/6/21), uma ação para combater a automedicação e coletar remédios vencidos e inutilizados, em parceria com o Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais (CRF-MG), por meio do programa Traga de Volta.

Das 8h30 às 13 horas, um posto de coleta de medicamentos estará funcionando na entrada principal da ALMG (Rua Rodrigues Caldas, 30, bairro Santo Agostinho, na Capital) para orientar os transeuntes sobre os riscos da automedicação e, através de drive thru, recolher os medicamentos em desuso trazidos pela população.

Uma equipe de farmacêuticos do Conselho Regional de Farmácia prestará informações sobre o descarte seguro de medicamentos e realizará a coleta.

Além de educar e estimular o descarte correto e seguro, o programa Traga de Volta tem como função conscientizar a população no que se refere à gestão ambiental e à logística reversa de medicamentos, cujo objetivo é reduzir os danos ambientais gerados pelos compostos químicos dos remédios, protegendo a saúde da população.

A atividade da ALMG em parceria com o CRF-MG faz parte da Semana de Conscientização e Combate à Automedicação, instituída pela Lei 21.782, de 2015, para ser realizada anualmente na quarta semana do mês de junho.

Este ano, a adesão da ALMG à semana atende a uma solicitação da deputada Ana Paula Siqueira (Rede), tendo sua criação, conforme a lei, os objetivos de:

• orientar a população sobre os perigos da automedicação; 
• conscientizar os comerciantes de medicamentos sobre a relevância de sua atuação para a restrição da prática da automedicação;
• valorizar a competência técnica do profissional farmacêutico no fornecimento de medicamentos. 

Alerta cresce na pandemia

Segundo a OMS, o uso indiscriminado e irracional de medicamentos, sem orientação profissional, é um dos grandes problemas de saúde pública.

Em seu comunicado divulgado em abril deste ano, a Anvisa alerta para este fato e para os riscos à saúde da população causados pelo consumo incorreto de remédios.

“É preciso que as pessoas se conscientizem dos riscos reais dessa prática, que pode causar reações graves, inclusive óbitos”, adverte o informe, destacando que todo medicamento apresenta perigos relacionados ao seu consumo, que por isso deve ser baseado na relação benefício-risco, analisada a partir de critérios técnico-científicos.

A agência ainda destaca estimativa da OMS de que os eventos adversos relacionados a medicamentos custem cerca de 42 bilhões de dólares todos os anos e prossegue alertando que esses eventos podem causar danos aos pacientes, incluindo mortes, levar à internação e prolongar a hospitalização, agravando ainda mais a situação do sistema de saúde num momento como o atual, de alta demanda por assistência hospitalar em virtude da pandemia.