Em participação remota, diversos parlamentares mostraram preocupação com a atual realidade da Covid-19 em Minas Gerais
Receoso com situação dos hospitais, deputado Duarte Bechir avalia que momento é de manter o distanciamento
Deputado Cristiano Silveira critica tratatamento precoce
O Dia Mundial da Água e a importância dos mananciais foram lembrados pelo deputado Marquinho Lemos

Preocupação com pandemia volta a pautar pronunciamentos

Deputados abordaram ocupação de leitos, falta de insumos e vacinação. Dia Mundial da Água (22/3) também foi lembrado.

23/03/2021 - 18:15

A gravidade da pandemia, no Estado e no País, a importância da vacinação contra a Covid-19, a falta de leitos e de profissionais para atuar nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), assim como a escassez de insumos essenciais, como oxigênio e medicamentos para intubação, pautaram a fala de diversos parlamentares na Reunião Ordinária do Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta terça-feira (23/3/21).

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O deputado Duarte Bechir (PSD) registrou que tem recebido apelos desesperados de pessoas que precisam e não conseguem vaga em leito para si ou familiares. Relatou a própria internação por Covid-19, quando esteve com 50% da capacidade pulmonar comprometida. “Eu temi não sair vivo, imagina quem está assim e não consegue tratamento”, lamentou.

Ele criticou a partidarização da pandemia, assim como recomendações de tratamento prévio feitas por pessoas não especialistas em saúde. Duarte Bechir ainda defendeu o isolamento como a única alternativa. “Não adianta colocar o povo nas ruas, liberar tudo, se não há leitos, nem profissionais e podem faltar insumos”, alertou. Ele também elogiou a atuação da ALMG em relação à pandemia e afirmou que a “vacina é a nossa única certeza”.

Em aparte, o deputado Delegado Heli Grilo (PSL) também defendeu a vacina e lamentou a situação dos hospitais, mas mostrou-se aberto ao tratamento preventivo, lembrando que ele e familiares também tiveram Covid-19. “Tudo que se faz de forma precoce é importante. Quanto mais rápido e mais cedo se descobre a doença e se inicia o tratamento, melhor. Mas precisa saber quais os medicamentos usar. Quem sabe perdemos algumas vidas porque não fizemos o tratamento correto?”, questionou.

Já o deputado Cristiano Silveira (PT) fez duras críticas ao tratamento precoce, lamentando que o governador Romeu Zema (Novo) deu entrevista defendendo a prática. O parlamentar sugeriu que a CPI dos Fura-Filas da Vacina da ALMG apure se Zema investiu nesse tipo de tratamento “sem fundamentação científica e com medicamentos que não tiveram a eficácia atestada pela Anvisa”. Cristiano Silveira também criticou o fato de o secretário de governo, "membro do Comitê Covid-19, viajar de férias num momento tão grave”.

O deputado ainda alertou para possíveis paralisações de profissionais da segurança pública do Estado, insatisfeitos com a falta de vacinas, ressaltando que a vacinação em massa é o essencial. Por fim, defendeu a criação de um auxílio estadual para as família carentes, citando iniciativas do governo do Ceará como exemplo.

Também em aparte, o deputado Carlos Pimenta (PDT) alertou para a situação de Montes Claros (Norte de Minas) que, segundo ele, está sob risco de, em 48 horas, não ter mais medicamentos para tratar pacientes já entubados em UTIs. Ele fez apelos à Secretaria de Estado e ao Ministério da Saúde para que agilizem a entrega desses insumos, com urgência, ou “vamos perder centenas de pacientes já entubados”, em vários hospitais da cidade, afirmou.

Dia Mundial da Água – Os deputados Marquinho Lemos e Doutor Jean Freire (ambos do PT) ressaltaram a importância da água, sobretudo neste momento de pandemia. Nesse sentido, lembraram que nessa segunda, 22 de março, foi celebrado o Dia Mundial da Água. Os dois parlamentares avaliaram a data como uma oportunidade para a sociedade brasileira repensar a forma como vem tratando seus cursos d'água e mananciais.

Marquinho Lemos ressaltou dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), apontando que 35 milhões de brasileiros não têm acesso à água e 47% vivem sem esgoto sanitário, ressaltando que, no Jequinhonha/Mucuri, a situação é ainda mais grave.

O parlamentar lembrou a constante convivência dos moradores do Vale com a seca, fez apelos em prol dos rios da região e críticas a mineradoras que poluem manaciais. Marquinho Lemos ainda sugeriu que parte dos recursos do acordo entre o governo de Minas e a mineradora Vale (para ressarsimento da tragédia de Brumadinho) sejam usados em prol desses cursos d’água.

Doutor Jean Freire lembrou que, em 2010, a Organização das Nações Unidas (ONU) classificou o acesso à água como um direito humano. “Como direito humano, deve ser garantido pelo Estado, e não ser privatizado”, defendeu. Ele criticou iniciativas que propõem a privatização da Companhia de Água e Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e a falta de investimentos na Copanor, empresa que cuida do abastecimento de água e saneamento nas regiões mais pobres de Minas.

Cemig - O deputado Betão (PT) também dedicou seu pronunciamento a advertir contra a privatização, mas desta vez na área de energia. Ele enumerou diversas iniciativas do governo Zema que, desde 2019, em sua avaliação, visam apenas precarizar as condições de trabalho na Companhia Energética do Estado (Cemig) para aumentar lucros de acionistas. “Acionistas que nem são brasileiros”, acrescentou. Entre as medidas criticadas estão o fechamento de 50 locais de atendimento no interior e de duas bases operacionais, além da desativação da termoelétrica de Igarapé.

Na reunião, ainda foram aprovados 15 requerimentos, endereçados a diversos órgãos do Estado, com pedidos de providências e/ou informações.

Minuto de silêncio - Houve também um minuto de silêncio, solicitado pelo Bloco Sou Minas Gerais, em homenagem a Neide Pimenta, mãe do deputado Neilando Pimenta (Podemos), falecida no sábado (20), aos 78 anos.