Performance
Renato Goulart preparou arranjo da peça “Danças sinfônicas”, do compositor Sergei Rachmanioff
De forma lúdica e musical, Sara Dutra apresenta uma visão diferenciada sobre o coronavírus

Música tem destaque em espetáculos do Minas Arte em Casa

Como pano de fundo ou como protagonista, as melodias vão do erudito ao soundpainting. Transmissões serão às 19h20.

24/09/2020 - 15:35

Nesta semana, no Minas Arte em Casa, projeto da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a música conversa com as artes plásticas, o teatro de drama, a contação de história infantil e a criação virtual de soundpainting. Ela permeia todas as apresentações, seja como pano de fundo, como na encenação “Drama de Angélica”, do Grupo Maria Cutia, ou como peça central, na interpretação erudita “Música para quarentena”, de Renato Goulart.

A música está presente na dança de “Duo derivado”, que se mistura com obra de arte no espetáculo da Cia. Ananda de Dança Contemporânea, e na trilha sonora da contação de história de Sara Dutra, que apresenta uma visão diferenciada sobre o coronavírus para as crianças e jovens.

Renato Goulart escolhe um solo de destaque da literatura do saxofone na música sinfônica ao interpretar Sergei Rachmanioff e o grupo Soundpainting BH surpreende ao apresentar música em linguagem por meio de gestos.

Novo horário - O público deve se programar para novo horário a partir desta semana. Os encontros começam 20 minutos mais tarde, às 19h20, e serão exibidos de segunda (28/9/20) a sexta (2), pelo Instagram do Assembleia Cultural, pela TV Assembleia e pelo YouTube da ALMG. Depois das estreias, as performances continuam disponíveis nas redes sociais da Casa.

Esta é a nona semana de apresentações do projeto e a primeira com os 25 artistas excedentes aprovados no edital. O Minas Arte em Casa integra o programa Assembleia Cultural e tem como objetivo colaborar para o enfrentamento da crise econômica do setor causada pela Covid-19.

  • Segunda-feira (28): “Música para a quarentena”, do saxofonista Renato Goulart

O saxofonista Renato Goulart preparou um arranjo da peça “Danças sinfônicas”, do compositor Sergei Rachmanioff, criada originalmente para orquestra. O vídeo “Música para quarentena”  foi compilado com uma sequência de imagens representativas do momento atual de pandemia, como o dia-a-dia das pessoas durante o isolamento social, os cuidados médicos para o tratamento da Covid-19 e a busca da ciência pela cura.

A apresentação contém um solo de destaque da literatura do saxofone na música sinfônica. Na interpretação, o músico executa, ainda, diversas vozes do instrumento (alto e soprano) e de piano.

Renato Goulart é músico instrumentista, compositor, arranjador, produtor cultural e educador musical. Graduado em Música com habilitação em Saxofone pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é também pós-graduando em Educação Musical pela Faculdade Unyleya.

Renato é, também, saxofonista membro, compositor e arranjador principal do Monte Pascoal, grupo que lhe rendeu um CD com trabalhos autorais e releituras da Música Popular Brasileira (MPB). Suas composições sinfônicas e de câmara já foram executadas no Brasil e no exterior, incluindo Espanha, Chile, Argentina e Polônia.

  • Terça-feira (29): contação de história com Sara Dutra

Baseada em sua experiência na área educacional com crianças de várias faixas etárias, Sara Dutra traz em "Os soldadinhos do corpo e o coronavírus" uma história que gira em torno da pandemia da Covid-19. De forma lúdica e musical, ela apresenta uma visão diferenciada sobre o coronavírus e os cuidados necessários com a saúde, tendo como base as recomendações da Organização Mundial da Saúde.

A artista compôs todas as músicas para o espetáculo e criou uma atmosfera de leveza e alegria. O texto e a edição de áudio e vídeo são dela.

Sara Dutra possui licenciatura em Música com habilitação em Violino pela Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg). A artista também atua como educadora musical. Atualmente, é professora de Música na Fundação de Educação Artística. Integra o corpo de professores de Música do Colégio Rudolf Steiner de Minas Gerais (Pólen). Como musicista, já atuou como violinista em diversas orquestras, como a Orquestra de Câmara de Ouro Branco e a Orquestra Ouro Preto.

Sara participou da gravação do DVD "Trio Amaranto e Orquestra de Câmara de Ouro Branco" e integrou a Orquestra Ouro Preto em shows com Alceu Valença, Fernanda Takai, Antônio Nóbrega e em espetáculos musicais como "O pequeno Príncipe”.

  • Quarta-feira (30): dança contemporânea “Duo derivado” com Cia. Ananda

A Cia. Ananda de Dança Contemporânea apresenta a proposta “Duo derivado”, uma parceria com Graziela Andrade, uma artista da dança, da literatura e da pintura. A performance nasceu do encantamento do grupo com as pinturas da artista e do desejo de dar a elas outra espacialidade.

No vídeo, uma composição com telas e as imagens da obra “Epitélio”, de Graziela Andrade, se revezam e se completam com as performances dos artistas da dança Jo Caravelli e Eduardo Henrique.

