Ao criticar as condições precárias das escolas nas unidades prisionais, Rosângela Reis lembrou a importância da educação para a ressocialização dos detentos
A diretora da Escola Estadual Dênio Moreira de Carvalho da Penitenciária de Ipaba cobrou uma intervenção urgente no local
Escolas estão em situação precária nos presídios de Minas

Reforma das escolas em unidades prisionais será viabilizada

Representantes do Estado destacaram que as tratativas estão acontecendo e que os recursos devem ser disponibilizados.

28/05/2021 - 12:35

Através da parceria entre a Secretaria de Estado de Educação (SEE) e a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), recursos para reformas das escolas instaladas dentro das unidades prisionais e das Associações de Proteção e Assistência aos Condenados (Apacs) devem ser disponibilizados, até o segundo semestre deste ano.

A informação foi trazida pelo superintendente de Infraestrutura e Logística da SEE, Augusto Cesar Guimaraes de Souza, em audiência da Comissão de Assuntos Municipais da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta sexta-feira (28/5/21), que debateu a precariedade da estrutura física e material dessas escolas.

Consulte o resultado e assista ao vídeo completo da reunião.

Augusto de Souza apontou que as reuniões entre as duas secretarias estão acontecendo e o caminho está sendo traçado para que os recursos sejam disponibilizados pela SEE e utilizados pela Sejusp para as obras e outras finalidades. Ele destacou que a SEE está acompanhando a situação de todas as unidades e procura dar todo o apoio necessário.

A superintendente de Humanização do Atendimento da Sejusp, Michelle Tatiane Lopes, também destacou que as duas secretarias estão em alinhamento para definir a melhor forma de repasse dos recursos. Segundo ela, ao mesmo tempo, já foi feito um levantamento da demanda das escolas das melhorias físicas necessárias, além dos equipamentos e materiais que precisam ser adquiridos.

O superintendente de Infraestrutura e Logística da Sejusp, Tiago Maduro de Azevedo, apontou que está em estudo a contratação de mão de obra terceirizada para a realização das reformas. 

Situação inadmissível - A presidente da comissão e autora do requerimento, deputada Rosângela Reis (Pode), considerou inadmissível a situação das escolas nas unidades prisionais. Ela mostrou fotos e vídeos da situação precária de manutenção, com banheiros e salas com pisos, tetos e mobiliários destruídos ou comprometidos.

Ela lembrou a importância da educação para a ressocialização dos detentos. Para a deputada, é inaceitável ter professores e diretores dispostos a ensinarem, mas sem condições adequadas para a realização do seu trabalho. 

Rosângela Reis ainda cobrou que as secretarias entrem em um acordo para viabilizar a realização das obras e a compra dos materiais e equipamentos necessários. Atualmente há 124 escolas da Rede Estadual de Educação em funcionamento nas unidades prisionais e Apacs, com cerca de 7 mil presos matriculados.

Diretores relatam situação de precariedade das escolas

A reunião contou com a participação de diretores que fizeram relatos da situação precária das escolas nas unidades prisionais. A diretora da Escola Estadual Dênio Moreira de Carvalho da Penitenciária de Ipaba (Rio Doce), Lila Martins da Silva, apresentou um laudo que atesta a necessidade de reforma da escola.

Segundo ela, há falta de mobiliário e equipamentos, o telhado está com vazamento e a rede elétrica está danificada. Ela cobrou uma intervenção urgente. O diretor-geral da Penitenciária de Ipaba, Izaqueu Ferreira de Souza, também falou sobre a necessidade de reforma da escola.

A diretora da Escola Estadual Professor Paulo Freire do Complexo Penitenciário Nelson Hungria em Contagem (Região Metropolitana de Belo Horizonte), Valdicéia Pavione, também detalhou a situação precária da unidade. Segundo ela, há problemas com o telhado, alguns espaços não contam com lâmpadas ou tomadas e não há banheiros para os professores.

Valdicéia Pavione ainda cobrou que a secretaria adote definições e regulamentos diferenciados para as escolas nas unidades prisionais. Ela apontou que essas escolas não podem ter, por exemplo, o mesmo calendário das outras unidades educacionais.

Nesse sentindo, a diretora de Ensino e Profissionalização do Departamento Penitenciário de Minas Gerais, Regina Dias Duarte, informou que uma resolução específica para as escolas das unidades prisionais já está sendo elaborada. 

Apacs - O diretor executivo de Gestão e Controle da Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC), Ari de Jesus Soares Pereira, falou sobre a importância da educação nas Apacs para a ressocialização dos recuperandos

Segundo ele, no caso das associações, há escolas funcionando de maneira precária, muitas vezes sem espaço físico próprio, dividindo o ambiente com outras finalidades como refeitório, por exemplo. Ele ainda apontou que as Apacs não contam com recurso para a contratação de profissionais.

Por fim, o ex-prefeito de Ipaba, Geraldo dos Reis Neves, cobrou o apoio financeiro do Estado, pois os municípios não conseguem arcar com todos os custos que envolvem a unidade prisional. Ele defendeu que, além da reforma das escolas, outras melhorias sejam feitas pelo Estado nas unidades prisionais.