Escola de Ibirité adota modelo cívico-militar
Comissão visita unidade no bairro Palmares, que busca melhorar estrutura escolar e melhorar seu desempenho.
20/12/2019 - 16:35Com sua adesão ao Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim), a Escola Estadual dos Palmares, situada em área de risco de Ibirité (Região Metropolitana de Belo Horizonte), pretende melhorar seus índices educacionais.
Entre outros problemas, a unidade enfrenta a escassez de recursos, que se traduz em alto índice de evasão escolar, falta computadores nas salas, a infraestrutura do prédio é deficiente e ainda há episódios de violência verbal e, eventualmente, física entre alunos.
Para conhecer de perto a escola, a Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) visitou a unidade, na manhã desta sexta-feira (20/12/19). Participaram do encontro a deputada Ione Pinheiro (DEM), que nasceu em Ibirité, e o deputado Coronel Henrique (PSL), entusiasta do Pecim.
Segundo o diretor da unidade, Eduardo Araújo, a instituição foi selecionada com base em diagnóstico do Governo do Estado, que aderiu ao programa federal. O Ministério da Educação (MEC) exige que a escola interessada preencha alguns requisitos: baixo rendimento no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), indicador que mede a qualidade das escolas públicas; oferta dos ensinos fundamental I e II e médio; e manifestação de interesse da comunidade escolar (no caso, a aprovação foi de 88%).
Ideb - Eduardo Araújo detalhou que, no último Ideb, divulgado em 2017, a escola ficou com nota 2,9, sendo 10 a nota máxima. A nota média das escolas de países em desenvolvimento fica na faixa de 6, conforme explicou o dirigente, que justificou o mau desempenho da unidade, entre outros fatores, pela alta taxa de evasão, principalmente no ensino médio. Ele informou que, normalmente, no início do ano, a instituição chega a ter 800 alunos e ao final do período, o número cai para perto de 700.
Eduardo também explicou que a escola aderiu ao Pecin no modelo 1, no qual o governo federal destina anualmente R$ 1 milhão para o pagamento de militares da reserva das Forças Armadas, que cuidarão da disciplina e da segurança no ambiente escolar. Eles também ministrarão um módulo específico de ensino, voltado para valores cívicos e morais.
De acordo com o diretor, cada militar ficaria encarregado da disciplina de 60 alunos, o que representaria um enorme ganho. Hoje, as responsáveis por essa atividade são as duas vice-diretoras, que se responsabilizam cada uma por cerca de 400 estudantes.
No modelo 2 do Pecin, o Governo do Estado teria como contrapartida melhorar a estrutura física da escola e oferecer uniformes no modelo de escola cívico-militar para todos os alunos.
Sala de informática tem poucos computadores
Acompanhados do diretor e outros funcionários e alunos da escola, de vereadores de Ibirité e de cidadãos do bairro, Ione Pinheiro e Coronel Henrique percorreram o prédio, conhecendo salas de aula, refeitório, secretaria e outras dependências.
Na sala de informática, foi mostrado que apenas 12 computadores são oferecidos para atender a turmas com mais de 30 alunos. A quadra poliesportiva, que ficou interditada porque o terreno acidentado cedeu e deixou rachaduras no piso, foi reformada e está funcionando novamente.
Material escolar - Integrante do colegiado escolar da unidade, Lúcia Helena Rosa disse que é ainda há muito o que ser feito, devido a dificuldades causadas pela falta de material escolar e pelas deficiências na estrutura do prédio.
Depois de conhecer a escola, em entrevista à TV Assembleia, a deputada Ione Pinheiro destacou que a adesão ao Pecin é um desafio para a unidade, que busca melhorar sua performance, e, ao mesmo tempo, uma oportunidade. “Quem vai ganhar com essa mudança são os alunos, o bairro Palmares (onde a escola está instalada) e Ibirité, que merecem esta honra”, reforçou.
Helena Antipoff - A deputada lembrou a luta histórica por uma educação de qualidade em Ibirité, impulsionada pela educadora russa Helena Antipoff, que criou uma escola na cidade em 1940. Também ressaltou a atuação de sua mãe, Irene Pinheiro, que dedicou toda sua vida à educação. "Todo esse trabalho fez com que nossa comunidade tenha acesso hoje a um instituto técnico federal, ao programa Brasil Profissionalizado, a uma faculdade da UEMG e, agora, a uma escola cívico-militar”, concluiu.
Presidente da Frente Parlamentar em Defesa das Escolas Cívico-Militares, o deputado Coronel Henrique manifestou sua alegria por Minas ter aderido ao Pecin e por Ibirité fazer parte do programa. Ele relatou que, no Estado, outras duas escolas também aderiram, uma em Belo Horizonte e outra em Barbacena (Região Central). “Agora, vamos iniciar um pacto com o MEC para buscar mais recursos e infraestrutura para esta escola”, afirmou.
Disciplina - O deputado ainda acrescentou que o modelo deu mostras de sua eficiência: “Os colégios do Exército e da Polícia estão no topo das avaliações”, pountuou. Segundo ele, chama a atenção a gestão da disciplina. “Elas buscam a integração com as famílias e o militar passa a ser uma referência para o aluno”, alegou. Outra vantagem desse modelo, para o deputado, seria o fato de que nele consegue-se uma maior concentração do aluno no comparativo com as escolas tradicionais, aproveitando-se melhor o tempo de aula.