População de Betim disse que com o fim das turmas, prefeitura não teria condições de absorver essa demanda

Fechamento de turmas em escola de Betim preocupa comissão

Em visita à Escola Simão da Cunha, deputada ouviu relatos sobre fim do 1º ano do fundamental e de curso técnico.

27/11/2019 - 22:28

O fechamento de turmas de entrada do ensino fundamental foi, novamente, a preocupação apresentada pela comunidade escolar em visita da Comissão de Educaçação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A comissão tem visitado várias instituições de ensino e a proibição, pelo governo estadual, comandado por Romeu Zema (Novo), de matrículas em turmas ora do 1º ano do Fundamental 1 ora do 6º ano do Fundamental 2 tem preocupado a presidenta, deputada Beatriz Cerqueira (PT).

Nesta quarta-feira (27/11/19), a instituição visitada foi a Escola Estadual Deputado Simão da Cunha, em Betim (Região Metropolitana de Belo Horizonte). Um grande número de alunos e professores recepcionaram a deputada Beatriz Cerqueira e apresentaram suas demandas em favor da manutenção de todas as turmas da escola. Lá, além do 1º ano do ensino fundamental que não está previsto para 2020, o ensino técnico já foi encerrado. As duas últimas turmas se formaram em agosto deste ano e não há previsão de novas turmas.

No caso das turmas do ensino fundamental que não serão renovadas, Beatriz Cerqueira ressaltou que o mesmo tem se repetido em várias escolas. Segundo ela, essa é a estratégia que o governo estadual tem usado para se desobrigar, aos poucos, de oferecer esse período de ensino, que deverá ser assumido pelos municípios.

Os moradores da região presentes no encontro, porém, foram unânimes em dizer que a prefeitura de Betim não tem condições de absorver essa demanda.

A incapacidade de absorção dessas crianças já foi, segundo a diretora da Escola Simão da Cunha, Roberta Barbosa, explicitado por representantes da Secretaria Municipal de Educação.

Ela afirmou, ainda, que até o ano anterior, o planejamento da oferta era feito a partir de planejamento conjunto com a participaçao de membros da comunidade escolar e que, este ano, foi uma decisão tomada pelo governo sem a consulta à escola. Ela já teria solicitado a reconsideração sobre o fechamento da turma do ensino fundamental, mas não recebeu resposta.

Comunidade também pede manutenção do ensino profissionalizante 

O fim do ensino técnico também uniu os presentes, que querem o retorno do curso. A vice-diretora da escola, Ariane Figueiredo, afirmou que a comunidade onde a instituição está inserida é vulnerável e que o curso é fundamental para aumentar as chances de os jovens conseguirem oportunidades no mercado de trabalho.

Segundo os presentes, a escola mais próxima com oferta de ensino profissionalizante exige o deslocamento por dois ônibus em cada trecho, ou seja, quatro para ir e voltar.

Diante da situação econômica da poulação local, seria inviável, na opinião de pais, alunos e professores presentes, desembolsar o valor necessário para tais viagens. Uma das alunas da escola, Marta Oliveira, que cursa o EJA (Educação para Jovens e Adultos), relatou que sua filha acaba de formar no ensino médio, também na Escola Simão da Cunha, e que desejava continuar a formação, mas teve seus planos interrompidos. Muitos relatos emocionados em defesa da escola marcaram a reunião.

Foram entregues à deputada Beatriz Cerqueira um abaixo-assinado da comunidade pedindo o retorno da educação profissionalizante, e muitas cartas de crianças que estudam na escola relatando a importância daquele espaço em suas vidas. A parlmentar se posicionou favoravelmente às demandas e disse que, mesmo antes da visita, já havia aprovado na Comissão de Educação requerimentos solicitando a manutenção das turmas.

Esses documentos, segundo ela, já foram entregues pessoalmente à Secretária de Educação, Júlia Sant'Ana. Beatriz Cerqueira se comprometeu a pressionar por respostas.