Parlamentares concederam entrevista coletiva, na qual falaram sobre importância da ocupação de espaços de poder pelas mulheres

Deputadas alertam para sobrecarga na pandemia

Em entrevista conjunta, parlamentares da bancada feminina também destacam eventos do Dia da Mulher na Assembleia.

11/03/2021 - 19:05

Saúde mental diante dos efeitos da pandemia, presença nos espaços de poder e necessidade de provar competências foram alguns dos temas abordados nesta quinta-feira (11/3/21) por deputadas da bancada feminina da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), durante entrevista virtual à imprensa sobre as iniciativas da Casa que marcam o Dia Internacional da Mulher.

Em resposta a alguns dos questonamentos, as deputadas criticaram a romantização com que a sociedade ainda trata a capacidade que a mulher tem de dar conta de múltiplas tarefas, sobretudo na pandemia, e destacaram o edital Minas Arte em Casa – Mulher no Plural: múltiplas perspectivas, que abre inscrições gratuitas no fim do mês para fotógrafas mineiras profissionais e amadoras.

O edital faz parte do "Sempre Vivas: luta das mulheres em tempos de pandemia", conjunto de iniciativas que marcam o Dia da Mulher na ALMG. Também integra o Sempre Vivas o seminário virtual "Mulheres na luta: novos desafios trazidos pela pandemia e perspectivas", nesta sexta-feira (12). Quatro paineis discutirão, ao longo de todo o dia, temas como autonomia financeira, violência, saúde e educação, com participação aberta ao público no Portal da Assembleia.

Coordenadora do Sempre Vivas deste ano, a vice-presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, deputada Andréia de Jesus (Psol), explicou que, além de ser um edital aberto exclusivamente a mulheres, o Minas Arte em Casa - Mulher no Plural vai pagar R$ 1.490,22 a cada uma das autoras das 60 fotografias selecionadas. Os trabalhos serão expostos por seis meses e a mostra vai circular virtualmente pelo Estado até março de 2022.

Andréia de Jesus destacou que a mostra vai sair das quatro paredes, para ganhar o espaço aberto, uma vez que as fotos selecionadas serão projetadas em prédios. “Isso tira a arte dos grandes palácios e joga para as ruas. Esse recurso dá visibilidade ao que se faz na Assembeia e valoriza a cultura como experimento político”, frisou a parlamentar, para quem o edital permite que a mulher use a arte tanto como denúncia como para mostrar a beleza de sua existência e de suas lutas.

No que diz respeito à discussão dos caminhos para que a mulher supere os desafios trazidos pela pandemia, as deputadas frisaram que o seminário virtual terá esse papel, assim como a live de encerramento do Sempre Vivas, na segunda-feira (15), às 17 horas, com o tema "Um olhar sobre o futuro: o que as mulheres pensam para o pós-pandemia".

Sobrecarga - Ao responder questionamentos sobre a capacidade de organização das mulheres e sua rotina na pandemia, a deputada Laura Serrano (Novo) disse que, se a mulher já tinha uma jornada de mãe e dona de casa, essa realidade ganhou sobrecarga com a pandemia.

Ela mencionou pesquisas segundo as quais a maioria das entrevistadas passou a trabalhar remotamente, tendo ainda que assumir mais tarefas domésticas que anteriormente, sem que houvesse uma real divisão com os parceiros. 

“Não é porque a gente aguenta que esse peso seja leve”, frisou Laura Serrano, para quem é preciso que haja um maior compartilhamento das responsabiliades e dos cuidados.

“Estamos adoecidas, exaustas, e precisamos conversar sobre isso, esse estereótipo da mulher guerreira não nos permite sermos humanas e mostrar que temos limites que precisam ser respeitados e vistos”, endossou a deputada Beatriz Cerqueira (PT).

Andréia de Jesus defendeu que essa sobrecarga “não seja romantizada”.

Mulheres no Parlamento - Também foi destacada pelas parlamentares, como a deputada Leninha (PT), a importância da presença de mais mulheres nos espaços de poder, inclusive o Poder Legislativo.

A deputada Ana Paula Siqueira (Rede), presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, disse que um precedente importante para avançar no debate em torno das mulheres no Legislativo foi a recente criação, no Senado, da liderança da bancada feminina, com assento no Colégio de Líderes daquela casa legislativa.

Ela anunciou já ter protocolado na ALMG um requerimento para que iniciativa semelhante seja discutida na ALMG. Ela considera que a participação da mulher nessa instância pode levar a uma maior priorização dos projetos de interesse das mulheres.

Para Laura Serrano, a presença de mais parlamentares no Legislativo contribui para que o orçamento público garanta recursos para as prioridades das mulheres e para projetos com impactos sobre as famílias como um todo.

A deputada Ana Paula Siqueira lembrou que os países que tiveram o melhor desempenho na gestão da pandemia de Covid-19 foram aqueles em que as mulheres ocupam mais espaços de poder.

Segundo levantamento da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, o número de projetos voltados para questões das mulheres aumentou 50% nos últimos dez anos, na ALMG, o que é creditado à maior participação delas na Assembleia.