Durante visita da Comissão de Agropecuária, produtores de hortaliças apontaram prejuízos que podem superar os R$ 3,85 milhões
Má aparência de hortaliças dificulta sua venda
Agricultores de Mário Campos pedem ajuda após prejuízos com as chuvas

Chuvas causam prejuízo a horticultores de Mário Campos

Em visita a produtores locais, Comissão de Agropecuária e Agroindústria discute soluções para o problema.

20/02/2020 - 16:25

Como se não bastasse a tragédia em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), que contaminou as águas do Rio Paraopeba, utilizadas no plantio de hortaliças, os produtores rurais de Mário Campos (também na RMBH) agora sofrem com os efeitos do excesso de chuvas. O prejuízo é de ao menos R$ 3,85 milhões, consideradas apenas as tempestades de granizo de fevereiro deste ano.

Esse foi o quadro traçado por horticultores, que receberam a visita, nesta quinta-feira (20/02/20), da Comissão de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Participaram do encontro representantes da Prefeitura e da Câmara Municipal, além de técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e da Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg).

Solicitada pelo deputado Coronel Henrique (PSL), presidente da comissão, a visita teve o objetivo de ouvir os atingidos e verificar in loco os impactos.

Gilcemar Araújo, gerente do Departamento de Agricultura e Meio Ambiente de Mário Campos (cargo equivalente a secretário municipal), disse que todos os 240 hectares ocupados por hortas no município foram atingidos por granizo, sendo que em 5% da área esse tipo de chuva veio com maior intensidade.

PIB - Numa cidade com cerca de 13 mil habitantes, cerca de 900 famílias (aproximadamente um quarto da população) está envolvida com a agricultura, que responde por R$ 141,27 milhões do Produto Interno Bruto (PIB) local, o que representa 12% do total.

O secretário acrescentou que as hortaliças que conseguiram sobreviver sofrem com a incidência de fungos, o que dificulta sua venda no mercado, devido à má aparência. Para agravar o problema, disse, produtores de São Paulo e do Rio de Janeiro, com a falta dos produtos no mercado mineiro, estão trazendo verduras para Minas Gerais.

O prefeito de Mário Campos, Elson Santos Júnior, agradeceu a visita da comissão e relatou que, além das perdas na agricultura, o município sofreu com várias famílias que ficaram desabrigadas. “Não temos uma política habitacional em Mário Campos e nem recursos para apoiar essas pessoas”, lamentou, pedindo o apoio da ALMG e do governo para que a cidade volte a funcionar.

Comissão visita hortas atingidas

Após reunião na Prefeitura, o deputado e sua assessoria foram a campo, acompanhados de técnicos da Emater, para verificar os prejuízos em algumas propriedades.

O produtor Nagib da Costa Prado, que planta principalmente alface, mostarda, brócolis e milho, teve sua estufa danificada pelo granizo. Com isso, a maior parte de suas mudas de alface ficaram estragadas. Além disso, ele alegou que, como a chuva tem dado pouca trégua, está difícil até mesmo plantar, uma vez que o solo está todo encharcado. “A chuva estragou minha estufa e não sobrou nada para vender”, lamentou, informando que tomou um prejuízo de R$ 30 mil.

Reservatórios - A comissão também conheceu reservatórios que a Vale construiu na área rural para abastecer de água as propriedades, que a utilizam para irrigação das culturas. A ação foi uma medida mitigatória tomada pela mineradora para compensar os danos causados ao rio Paraopeba, com o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho.

O gerente da Prefeitura Gilcemar Araújo ponderou que, apesar dessa atitude, ficou para os consumidores a imagem de que as verduras e legumes de Mário Campos estariam contaminadas com resíduos das águas do Rio Paraopeba, o que é difícil reverter.

Outro produtor visitado, Marcelo de Souza Nunes, que planta principalmente alface, cebolinha e rúcula, reclamou da demora do trator da Prefeitura, o qual faz a preparação das terras para plantio. “Nós dependemos do trator da Prefeitura, mas ele não consegue atender todo mundo; é muita terra para arar”, constatou. Gilcemar Araújo reconheceu a dificuldade, completando que só há um trator disponível para cuidar de 240 hectares de terra no município.

Fundo - “Podemos pensar em instrumentos legais, talvez na forma de um fundo, para fazer frente a essas intempéries. Temos que garantir o bom funcionamento deste cinturão verde de Belo Horizonte”, disse o deputado Coronel Henrique, durante a visita. “Temos que mitigar o problema dos produtores, criando políticas públicas que tragam assistência técnica e tecnologia. Assim, a Assembleia se torna mais presente nos municípios”, concluiu o parlamentar.

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