Homenagem a ex-ministra é ampliada para professoras negras
Nilma Lino Gomes esteve à frente do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos.
26/11/2019 - 19:40A homenagem a uma ex-ministra, professora e negra, realizada nesta terça-feira (26/11/19) pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), se desdobrou em uma reverência coletiva às trajetórias diversas e semelhantes de outras nove mulheres, convidadas pela Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia.
A primeira homenageada foi a pedagoga Nilma Lino Gomes, que comandou a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, em 2015, e o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos, entre 2015 e 2016, no governo da então presidenta Dilma Rousseff.
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De acordo com a deputada Beatriz Cerqueira (PT), autora do requerimento para entrega do voto de congratulações à ex-ministra, a homenagem reconhece o trabalho da pedagoga em pesquisas nas áreas de educação e diversidade étnico-racial, assim como seu desempenho em funções públicas.
Partiu também da presidenta da Comissão de Educação a iniciativa de estender a homenagem a outras nove professoras negras da rede pública, para uma conversa sobre suas trajetórias, histórias de família, enfrentamento ao preconceito, à pobreza e à violência. “Além da resistência, é preciso celebrar. São as celebrações que acalentam nossa alma para continuar resistindo”, explicou Beatriz Cerqueira.
Ao agradecer a homenagem, a própria Nilma Lino Gomes ressaltou que o coletivo teve um papel de destaque na construção de sua identidade. “Eu pertenço a um coletivo. Aprendi isso na luta antirracista”, disse. A ex-ministra acrescentou que a solidariedade é o caminho da vitória. “Quando eu me vejo hoje, mulher, professora, é a mesma menina negra que aprendeu a ler e escrever com a mãe, que cresceu sabendo que não é fácil, mas que juntas a gente consegue”, declarou.
Deputadas negras – A pedagoga também destacou a importância de se criarem oportunidades para que as mulheres negras discutam sua realidade. “Precisamos de espaços de fala, para que possamos falar o que é a dor do preconceito racial”, afirmou Nilma Lino Gomes. A homenageada também saudou a presença das deputadas Leninha (PT) e Andréia de Jesus (Psol), lembrando ser esta a primeira legislatura em que mulheres negras exercem mandato na ALMG.
As deputadas Leninha e Andréia de Jesus disseram compartilhar experiência e lutas com as convidadas. “Eu sei muito bem de onde eu vim e com quem eu devo lutar”, afirmou Leninha. Já Andréia de Jesus lembrou o fato de ter sido cotista no ensino universitário e ressaltou a importância de se preservarem políticas públicas como a das cotas. “Temos desigualdades no Brasil que são sustentadas pelo racismo”, disse.
Além de Nilma Lino Gomes, também foram homenageadas na reunião desta terça a coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), Denise Romano, e a coordenadora do Fórum Estadual Permanente da Educação, a professora universitária Analise de Jesus da Silva.
Outras homenageadas foram as professoras Maria Mirtes de Paula, Marlene Bento, Maria Catarina Laboré Domingues Vale, Patrícia Pereira, Gilsa Maria dos Santos, Elisângela Aparecida Santos e Érika da Silva Cruz, representando diversas regiões do Estado.
A cada homenagem, mais de uma vez houve referência à importância de se combater a invisibilidade que se tenta impor às mulheres negras. Elisângela Aparecida Santos, professora em Ipatinga (Vale do Aço), disse lutar para combater essa invisibilidade que marcou sua infância e sua juventude. Uma invisibilidade que muitas vezes se mantém em espaços públicos, como a Assembleia de Minas. “Bia, gratidão por nos fazer sentir em casa, nesse espaço que antes não era nosso”, agradeceu Elisângela, dirigindo-se à deputada Beatriz Cerqueira.