Uso indiscriminado de remédios causa maioria das intoxicações no Brasil - Arquivo ALMG

Live, na sexta (3), marca semana de combate à automedicação

Objetivo é conscientizar sobre os riscos do consumo inadequado de medicamentos, prática que persiste durante a pandemia.

30/06/2020 - 17:39

A automedicação, uma prática perigosa, mas comum à maioria dos brasileiros, ganhou relevância ainda maior durante a pandemia do novo coronavírus, em função das medidas de isolamento social.

Estudo encomendado pelos conselhos de farmácias revelou o aumento nas vendas de medicamentos relacionados à Covid-19 nos três primeiros meses deste ano, em relação ao mesmo período de 2019.

Até mesmo drogas que ainda são objeto de polêmicas, como a Hidroxicloroquina, tiveram alta nas vendas, nesse caso, de 67,93%. Uma influência do medo, na visão dos especialistas.

Diante desse cenário e também para marcar a Semana de Conscientização e Combate à Automedicação, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) promove, nesta sexta-feira (3/7/20), às 14 horas, a live “Uso racional de medicamentos: entenda os riscos da automedicação”.

A convidada é a presidente do Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais (CRF-MG), Júnia Célia de Medeiros. Ela é especialista em saúde pública e tem grande experiência na área de urgência do Sistema Único de Saúde (SUS).

Júnia aponta a falta de educação em saúde e de acesso a profissionais como causas da automedicação no Brasil. Mas reforça que os medicamentos somente devem ser adquiridos com a indicação correta, na dose adequada e na quantidade certa para o tempo de uso.

A live terá uma hora de duração e será transmitida pelo YouTube, nos canais da ALMG e do CRF-MG. O público poderá enviar perguntas ao longo da transmissão, por meio do chat do YouTube da ALMG. A demanda é da deputada Ana Paula Siqueira (Rede).

Semana foi instituída por lei estadual

A Semana de Conscientização e Combate à Automedicação foi instituída pela Lei 21.782, de 2015, e é realizada anualmente no mês de junho.

Ela busca orientar não apenas a população sobre os riscos do consumo indiscriminado de medicamentos, mas também os comerciantes para que atuem na restrição dessa prática. A norma também destaca a importância do farmacêutico na orientação para o uso correto dos remédios.

Virtual – Neste ano, em função da pandemia, os conselhos de farmácia realizaram atividades virtuais, como a campanha “não entre em pânico e antes de usar qualquer medicamento, consulte o farmacêutico”, veiculada nas redes sociais.

A campanha foi lançada em 5 de maio, quando se comemora o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, outra data de referência na luta contra a automedicação.

O propósito de todas essas intervenções é reverter índices como o apurado em pesquisa encomendada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), em 2019, que apontou a automedicação como prática de 77% dos entrevistados.

O levantamento, feito pelo Datafolha, apurou também que metade dos pacientes se automedicava pelo menos uma vez por mês, e um quarto (25%) o fazia todo dia ou pelo menos uma vez por semana.

Óbitos – Dados do Ministério da Saúde indicam que o uso indevido de medicamentos permanece, há muitos anos, como a principal causa de intoxicações em seres humanos.

Os remédios foram responsáveis por 25% dos óbitos por intoxicação no Brasil em 2017, ano do último levantamento

Estudo recente divulgado pelo CFF também aponta os medicamentos como os agentes responsáveis por 52,8% do total das ocorrências de intoxicação.

As circunstâncias são diversas e vão desde o uso indevido a erros de administração e à tentativa de suicídio. Nesse estudo, dos 42.969 casos apurados, 17.923 (15,15%) foram motivados pela automedicação.