O trabalho do videomaker Gilberto Gulard, autor da trilha sonora, permite mostrar as possibilidades que surgem da edição de vídeo como outra forma de criação artística, focando no uso da tecnologia como ferramenta principal de produção, invenção e intervenção da arte.

A Cia. Ananda é um grupo fundado em 2017 pela dançarina e coreógrafa Anamaria Fernandes, juntamente com mais 20 artistas. A Cia. é um projeto de extensão da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e promove múltiplas atividades: espetáculos de dança contemporânea, oficinas temáticas, formações, palestras e criações de filmes. Todas essas ações compartilham uma abordagem artística comum: a estética da diferença e da diversidade.

Por meio de seu trabalho de criação e oficinas, a Cia. Ananda funda sua pesquisa e ações em torno da investigação gestual e vocal, da autoralidade, da noção do encontro, do compartilhamento e da acessibilidade, sempre com uma atenção especial aos públicos que enfrentam dificuldades de acesso a direitos sociais e culturais fundamentais.

Quinta-feira (1º): “Drama de Angélica” com Grupo Maria Cutia

O premiado Grupo Maria Cutia, de Belo Horizonte, apresenta a performance inédita “Drama de Angélica”, inspirada na canção de mesmo nome dos compositores Alvarenga e Barreto. A música, famosa nas décadas de 60 e 70, narra a história de um rapaz que se apaixona por Angélica, mulher com graves problemas de saúde.

Depois de ir a um concerto com ele, Angélica é acometida de asma e morre após tomar um remédio manipulado de forma errada. Todas as falas do vídeo foram improvisos dos atores que, em suas casas, seguiram a sequência de ações desenvolvidas a partir da letra da composição.

As máscaras utilizadas pelos artistas foram adquiridas em diversos lugares do mundo, como África do Sul, Peru, França, Itália e Bali. Ângulos pouco habituais foram utilizados para criar uma abordagem diferenciada do ponto de vista cinematográfico de uma performance teatral.

O Grupo Maria Cutia é uma companhia de teatro de rua que nasceu em 2006. Seus espetáculos foram criados a partir de diferentes linguagens (jogo do palhaço, máscaras expressivas, ator brincante, textos clássicos e dramaturgia original) para serem encenadas em praças, parques, ruas e espaços públicos.

A companhia já se apresentou em mais de 170 cidades pelo Brasil e participou de inúmeros festivais de teatro pelo Brasil, na Argentina e na França. Entre os vários prêmios recebidos, destaca-se o Prêmio Funarte Artes Cênicas na Rua, o Prêmio Funarte Myriam Muniz, o Prêmio Cena Minas e o Prêmio Sinparc de Artes Cênicas.

  • Sexta-feira (2): criação musical virtual com grupo Soundpainting BH

O grupo Soundpainting BH - Orquestra Pictofônica apresenta a obra musical coletiva “Gamuts 1 - De longe em harmonia” e propõe uma metáfora com o cenário de pandemia. Os artistas, coordenados por João Paulo Prazeres de Oliveira Campos, se utilizam da experiência do gamuts, linguagem que permite a comunicação de ideias musicais por meio de gestos.

Nesse tipo de criação virtual musical, o soundpainter - ou provocador ou, ainda, compositor - lança para o grupo de músicos sinais que indicam diversos parâmetros para a realização de materiais musicais. Os artistas, conhecendo esses sinais e seus significados, respondem, realizando musicalmente o que foi sinalizado. Assim, a partir de estímulos gestuais do soundpainter, os músicos, cada um em sua casa, são capazes de criar uma obra coletiva, mesmo sem ouvirem uns aos outros.

Para o vídeo do Minas Arte em Casa, o soundpainter João Paulo Prazeres, em vez de postar-se diante do grupo, utilizou seis câmeras, como se cada uma fosse o ponto de vista de um músico. Em seguida, enviou os vídeos gravados a seis músicos diferentes que, por sua vez, enviaram de volta sua “resposta” musical. Uma sétima câmera registrou os movimentos de João Paulo, e suas imagens foram utilizadas na montagem final, que reuniu as respostas dos seis músicos.

Para esta peça, cada músico recebeu, de antemão, um gamut, ou seja, um repertório de notas que poderiam ser tocadas. Embora cada gamut esteja inserido num campo harmônico diferente, eles soam harmoniosos quando tocados juntos.

Para o grupo, esta é uma metáfora musical para o fato de que estamos distantes uns dos outros nesse momento de pandemia, assim como as notas de campos harmônicos. Mas estamos em segurança em nossas casas - cada um ocupando o seu espaço, assim como as notas no espectro sonoro - e, portanto, em harmonia.

O projeto Soundpainting BH foi fundado em 2011 por artistas da música e das artes cênicas de Belo Horizonte, após uma oficina de soundpainting com o artista estadunidense Walter Thompson, criador dessa linguagem. O projeto ganhou força com a ida do coordenador João Paulo Prazeres à Suécia em 2012 para um novo curso com Walter.

João Paulo é bacharel em Música pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde atualmente cursa mestrado com pesquisa sobre a criação com soundpainting.