Mais uma vez, a reunião de Plenário da Assembleia foi dominada por debates relativos à reforma da previdência
Para Beatriz Cerqueira, as alíquotas de contribuição propostas trazem uma falsa ideia de progressividade
Celinho Sintrocel disse que Zema demorou a enviar a reforma e, agora, não pode exigir uma aprovação rápida
Reforma da previdência acirra debates no Plenário

Parlamentares criticam pressa na tramitação da reforma

Mudanças na previdência dos servidores estaduais dominaram os debates em Plenário, nesta quinta (2).

02/07/2020 - 16:20 - Atualizado em 02/07/2020 - 18:56

A proposta de reforma da previdência dos servidores públicos, do governador Romeu Zema, dominou os debates no Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na tarde desta quinta-feira (2/7/20). Como tem acontecido em outras reuniões, a maioria dos parlamentares que se manifestaram disseram ser contrários à reforma nos moldes colocados pelo governador.

A reforma, dividida entre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55/20 e o Projeto de Lei Complementar (PLC) 46/20, foi pauta da Comissão de Constituição e Justiça na manhã desta quinta. Na ocasião, o relator, deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), distribuiu avulso dos pareceres, para votação na sexta (3).

Consulte o resultado e assista ao vídeo completo da reunião.

A tramitação da reforma foi questionada em Plenário pelo deputado Sargento Rodrigues (PTB), que disse que ela viola o processo legal, ao negar a possibilidade de participação dos interessados nas discussões, em virturde da pandemia de Covid-19.

Nesse sentido, o parlamentar afirmou que vai entrar com um mandado de segurança para retirar os textos de tramitação, já que as medidas de isolamento social impossibilitam a participação.

Para a deputada Beatriz Cerqueira (PT), a Assembleia perdeu a chance do protagonismo de fazer o debate de forma justa e correta, “e não dessa forma açodada que não permite a participação popular, que é a essência do Parlamento”.

Ainda na opinião da parlamentar, a Assembleia poderia ter feito o que o governador não fez, solicitar ao governo federal a prorrogação do prazo previsto na Portaria federal 1.348, que estabelece o dia 31 de julho como limite para mudanças nas alíquotas de contribuição.

Quanto às alíquotas previstas pelo governo, Beatriz Cerqueira afirmou que a proposta traz o pior sistema de todo o País, e o parecer apresentado hoje na CCJ mantém os percentuais, que contêm, em suas palavras, uma “falsa ideia de progressividade". Segundo ela, o real objetivo da reforma é reduzir gastos.

Em aparte, a deputada Andréia de Jesus (Psol) também manifestou o seu descontentamento com a proposta: “A culpa da crise não é do funcionalismo e sim de uma gestão desqualificada do Estado, que valoriza apenas o capital e esquece dos cidadãos e cidadãs que garantem que o serviço público chegue aos mineiros".

Pressão pela velocidade de aprovação da proposta também é criticada

O deputado Celinho Sintrocel (PCdoB) falou como presidente da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social, que deverá analisar o PLC 46/20. Segundo ele, a comissão vai apreciar o texto com responsabilidade e tentar corrigir “os equívocos e as injustiças” da proposta original.

Ele afirmou ser contrário a descontos extraordinários e sem controle nos salários, que ele chamou de “confisco”, e à retirada de aposentadorias especiais de quem trabalha em atividades que fragilizam a saúde.

Segundo o parlamentar, até fevereiro, antes da pandemia, 17 estados brasileiros já tinham feito suas adequações previdenciárias de acordo com determinações federais e outros três governadores já tinham apresentado suas propostas. Para Celinho Sintrocel, Romeu Zema demorou a enviar a reforma e, agora, não pode usar a pandemia como desculpa para exigir a rápida aprovação das proposições.

Quem também criticou a pressão para que a reforma seja aprovada “a toque de caixa” foi a deputada Ana Paula Siqueira (Rede), que afirmou acreditar que a participação popular é importante para a construção de propostas que garantam equilíbrio financeiro para o Estado, sem negar direitos.

Defesa - A deputada Laura Serrano (Novo) foi a única que se manifestou favoravelmente à reforma da previdência. Ela abordou os impactos para os profissionais da educação e disse que há cerca de 180 mil inativos ou pensionistas na área, que seriam o dobro dos ativos (86 mil). Para a parlamentar, em razão disso, é essencial que seja feita uma reforma.

Ela afirmou que, entre esses inativos, cerca de 95% já recebem vencimentos abaixo do teto do INSS e, de forma geral, o impacto da reforma sobre os profissionais da educação será pequeno.

Otimismo – O deputado Antonio Carlos Arantes (PSDB) disse que, apesar das dificuldades geradas pela pandemia, há muitas boas notícias a serem divulgadas. Ele citou como exemplos acordos para manutenção de empregos, safras do agronegócio, redução de juros, investimentos privados em Minas Gerais e a aprovação do Marco do Saneamento Básico no Congresso Nacional.