Deputados discordaram quanto à presença de humorista durante entrevista presidencial

Ida de humorista a entrevista do presidente gera polêmica

Deputados se revezam ora para atacar ora para elogiar a conduta de Jair Bolsonaro em encontro semanal com a imprensa.

04/03/2020 - 20:07

A atitude do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de levar para sua entrevista semanal na porta do Palácio da Alvorada o humorista Carioca, com a vestimenta presidencial, gerou controvérsias na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Na Reunião Ordinária desta quarta-feira (4/3/20), três parlamentares trataram do tema, dois criticando a postura presidencial e um defendendo-o.

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“Estupefato”, foi a expressão usada pelo deputado André Quintão (PT) para qualificar o que sentiu ao saber do episódio em Brasília nesta quarta (4). Na opinião dele, em vez de trazer um humorista para desviar a atenção, Bolsonaro deveria responder “por que o Brasil tem ainda um pibinho, de 1%”.

“Imaginei também que Bolsonaro iria abordar o problema do coronavírus, o impasse no Congresso, ou se solidarizar com as pessoas que perderam familiares nas chuvas do Rio”, criticou. André Quintão ainda repudiou a distribuição de bananas aos jornalistas: “Bolsonaro quebrou a liturgia do cargo e desrespeitou a imprensa”, enfatizou.

O parlamentar informou que o ex-ministro Gustavo Bebianno declarou na edição desta semana do programa Roda Viva, da TV Cultura, que Carlos Bolsonaro, filho do presidente, tentou montar uma Agência Brasileira de Inteligência (Abin) paralela para espionar jornalistas. “Agora, ou os Bolsonaros processam Bebianno ou investigações terão que apurar a denúncia”, apontou.

André Quintão questionou, com tantos desvios de conduta do presidente, a força da democracia no Brasil. “Estamos chegando ao 31 de março, dia de triste lembrança para o País”, disse, referindo-se ao golpe militar de 1964.

Corrupção - O deputado Coronel Sandro (PSL) saiu em defesa do presidente, dizendo que Bebianno fez várias acusações “um tanto fantasiosas” contra o filho de Bolsonaro, “mas nenhuma envolvendo corrupção”.

E lembrou que o ex-ministro Antônio Palocci denunciou que a Odebrecht destinou R$ 300 milhões para o ex-presidente Lula. “Por que não falam do filho do presidente Lula?”, questionou o deputado, acrescentando que Lulinha, que era funcionário de um zoológico, tornou-se um megaempresário devido à influência política do pai.

Sobre as críticas ao crescimento, Coronel Sandro rebateu que “apesar de toda sabotagem da imprensa e da esquerda, da crise mundial, o governo ainda conseguiu um PIB de mais de 1%”.

Quanto às acusações de desrespeito à imprensa, declarou que “jornalista tem que amar a profissão e atuar a serviço da verdade, e não da militância”. Em relação ao déficit democrático, questionou: “Que democracia era essa em que só um tipo de pensamento prevalecia?”.

Por fim, ele valorizou o 31 de março, dando um “viva ao contragolpe de 1964, que livrou o Brasil do comunismo”.

Estradas - Na sequência, o deputado Doutor Jean Freire (PT) criticou a fala de Coronel Sandro. “Pensei que o deputado falaria em defesa de jornalistas, em sua maioria mulheres, mas não: ele elogia o agressor delas, Jair Bolsonaro”, disse. Também condenou o elogio do colega à ditadura militar.

Doutor Jean Freire usou a maior parte de sua fala, porém, para lamentar o descaso com as rodovias que passam pelos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri. “Há um descaso histórico com as estradas da nossa região e estamos cansados”, ressaltou, afirmando que percorre 750 km semanalmente para ir da Capital para sua terra natal, Itaobim (Vale do Jequitinhonha).

O parlamentar relatou que, na última semana, na vinda para Belo Horizonte, seu carro caiu em um buraco e ficou atolado, devido às péssimas condições da rodovia. “A gente tem que escolher em qual buraco vai cair”, ironizou. 

Doutor Jean Freire conclamou todos os deputados estaduais e federais que atuam nos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri para que se unam em prol de melhorias nas estradas da região.

Deputado critica telefonia móvel

Já o deputado Carlos Pimenta (PDT) criticou “os péssimos serviços de telefonia celular em Montes Claros e no Norte de Minas”. De acordo com ele, já se fala em 5G, mas a cidade ainda oferece o 3G. “E se sair de Montes Claros e for a um distrito ou cidade próximos, a raiva aumenta, pois você fica incomunicável”, afirmou. Ele solicitou à Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da ALMG que realize audiência sobre o tema.

Outro tema abordado pelo deputado foi o projeto “Portais de segurança”, que prevê câmaras para monitorar 24 horas por dia as estradas que cortam o município. Ele sugeriu que o Governo de Minas arque com o custo da iniciativa, de R$ 1,99 milhão, e informou que há um termo de ajustamento de conduta em que o governo se compromete a repassar recursos do DPVAT para saúde, educação e segurança.

Carnaval de BH - O deputado Virgílio Guimarães (PT), por sua vez, elogiou o Carnaval de Belo Horizonte: “Manifesto meu orgulho por termos realizado esta grande festa, com sucesso absoluto de público, mostrando que a Capital, mesmo tendo sofrido com intempéries graves, resiste”, disse. Ele cumprimentou a administração municipal, a população e as forças de segurança pelo bom andamento da festa.

Ao se referir à segurança, Virgílio Guimarães sugeriu ao governo que conceda um abono aos servidores, do setor, independentemente da sanção do projeto de reajuste. Mesmo porque isso pode não se consolidar, na opinião dele. O deputado registrou que, na tramitação da matéria, alertou para esse risco, pois os reajustes não poderiam ser aplicadas se excedessem os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal.